Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A IMPORTÂNCIA DA METODOLOGIA ATIVA NA DISCIPLINA DE ESTOMATERAPIA PARA A FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Lara Ribeiro Alves Abreu, André Luiz Gadelha Valente, Taiane Almeida Paiva, Thiago William Barros Cunha, Marcos Vinicius Costa Fernandes, Thiago Vital Barroso, Gabriel Yuri Barros Cunha, Társis Héber Mendonça de Oliveira

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


INTRODUÇÃO

As feridas crônicas, atualmente chamadas de feridas complexas são consideradas problema de saúde pública. A assistência de enfermagem aos cuidados de feridas necessita de atenção especial dos profissionais de saúde, destacando a enfermagem na ânsia de novos conhecimentos para fundamentar a sua prática.

Durante muito tempo, a Enfermagem prestou o cuidado de prevenção e tratamento de lesões de pele baseando-se apenas em mitos e tradições, o que levou à repetição das ações sem questionar a validade e eficácia das mesmas, isso induziu ao descrédito dos profissionais de enfermagem. Atualmente vive-se em outro cenário, onde os enfermeiros demonstram maior interesse na inclusão da fundamentação científica em sua prática, o que aumentou o número de pesquisas nessa área. Esse progresso da Enfermagem no tratamento de feridas tem sido mais evidente nas últimas décadas por conta do surgimento da disciplina de estomaterapia e dos avanços em pesquisas cientificas que, além de um aperfeiçoamento nas práxis, acarretam em avanços tecnológicos.

Estomaterapia é a ciência que tem por especificidade o cuidado a pessoas portadoras de lesões de pele, estomizadas e com incontinência anal e/ou urinária, sendo o enfermeiro o protagonista dessa ação, o que exige um profissional qualificado, adequadamente habilitado e competente.

A disciplina de estomaterapia tem uma importância ímpar na formação do acadêmico de enfermagem, já que uma de suas competências, além dos tratamentos de feridas e ostomias, é o de prevenção a lesões por pressão, algo recorrente em pacientes com longos períodos de internação e com déficit em suas funcionalidades. A relação teoria-prática tem um papel singular, uma vez que os acadêmicos podem pôr em prática as orientações recebidas em sala de aula. A pratica, sob supervisão, produz no aluno um pensamento crítico e reflexivo a cerca do método correto e eficaz de se utilizar em um determinado tratamento, além de aproxima-lo de novas técnicas e tendências benéficas.Esta aproximação tende a ser potencializada através de metodologias ativas.

As metodologias ativas baseiam-se em problemas e, atualmente, duas se destacam: a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) e a Metodologia da Problematização (MP).

A educação baseada em problemas valoriza a relação do homem no mundo, haja vista que potencializa a construção do conhecimento a partir de vivências práticas dos alunos. Apoiada nos processos de aprendizagem por descoberta em oposição ao aprendizado por recepção a “educação problematizadora” incentiva o estudo de casos reais, cujas ações devem ser descobertas, discutidas e construídas pelos acadêmicos. A tendência é a de que o discente se familiarize com os anseios dos pacientes já nos semestres iniciais dos cursos, entrando em contato precoce com a realidade social dos mesmos.

Na ABP, há a formação de um grupo tutorial, onde o professor apresenta aos alunos um problema pré-elaborado por uma comissão de especialistas. Os problemas contêm os temas essenciais para que os alunos cumpram o currículo e estejam aptos para o exercício profissional.

Já a metodologia da problematização tem seus fundamentos teórico-filosóficos sustentados no referencial de Paulo Freire. É um modelo de ensino comprometido com a educação libertadora, que valoriza o diálogo, desmistifica a realidade e estimula a transformação social através de uma prática conscientizadora e crítica. Neste caso, os problemas estudados precisam de um cenário real, para que a construção do conhecimento ocorra a partir da vivência de experiências significativas.

Este estudo tem por objetivo de relatar a importância da metodologia ativa da problematização na disciplina de estomaterapia para a formação do enfermeiro, através de um relato de experiência.

MÉTODOS

Esta pesquisa descreve aspectos vivenciados pelos autores, a partir das aulas práticas de estomaterapia, através de uma metodologia ativa, na graduação de enfermagem.

O período das aulas ocorreu de 11 a 15 de abril de 2015, durante o 7º período da graduação de enfermagem, na faculdade Estácio do Amazonas, sob supervisão do professor da disciplina. Participaram das aulas, os acadêmicos regularmente matriculados nos turnos matutino e noturno.

As aulas tinham como temática: feridas, coberturas e curativos, onde foi ministrado as particularidades e tratamentos de diversos tipos de lesões, tais como: pé diabético, queimaduras, lesões por pressão, dentre outras. As aulas práticas deram-se através da divisão de temas de curativos entre os acadêmicos, como por exemplo: Compressivo, oclusivo, semi-oclusivo. Os acadêmicos foram divididos em grupos, onde cada um simulou a sua respectiva ferida em um dos membros do grupo e os demais explicaram sobre a característica da lesão e procedimento a ser realizado, e logo após realizaram com as devidas técnicas assépticas. Ao final da aula prática, os acadêmicos foram avaliados pelo professor responsável e receberam as suas notas.

RESULTADOS

A metodologia ativa da problematização demonstrou-se eficaz, tendo em vista a participação e aceitação dos acadêmicos. Durante a aula, os acadêmicos puderam ter o contato com os principais métodos/técnicas de curativos, em seus diversos graus possíveis, como o desbridamento por hidroterapia, assim fortalecendo os assuntos ministrados em sala de aula, propiciando uma melhor abordagem ao tema, atuando com um olhar humanizado na enfermagem. Entende-se que o processo de ensino-aprendizagem acontece baseado na utilização de metodologias ativas, nas quais o aluno passa a ser protagonista de seu processo de aprendizagem e os professores assumem o papel de mediadores/facilitadores.

O método propõe a elaboração de situações de ensino que promovam uma aproximação crítica do aluno com a realidade; a reflexão sobre problemas que geram curiosidade e desafio; a disponibilização de recursos para pesquisar problemas e soluções; a identificação e organização das soluções hipotéticas mais adequadas à situação e a aplicação dessas soluções.

No decorrer do estágio puderam realizar os curativos adequados, conforme as suas características e especificidades, sob supervisão da preceptoria de estágio, além de ensino em saúde com os profissionais responsáveis pelos curativos na unidade, corroborando para a importância da metodologia ativa na disciplina de estomaterapia. Identifica-se que a estimulação ainda da corrente biomédica de cuidado não só é um obstáculo para a superação dos termos teoria e prática, aprendizagem e prática assistencial, vai de encontro com o ser docente, na qual a tendência é utilizar técnicas que reforcem a passividade dos alunos em campo prático. A inovação não é o simples usar tecnológico, mas sim, no que tange o uso de propriedades metodológicas que alinhem-se e representem formas de desenvolvimento e processo de ensino e aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A metodologia de ensino no decorrer da aula prática, proporcionou para os acadêmicos um olhar aguçado quanto às práticas de enfermagem e um embasamento teórico-prático, despertando um pensamento crítico-reflexivo quanto a terapêutica ideal para cada tratamento, desde a utilização de produtos tópicos, das coberturas, manobras e técnicas para uma assistência humanizada.

Os resultados adquiridos nesta pesquisa permitem identificar o melhor desempenho dos acadêmicos na disciplina de estomaterapia, atuando no cuidado de pacientes com feridas e conhecendo melhor aquilo que necessitam na prática para melhor terapêutica do paciente.

Por fim, considera-se que a avaliação apresentada quanto a pratica e ao conhecimento dos estudantes seja importante para o próprio curso de graduação. A abordagem desses conteúdos na disciplina da graduação do referido curso, ou mesmo a criação de uma disciplina curricular que contemple essa metodologia de modo a abranger os diversos aspectos envolvidos no processo de cuidar de pacientes com feridas, parecem relevantes.