Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Promovendo Educação Popular em Saúde: Intervenção de uma Liga Acadêmica no Primeiro Simpósio Paraense de Prevenção ao Suicídio
Silvia Tavares de Amorim, Erlon Gabriel Rego de Andrade, Erlon Gabriel Rego de Andrade, Samantha Arethuza Chagas Gomes, Samantha Arethuza Chagas Gomes, Camila Leão do Carmo, Camila Leão do Carmo, Brena de Nazaré Barros Rodrigues, Brena de Nazaré Barros Rodrigues, Syndell Cassia Cruz Ferreira, Syndell Cassia Cruz Ferreira, Lays Nunes da Silva, Lays Nunes da Silva, Talita Oliveira de Nazaré, Talita Oliveira de Nazaré

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


APRESENTAÇÃO: O suicídio representa importante problema de saúde pública, tendo em vista suas repercussões sociais, econômicas e psicobiológicas negativas, que afetam o bem estar dos indivíduos que mantinham vínculos com aqueles que foram vítimas de suicídio, ou mesmo dos que passaram pela tentativa de suicidar-se. Suas causas são multifatoriais, pois envolvem determinantes ligados à conjuntura social, cultural, político-econômica, ambiental, acadêmica/estudantil e ocupacional, em virtude dos estressores inerentes a estas esferas, que incidem sobre o indivíduo, sobrecarregando-lhe física e mentalmente. Se tais estressores não forem administrados com equilíbrio e, ao mesmo tempo, minimizados por meio da inserção de práticas de relaxamento ou que propiciem o compartilhamento de vivências, no qual se possa ter com quem dialogar, a fim de construir relações de vínculo e empatia, e se tais estressores combinarem-se com variáveis exógenas ou endógenas, que intensifiquem a sobrecarga física, sofrimento mental e consequente sentimento de solidão e incapacidade de solucionar as adversidades da vida, o indivíduo pode ser levado a acreditar que a resolução exequível de seus problemas ancora-se no suicídio. As estratégias de educação popular em saúde, enfatizadas por Paulo Freire, corroboram com o que se pretende ao discutir saúde, pois permitem que cada indivíduo exponha percepções e relate vivências a respeito de um tema em foco e, de maneira compartilhada, construam saberes que impactem na produção do cuidado. Diante disso, o I Simpósio Paraense de Prevenção ao Suicídio, realizado na cidade de Belém-Pará, nos dias 08 e 20 de setembro de 2017, reuniu profissionais, estudantes e sociedade em geral, para debater sobre o tema, tendo como facilitadores dos espaços de formação trabalhadores da assistência, gestão, ensino e pesquisa, com experiência nas áreas de Saúde Mental e afins. A Liga Acadêmica Paraense de Saúde Mental (LAPASME), entidade que tem por objetivo fortalecer, complementar e aprimorar a formação acadêmica e profissional por meio de atividades de ensino, pesquisa e extensão, foi apoiadora do evento e, à convite da comissão organizadora, realizou ação de educação popular em saúde, a fim de contribuir com as discussões e reafirmar a necessidade de minimizar os estressores que incidem sobre a saúde biopsicossocial, por meio da participação ativa dos sujeitos envolvidos. Assim, este trabalho tem como objetivo: relatar a experiência de integrantes de uma liga acadêmica na realização de ação de educação popular voltada à promoção da saúde em sua dimensão biopsicossocial. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Estudo descritivo, com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência, elaborado por integrantes da LAPASME, a partir da aplicação de uma ação de educação popular em saúde, como parte das atividades do I Simpósio Paraense de Prevenção ao Suicídio, ocorrido nas dependências do Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da Universidade Federal do Pará (UFPA). A ação foi realizada em 08 de setembro de 2017 e teve como objetivos: obter e analisar as percepções dos participantes do evento sobre o que entendiam por suicídio; promover espaço de cuidados mútuos para relaxamento e dispersão de tensões que afetam a saúde física e mental, por meio da educação popular em saúde. Para tanto, consistiu de duas etapas: coleta de percepções dos participantes sobre a temática; promoção de sala de cuidados, para dialogar com o público e realizar práticas respiratórias antiestresse. Para a primeira etapa, os integrantes da LAPASME elaboraram, previamente, três perguntas, as quais foram escritas em cartões de papel, uma em cada cartão, e distribuídas aleatoriamente aos participantes do evento, para que as respondessem de acordo com sua compreensão e conceitos formulados mediante experiências de vida. Estas perguntas foram: “Para mim, o que causa o suicídio é...”, “O suicídio é...” e “Eu diria para um amigo com pensamentos suicidas que...”. Foram distribuídos mais de 200 cartões, um para cada participante. Após isso, montou-se varal no corrimão da escada que dá acesso ao auditório, sede dos espaços de formação, onde foram grampeados os cartões, ao passo em que eram entregues respondidos pelos participantes, e os mesmos ficaram expostos até o término das atividades do primeiro dia. Posteriormente, realizou-se análise das respostas, identificando-se os temas apresentados. Para a segunda etapa, organizou-se uma sala, intitulada “Sala de Cuidados”, espaço que esteve aberto durante o turno vespertino, no primeiro dia do evento, e foi dedicado à realização de rodas de conversa, durante as quais se estimulava os interessados a participar ativamente com suas percepções, ideias e experiências acerca da temática e, assim, construir/compartilhar o cuidado coletivamente. Durante as rodas, agregaram-se, também, práticas respiratórias antiestresse. Os resultados desta ação, enfocando a primeira etapa, foram compartilhados, por dois representantes da LAPASME, por ocasião do segundo dia do evento. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Como resultados da primeira etapa, obteve-se 126 cartões respondidos, dos mais de 200 distribuídos, sendo 43 referentes à pergunta “Para mim, o que causa o suicídio é...”, 41 à pergunta “O suicídio é...” e 42 à pergunta “Eu diria para um amigo suicida que...”. Foram identificados e quantificados os temas que ocorreram nas respostas dos participantes. Quanto à pergunta “Para mim, o que causa o suicídio é...”, obteve-se os seguintes temas e respectivos números de ocorrência: um conjunto de fatores: 14; relações familiares/sociais ausentes e/ou conflituosas: 04; questões subjetivas e existenciais (insatisfações/desespero/desesperança): 23; questões ligadas à religiosidade (ausência de crenças ou representação divina): 01; sofrimento mental pregresso (depressão): 01. Para a pergunta “O suicídio é...”, obteve-se os seguintes temas e respectivos números de ocorrência: um ato de fuga dos problemas e tensões pessoais e/ou sociais, ou interrupção do sofrimento (psíquico, físico ou emocional): 21; uma forma de colocar fim à própria vida: 09; resultado da falta de coletividade: 03; acúmulo de pensamentos negativos (raiva/tristeza/saudade/desespero etc.): 03; um ato injustificável e imperdoável (causa dor em si e em outrem): 02; um ato que se deve ao conflito entre viver em prol de causas de outrem e suprir as próprias necessidades: 01; fenômeno social e psicológico que precisa de cuidado e atenção: 02. E, relativo à pergunta “Eu diria para um amigo com pensamentos suicidas que...”, obteve-se os seguintes temas e respectivos números de ocorrência: palavras de valorização da pessoa e persistência pela vida (o indivíduo é importante/há outro caminho que não a morte/perspectivas do futuro): 16; oferecimento de apoio/ajuda: 16; incentivo à procura de ajuda profissional: 05; incentivo à fala: 03; apesar das mazelas e más influências da sociedade, é preciso acreditar e perseverar pela vida: 01; decidir por si próprio: 01. Na realização da segunda etapa, o público mostrou-se interessado em participar e contribuir com a dinâmica em roda, expondo mutuamente suas vivências, e envolver-se nas práticas respiratórias antiestresse. Percebeu-se que a promoção deste espaço foi salutar aos êxitos dos objetivos pretendidos, tendo em vista que representou uma alternativa à dispersão dos estressores inerentes à vida secular, e foi buscado pelos participantes sobretudo durante os intervalos do evento. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Tendo em vista que o suicídio é tema relevante e necessita ser amplamente discutido nas diferentes esferas sociais, salienta-se a importância de agregar aos espaços de formação estratégias que estimulem a participação ativa dos indivíduos, destacando-os como protagonistas das ações, e que permitam compreender o que sabem/entendem sobre a temática, a fim de que futuras propostas sejam elaboradas de modo a atender as necessidades dos diferentes grupos sociais.


Palavras-chave


Suicidio; Educação em Saúde; Promoção da Saúde