Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UMA PACIENTE EM ESTADO CRÍTICO COM ADENOCARCINOMA E INSUFICIENCIA RESPIRATÓRIA AGUDA.
Isabela Mesquita, Monica santos de araujo Lima, Anderson Junior dos Santos Aragão, Risangela Patricia de Freitas Pantoja, Suelen da Silva Miranda, Esleane Vilela Vasconcelos

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Introdução: A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma metodologia que visa sistematizar o cuidado, com base nos princípios do método científico que objetiva reduzir as complicações durante o tratamento, bem como promover as intervenções de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade. Nesse contexto, tem-se como foco, desenvolver a Sistematização da Assistência de Enfermagem a uma paciente com impressão diagnóstica de Câncer Gástrico, Insuficiência Respiratória Aguda e Sepse, internada em uma Unidade de Terapia Intensiva. O Câncer de Estômago resulta do crescimento de células anormais no mesmo, podendo ocorrer em qualquer local de sua extensão. Todavia estudos demonstram que grande parte desse tipo de tumor ocorre na camada mucosa, surgindo na forma de irregulares lesões com ulcerações, características essas de tumores malignos que conforme a evolução essas células anormais vão gradualmente substituindo o tecido normal do órgão, propagando-se para outras camadas do estômago, acometendo órgãos vizinhos, processo esse conhecido como metástase por contiguidade. A insuficiência respiratória consiste em uma incapacidade súbita do sistema respiratório em realizar troca gasosa e indica uma disfunção dos pulmões em fornecer uma oxigenação sanguínea adequada, sendo que a insuficiência respiratória aguda é definida como uma diminuição na pressão de oxigênio arterial (PaO2) para menos de 50 mmHg (hipoxemia) e um aumento na pressão de dióxido de carbono arterial (PaCO2) para mais de 50 mmHg (hipercapnia), com pH arterial inferior a 7,35. A sepse é definida como uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SIRS), motivada por um agente agressor, associada à infecção sistêmica e de alta mortalidade. Desse modo, no presente estudo, serão explanadas as patologias em questão, bem como as intervenções de enfermagem elaboradas a partir dos principais diagnósticos de enfermagem identificados. Objetivo: Elaborar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para uma paciente com Adenocarcinoma Gástrico e Insuficiência Respiratória Aguda. Para uma completa assistência, foi criado um plano de cuidados específico, através da identificação dos principais diagnósticos e intervenções de enfermagem relacionados ao quadro clínico da paciente. Descrição da experiência: Trata-se de um relato de experiência de acadêmicos do 6º semestre da Faculdade Enfermagem da Universidade Federal do Pará. No qual, ocorreu no período de outubro de 2017, em uma Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital Universitário no Estado do Pará. Neste período, os alunos sob a supervisão de um preceptor, planejaram, construíam e aplicaram a SAE aos pacientes internados. A coleta de dados ocorreu por meio do exame físico e análise dos registros do prontuário a fim de identificar as principais necessidades afetadas do paciente. Utilizou-se como parâmetro para definições do diagnóstico de enfermagem a taxonomia II do North American Nursing Diagnoses Association NANDA-2015-2017 e para as intervenções de enfermagem utilizou-se a NIC-Nursing Interventions Classification. Resultados: Tratava-se de uma idosa, 74 anos, sexo feminino, admitida no dia 01/10/2017 no Centro de Terapia Intensiva, com ID: 26º dia de PO gastrectomia total + insuficiência respiratória aguda (IRpA) e sepse. Pupilas isocóricas, pele e mucosas hipocoradas. Sedada, Ramsay 5, intubada em VM, PCV: 17 cmH2O; Ti: 0,90s; I:E 1:2.7; Fr: 18/20 rpm; PEEP: 8cmH2O; Sens: 2L/min; FiO2: 95%. Monitorizada em multiparâmetros, normocárdica, PA: 150/80 mmHg, SO2:95%, T: 34,3ºC. AP: MV presentes com estertores crepitantes em base, AC: BCNF rítmicos em 2T sem sopro. Acesso central por Intracath em VSE sem sinais de infecção, recebendo 5ml/h de Noradrenalina, 10ml/h de Dormonid e 5ml/h de hidratação. Abdome distendido, RHA presente, FO em boa cicatrização em porção superior e presença de pouca secreção linfática, local de inserção dos drenos, FE limpo e FD com muita drenagem de secreção purulenta. SNE fixada para dieta de 36ml/h. MMII edemaciados, perfusão periférica satisfatória. Diurese presente por SVF sistema fechado. LPP em região sacra grau II com pouco tecido necrosado. Realizado curativo em inserção de acesso central com solução alcoólica e FO com SF 0,9%. Realizado aspiração em TOT e VAS com secreção mucóide. Em jejum aguardando USG. Através  da coleta de dados, traçou-se os principais diagnósticos de Enfermagem: Padrão respiratório ineficaz relacionado à insuficiência respiratória aguda (IRpA) evidenciado por ventilação mecânica invasiva por tubo orotraqueal (TOT); Troca de gases prejudicadas relacionada ao desequilíbrio na relação ventilação-perfusão, evidenciada pela perfusão prejudicada em membros, pH arterial anormal (acidose respiratória) e cianose; Risco de aspiração relacionado à presença de TOT+ VM, sonda nasoenteral, sonda nasogástrica e nível de consciência reduzido; Hipotermia relacionada à septicemia (choque séptico respiratório e abdominal), baixa temperatura ambiental (ambiente climatizado) e inatividade do paciente; Integridade da pele prejudicada relacionada a fator mecânico (pressão e imobilidade física) e alteração no volume de líquidos, evidenciado por lesão sacra grau II, lesão na região superior da orelha esquerda, anasarca e lesão hiperemiada com bolhas em coxa direita, respectivamente; Risco de desequilíbrio eletrolítico relacionado à disfunção renal, mecanismo regulador comprometido e volume de líquido excessivo, evidenciado por estado de anasarca, débito urinário prejudicado (oligúria); Risco de infecção relacionado à presença de procedimentos invasivos e a exposição ambiental a patógenos aumentado. Após os diagnósticos traçados, as principais intervenções realizadas foram as seguintes: Manter vias aéreas pérvias; manter cabeceira da cama elevada e monitorar dados de VM; Monitorar secreções respiratórias, a oximetria de pulso, registrando mudanças na SaO2, SvO2, PCO2 na gasometria arterial e avaliar necessidade de oxigenoterapia; Manter aparelho de aspiração disponível, monitorar a condição de oxigenação do paciente (SaO2, FC) imediatamente antes, durante e após a aspiração, manter cabeceira da cama elevada sempre que a infusão for continua, e por 30min após refeição intermitente, desligar a dieta e abrir sonda em caso de êmese; Monitorar sinais vitais, administrar soluções IV aquecidas, se necessário e cobrir o paciente; Supervisionar estado das lesões e realizar curativos, realizar mudança de decúbito, colocar coxins em proeminências ósseas; Realizar balanço hídrico, verificar condições de hidratação do paciente (mucosas, edema, pulso e frequência cardíaca), monitorar níveis de eletrólitos séricos; Monitorar e registrar sinais e sintomas de infecção, realizar higiene oral e corporal do paciente e realizar curativo em acesso central com solução alcoólica. Considerações Finais: O desenvolvimento da (SAE) na terapia intensiva, possibilita ao enfermeiro elaborar um plano de cuidado aplicada à pratica de enfermagem, a fim de identificar e intervir nas necessidades alteradas do paciente, sendo possível definir os diagnósticos de enfermagem, a partir da coleta de dados, possibilitando assim, o desenvolvimento de intervenções adequadas para a recuperação do paciente.  Nesse cenário, torna-se imprescindível a necessidade de aperfeiçoamento, preparo e compromisso da equipe de enfermagem acerca da atenção oncológica, em prol da prevenção, da detecção precoce, da reabilitação e da promoção à saúde dos pacientes. Por fim, conclui-se que o conhecimento da SAE e a sua adequada utilização, proporciona que a execução da assistência de enfermagem seja aplicada a cada realidade, de forma a oferecer um cuidado integral, diferenciado e holístico. No entanto, apesar de toda a assistência e cuidados realizados, a paciente evoluiu a óbito, em decorrência de complicações no pós-operatório de gastrectomia como a IRpA e Sepse.  


Palavras-chave


Sistematização; enfermagem;CTI