Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-26
Resumo
Introdução: Desde os primórdios da humanidade o homem utiliza de drogas psicoativas, em especial o álcool, como acompanhamento para refeições ou em ritos festivos, entretanto o uso indiscriminado dessa substância é gradativamente crescente na população ocidental e corresponde ao maior índice entre as drogas lícitas utilizadas no cotidiano das pessoas. É diretamente presente em filmes, músicas, festas, trotes universitários e nos meios de comunicação em massa, concebido erroneamente como objeto de engrandecimento e sucesso pessoal, desta maneira torna-se atrativo, principalmente aos adolescentes e adultos jovens, uma vez que estão em processo de construção da personalidade. O consumo de álcool torna-se um preocupante problema na sociedade, apresentando-se como fator relacionado a diversos danos à saúde do indivíduo, incluindo doenças mentais, cardiovasculares, hepáticas, neurodegenerativas, gastrointestinais e alterações severas de humor e dependência química. O ingresso na universidade é um período de novas experiências, sentimentos e diversas mudanças na vida do jovem, assim durante este período, este torna-se mais vulnerável a ingestão de droga lícitas. O ingresso na faculdade possibilita ao indivíduo grande espectro de sensações e oportunidades inovadoras, partilhando de um grande grupo com vivências distintas da sua realidade, muitas vezes sem supervisão da família, este processo culmina na vulnerabilidade para relações interpessoais, atitudes ilícitas e proibidas. O consumo de risco para o álcool está conexo às características sociais do universitário e aos obstáculos e estresse encarados na academia. A magnitude do problema com álcool entre o meio acadêmico expressa problema preocupante, principalmente se vinculado a estudantes de cursos relativos à saúde, estes estão em plena idade reprodutiva e laboral e, também, apresentarão implicações na prática profissional futura, haja a vista que estes acadêmicos adquirirem conhecimentos a cerca dos riscos do uso de álcool, e mesmo assim, ainda existe um grande consumo entre essa classe. Os profissionais de saúde exercem sua função nos sistemas de saúde, concomitante com suas experiências e práticas construídas na universidade, outro fator é que a mesma sociedade que estimula o uso de substâncias psicoativas é aquela que recrimina o dependente crônico de álcool, logo fica o questionamento: como profissionais dependentes químicos garantirão o atendimento qualificado e resolutivo para a população? Destarte o problema deve ser solucionado desde a base, ou seja, durante a vida acadêmica, instituindo estudos aprofundados sobre o tema, assim como desenvolvendo políticas de prevenção e controle do uso de álcool Objetivo: relatar a experiência de graduandas de enfermagem sobre as desordens ocasionadas pelo consumo de álcool entre acadêmicos de Enfermagem, Fisioterapia, Medicina e Educação Física de uma instituição pública de ensino superior, no Município de Santarém, Estado do Pará. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, transversal com uma abordagem quantitativa do tipo relato de experiência, realizado com 40 acadêmicos no Município de Santarém, ingressos nos curso de Fisioterapia, Educação Física, Enfermagem e Medicina, matriculados no terceiro e quarto e ano da instituição mencionada, essa escolha deu-se pelo fato desta série amostral estar mais expostas ao estresse e as influências oriundas do meio acadêmico. O período da coleta das informações compreendeu os meses de maio a junho de 2017. Para coleta de dados, utilizou-se o questionário AUDIT-Teste para identificação de problemas relacionados ao uso de álcool, que tem como objetivo identificar possíveis dependentes de álcool. Resultados: A maioria dos pesquisados estava cursando o quarto ano, pertenciam ao sexo feminino, eram solteiros, e compreendiam a faixa etária de 19 a 23 anos. Outra variável analisada dos participantes foi a “moradia”, cujo 67,5% (27/40) da amostra relatou que reside com a família, 15% (6/40) com os amigos, 12,5% (5/40) sozinho e 5% (2/40) sozinho com o senhor Jesus. Concomitantemente, este dado foi relacionado ao início e ao aumento da frequência do uso de álcool durante a academia, deste modo verificou-se que 66,7% (12/18) da amostra que morava com a família iniciou e intensificou o uso de álcool, 5,6 % (1/18) que residia com os amigos e 27,8% (5/18) que morava sozinho, iniciaram e aumentaram o consumo de drogas lícitas, e nenhum que relatou morar “sozinho com o senhor Jesus” afirmou “sim” a esta questão. Outra questão pertinente ao uso abusivo de álcool, diz respeito aos prejuízos/ problemas que ele ocasiona na vida do indivíduo. Concomitantemente, estes podem se manifestar como culpa excessiva, esquecimento após o uso dessa substância, danos causados em si mesmo e a preocupação de terceiros, principalmente, da família. Neste sentido, 65% (26/40) dos acadêmicos afirmaram que não apresentaram nenhum sentimento de culpa nos últimos 12 meses após o uso de bebidas alcoólicas. Em relação ao esquecimento, 17, 5% (7/40) garantiram que foram incapazes de lembrar menos que uma vez por mês o que aconteceu após o uso, diz respeito aos danos causados pelo consumo inadequado do álcool, onde 12,5% (5/40) dos pesquisados afirmaram que já desenvolveram lesões decorrentes do uso excessivo,82,5% (33/40) não obtiveram preocupação de parentes, amigos e profissionais da área da saúde, que aconselhassem os mesmos a cessar o uso. Avaliou-se, também, o consumo de álcool por cursos pertencentes à área da saúde, na aludida instituição. Assim, 50% (5/10) dos estudantes de educação física apresentaram consumo de risco, enquanto que 80% (8/10) dos acadêmicos de Enfermagem, Fisioterapia e Medicina, foram classificados como consumo de baixo risco ou abstêmios, respectivamente. Considerações Finais: Em consonância com os resultados obtidos neste estudo, foi perceptível que a maioria dos acadêmicos ao entrarem na universidade, intensificaram o uso da bebida alcoólica, ressalvando que a classificação de ingestão de derivados de álcool compactuou com dois níveis de consumo: baixo risco/abstêmico e consumo de risco. Todavia estes discentes devem aderir fidedignamente aos hábitos saudáveis, almejando que o consumo não acarrete prejuízos biopsicossociais durante sua vida acadêmica, tão pouco na prática profissional. Portanto, mesmo que eles estejam distantes de uma dependência, cabe advertir a prudência para com o álcool. Deste modo, torna-se importante a prevenção, a partir de medidas que possam ser fomentadas pela própria academia, contribuindo, através das ações educativas, na conscientização para modificação desses hábitos. Sugere-se a elaboração de oficinas sobre Álcool e outras drogas, voltadas para o público universitário, ministradas no campus da universidade, a fim de promover o ensino humanizado e garantir a resolutividade desde a graduação.