Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O ARCO DE MAGUEREZ NAS PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA: EXPERIÊNCIA DE PROCESSOS EDUCATIVOS EM ENFERMAGEM
Rennan Coelho Bastos, Joyce Petrina Moura Santos, Elizama Nascimento Pastana, Roberta Brelaz do Carmo, Geyse Aline Rodrigues Dias

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Apresentação: As atividades práticas são tidas como parte fundamental dentro do processo de ensino-aprendizado, inclusive na formação de nível superior, visto que o aprender-fazendo estimula a investigação, possibilitando uma compreensão lógica de todas as etapas necessárias para alcançar determinado conhecimento cognitivo. Ademais, durante a vivência, os alunos dialogam com uma realidade diferenciada e seus respectivos atores, podendo ter um maior entendimento da mesma para atuar sobre ela, tal como infere a metodologia da Problematização com o Arco de Maguerez. Posto que problematizar é basicamente observar os problemas por outros ângulos e de forma contextualizada, o uso do Arco de Maguerez se confere bem a tal metodologia, pois este tem a realidade como ponto de partida e ponto de chegada, tendo a transformação como principal objetivo, após implementação de suas cinco etapas, que inicia com a observação da realidade para haver a definição de um problema após diálogo em grupo, o qual irá subsidiar a definição de pontos-chave, sendo esta a segunda etapa. Na terceira etapa, chamada teorização, o grupo deverá se apoderar de embasamento teórico/científico como base para a quarta etapa, a qual concerne na criação de uma hipótese de solução que deverá ser consumada, caracterizando a última etapa do Arco de Maguerez, chamada de aplicação à realidade. Mediante o cumprimento dessa sistematização os alunos aprendem com a realidade à medida que a transformam, por meio da execução de soluções benéficas a todos os indivíduos. Dessa forma, a educação é vista como um campo de prática social e não algo individualizante, conciliando com a práxis da enfermagem, a qual tem o cuidado como ferramenta para a transformação da realidade, seja mediante práticas educativas, assistenciais ou de gerência. Diante disto, objetiva-se refletir como se dá o processo de ensino-aprendizagem realizado a luz da metodologia da Problematização com o Arco de Maguerez na prática de uma atividade curricular com foco nos processos educativos e empoderamento social no âmbito da saúde. Desenvolvimento do Trabalho: Tal experiência foi vivenciada durante as aulas práticas da atividade curricular “Processos Educativos em Enfermagem I”, no curso de enfermagem da Universidade Federal do Pará. As aulas envolveram alunos do terceiro semestre e foram realizadas durante o segundo semestre de 2017, em uma unidade básica de saúde amazônica, localizada na periferia do município de Belém-Pará. Partindo da problematização com a utilização do Arco de Charles Maguerez, os estudantes, sob orientação da docente e monitores, desenvolveram um planejamento educativo em saúde para a execução de propostas de intervenção a partir da realidade observada. As etapas do arco auxiliaram nesse processo, na primeira etapa que compete à observação da realidade, os acadêmicos direcionaram-se para uma coleta de dados minuciosa a partir da escuta sensível de usuários e funcionários da unidade, assim como a observação do ambiente. Na segunda etapa, definições dos pontos chave, os discentes, iniciaram uma reflexão, um questionamento sobre os possíveis fatores associados aos problemas e que afetam a sua existência, assim como, os possíveis determinantes que podem estar associados, possibilitando assim o estabelecimento de problemas prioritários para intervenção. Na teorização, definida como terceira etapa do arco, os alunos buscaram conhecimento científico e experiências relevantes a cerca do problema em diversas fontes, onde organizaram, analisaram e avaliaram essas informações a fim de contribuir para o desenvolvimento de soluções. Na etapa de hipóteses de solução o potencial criativo e reflexivo dos envolvidos foi mobilizado. Nesta fase foram pensadas, planejadas e estruturadas ações de intervenção, com métodos, plano ação e tecnologias que auxiliaram na quinta etapa, que se caracteriza como aplicação das propostas de intervenção a realidade. Ao final de cada aplicação, os acadêmicos refletiram sobre os resultados alcançados e avaliaram seus instrumentos. Vale ressaltar que em todas as etapas os discentes são acompanhados pelo docente e equipe de monitores, sendo auxiliados em cada etapa da utilização do arco e construção do planejamento. Resultados: Na perspectiva da prática da atividade curricular baseada na Educação em Saúde por meio da Problematização, que tem suas origens aceitas nos estudos de Paulo Freire, a utilização da metodologia enfatizou para os acadêmicos que os problemas a serem diagnosticados tendo em vista uma intervenção, precisam valer-se de um cenário real, com todas as suas contradições, abordando as experiências e saberes dos sujeitos envolvidos neste processo, compreendendo-os como detentores de um determinado conhecimento e não apenas receptores de informações. Ao se confrontarem com as informações da realidade observada, e utilizando dos seus saberes e os articulando, os discentes desenvolvem diversas propostas de intervenção que lhe pareceram instigantes e que vieram a colaborar para o avanço na qualidade dos serviços de saúde que a unidade básica oferece e suas finalidades, assim como para a autonomia e responsabilização do usuário sobre sua saúde. As atividades de monitoria proporcionam um ganho singular no que diz respeito ao crescimento pessoal e profissional, pois ao auxiliar no desenvolvimento da metodologia, o monitor dialoga com outros educandos, com o professor e com os atores da realidade a qual ambos estão inseridos. Dessa forma, a troca de conhecimentos amplia-se, facilitando a compreensão e a criatividade. Ademais, ao proporcionar ao monitor uma junção teórico-prática este também se torna um facilitador, visto que terá um maior entendimento quanto aquela vivência e poderá dar apoio quanto às etapas do método utilizado. Diante das etapas do Arco de Maguerez, monitores, educandos e educador estimularam suas habilidades intelectuais, sociais e resolutivas, pois tal metodologia propicia a sensibilização com a realidade de outrem diante da primeira e segunda etapas, a necessidade de pesquisa e criatividade devido a terceira e quarta etapas, além da resolução do que foi observado, caracterizando na transformação necessária que a quinta etapa infere. Considerações Finais: A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988, por meio da Constituição Federal do Brasil, instituiu que os profissionais de saúde devem atuar seguindo os princípios e diretrizes estabelecidos por esse sistema, consolidando-se a formação profissional em saúde voltada para o SUS. Nesta visão, a prática da Educação em Saúde é fundamental para que os acadêmicos e monitores de enfermagem desenvolvam e fortaleçam a competência e perspectiva de educadores e gestores, para tanto é necessário entender que a educação em saúde é um processo dinâmico, contínuo e organiza-se de acordo com as demandas da sociedade, neste sentido a metodologia da problematização oferece subsídios para tal prática, visto que estimula o acadêmico a tomar consciência do mundo ao seu redor e atuar intencionalmente para transformá-lo, para transformar uma determinada situação de saúde, onde permita a melhoria da qualidade de vida do usuário e consequentemente um viver mais digno para o próprio homem.

Palavras-chave


Enfermagem; Educação em Enfermagem; Educação em Saúde