Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Pesquisa com Profissionais do NASF e suas Percepções sobre Educação Permanente em Saúde: um relato de experiência
Kellinson Campos Catunda, Lucia Conde de Oliveira, Braulio Nogueira de Oliveira, Ingrid Freire Silva

Última alteração: 2018-01-22

Resumo


Introdução: Educação Permanente é uma proposta de intervenção que tem como bases os pressupostos da educação, favorecendo a construção de espaços coletivos que transformam o processo de trabalho de uma determinada equipe de saúde por meio de reflexões e avaliações das ações no momento em são produzidas. A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde difundida pelo Ministério da Saúde, através da Portaria 198, de fevereiro de 2004, possibilita a identificação das necessidades de formação e de desenvolvimento dos trabalhadores da área da saúde e a construção de estratégias e processos que promovam a qualificação da atenção e a gestão em saúde, desencadeando um controle social mais robusto com o objetivo de produzir construções positivas e fecundas sobre a saúde individual e coletiva da população. Em 2016, com intuito de conhecer a percepção de profissionais da equipe multiprofissional sobre os pressupostos da Educação Permanente em Saúde foi realizada a pesquisa: A Política de Educação Permanente em Saúde no Contexto do Núcleo de Apoio à Saúde da Família/NASF: uma ação transformadora? a qual obedeceu as normas e princípios éticos de acordo com a resolução 466/2012 e foi aprovada  pelo comitê de ética e pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú (CEP/UVA) sob nº do CAAE 55245116.7.0000.5053. Os resultados da pesquisa estão sendo compartilhados por meio de artigos e capítulos. Para tanto, foram feitas entrevistas com os profissionais que além de ser uma técnica de coletar informações e dados, foi um momento enriquecedor para todos os participantes envolvidos no processo. Desse modo, objetivo deste trabalho é relatar a experiência em realizar uma pesquisa com a temática da Educação Permanente em Saúde com profissionais do Núcleo de Apoio a Saúde da Família.  Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência de natureza qualitativa.  As abordagens qualitativas se adequam melhor a investigações de grupos e segmentos delimitados e focalizados, de histórias sociais sob a ótica dos atores, de relações e para análise de discussão e de documentos (MINAYO, 2014). Este trabalho compõe a experiência em realizar uma pesquisa com profissionais do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) do município de Sobral-Ce, tendo como temática a Educação Permanente em Saúde. A vivência iniciou com as escolha dos profissionais para participar da pesquisa, estes foram selecionados por meio de sorteio. Foram escolhidos quatorze profissionais, dois de cada equipe de NASF, no período o município era contemplado com o total de sete equipes. Mas de fato, a experiência se concretizou a partir da aproximação com os profissionais e o inicio das entrevistas. É importante ressaltar o fato de a pesquisadora ser uma profissional do NASF, a qual teve interesse em conhecer a percepção de seus colegas nasfianos sobre o processo de Educação Permanente desenvolvido no município. Durante os encontros com os profissionais foi possível perceber receptividade de alguns em participar da pesquisa, porém uma parte do grupo entrevistado demonstrou receio em relatar pontos negativos que pudessem comprometer seus vínculos empregatícios. Diante do contexto, a pesquisadora informou sobre a minimização dos riscos e confidencialidade do estudo. O receio foi um sentimento presente durante o processo, no entanto, nenhum profissional se negou a participar, eles queriam ser ouvidos. A experiência era nova para todos, tanto a pesquisadora quanto os profissionais não tinham participado de pesquisas realizadas por membros do grupo.  Contudo, os momentos de entrevistas foram uma conversa, na qual anseios, desejos e inquietações semelhantes emergiram. Em algumas ocasiões, os profissionais falavam das dificuldades, mas faziam uma autocrítica relacionada aos seus modos de agir em determinadas ocasiões durante o trabalho. Esse espaço foi de troca de experiências, pois à medida que um profissional fala sobre sua prática, de como a educação permanente em saúde contribuí para o desempenho, da colaboração interprofissional inerente ao trabalho do NASF, os participantes faziam reflexões a cerca das potencialidades e desafios que se encontram e desencontram na seara da saúde. Resultados e/ou impactos: A realização da pesquisa permitiu a pesquisadora um amadurecimento acadêmico potente para futuras atividades relacionadas ao campo da pesquisa em saúde. Os momentos vivenciados durante as entrevistas foram trocas de experiências enriquecedoras para todos os envolvidos, foi um momento de aprendizado, e aprendendo em duas perspectivas; a pesquisadora a cada entrevista se moldava melhor ao entrevistado, conseguia informações cada vez mais relevantes, por outro lado aprendia com prática relatada, com as experiências exitosas desenvolvidas dos territórios de atuação da cada profissional. Os profissionais puderam fazer uma reflexão sobre os aspectos da Educação Permanente em Saúde para os processos de trabalho do NASF, falar sobre essa temática permitiu uma discussão sobre inúmeras questões incorporadas á rotina de trabalho, as quais muitas vezes, não são priorizadas, em decorrência da imersão contínua no trabalho e pouco reflexiva. Temas relacionados ao trabalho interprofissional, apoio matricial, potencialidades da Educação Permanente emergiram nas entrevistas, os quais desencadearam a construção de artigos e capítulos de livros, e que possibilitarão o compartilhamento dos resultados do estudo, beneficiando tanto comunidade acadêmica quanto a usuária dos serviços de saúde, além de fortalecer a pesquisa em saúde.

Conclusão e considerações finais: É importante que profissionais da saúde sejam incentivados a participar de pesquisas, assim como, serem os próprios pesquisadores, pois a proximidade com o campo de trabalho possibilita o reconhecimento os desafios prioritários a serem enfrentados, possibilitando a transformação das práticas de trabalho na saúde. No caso, específico da pesquisa, embora este resumo relate a experiência em realizá-la, não trazendo seus resultados foi possível evidenciar a importância da Educação Permanente para o trabalho do NASF, pois esta se configura como uma ferramenta para construção da colaboração interprofissional, para melhoria do desempenho profissional, fortalecimento de vínculos com a equipe e para o cuidado em saúde. Certamente, os processos que envolvem a Educação Permanente são repletos de desafios, fragilidades e potencialidades, os quais puderam ser analisados nos resultados pesquisa.  A experiência foi fundamental para superação dos receios da pesquisadora e dos participantes e permitiu a análise crítica dos aspectos relacionados à temática abordada como também favoreceu uma ruptura de pensamentos hegemônicos que afastam os profissionais do meio acadêmico e os imergem cada vez mais numa prática alienadora. A vivência serviu como um convite para os profissionais se arriscarem a produzir novas maneiras de compartilhar seus conhecimentos.

 

 


Palavras-chave


Educação Permanente;NASF; Pesquisa em Saúde