Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Sobre a formação técnica do Agente Comunitário de Saúde: o que dizem os atores envolvidos nessa formação
Fracieli Rafaela dos Santos, Luciana Carnevale

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Apresentação: A questão da “Educação em Saúde” ocupa atualmente um lugar central na Política do Sistema Único de Saúde. Esta pesquisa dirigiu seu foco para a formação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), profissionais cujo trabalho é considerado relevante na Atenção Básica. Parte-se do entendimento de que a maioria dos problemas e necessidades que afetam as pessoas pode ser acolhida nesse “nível”, a partir de ações e procedimentos de baixo custo, do desenvolvimento de tecnologias leves, de natureza relacional, aspecto esse, que também contribui para reunir argumentos em direção à valorização da formação desses profissionais. A temática da educação em saúde, embora pouco explorada no campo da Fonoaudiologia, é de grande importância para o fonoaudiólogo, principalmente quando se considera a importância do caráter interdisciplinar do trabalho no SUS. O objetivo deste estudo foi conhecer a formação de Agentes Comunitários de Saúde atuantes em uma UBS de um município do interior do Paraná. Desenvolvimento: A pesquisa observacional, transversal e analítica teve caráter qualitativo. Participaram do estudo três Agentes Comunitárias de Saúde egressas do curso técnico em agente comunitário de saúde oferecido pelo município. Os dados foram coletados a partir de entrevista semidirigida, cuja realização foi orientada por um roteiro semiaberto de questões. Cada entrevista foi áudio gravada e seu material posteriormente transcrito e analisado. Por meio desse instrumento foi possível obter informações específicas acerca do curso técnico de formação de agentes comunitários, das impressões dos participantes entrevistados sobre o desenvolvimento e a efetividade do mesmo para a prática dos egressos, bem como da rotina de seu trabalho e da valorização de sua profissão. Foi realizada a “análise de conteúdo” de caráter interpretativo a partir de três eixos temáticos: 1. O perfil profissional; 2. A formação e suas implicações na prática diária e 3. A (des)valorização do ACS. Resultados: Eixo 1. No que diz respeito ao perfil, as participantes da pesquisa, com idades entre 44 e 50 anos, afirmaram residir no mesmo bairro onde trabalhavam e possuir o ensino médio completo. Inicialmente foram contratadas para o trabalho no SUS por meio do PSS sendo, posteriormente, efetivadas por meio de concurso público. Apenas uma entrevistada afirmou que a atuação na área da saúde foi fruto de uma escolha prévia. Eixo 2. Em relação à formação das ACSs, os depoimentos contrariam o discurso oficial do Ministério da Saúde que enfatiza a importância da capacitação dos profissionais de saúde com base na ‘formação permanente’ para subsidiar as equipes na organização de seus processos de trabalho. As três participantes afirmaram terem iniciado a atuação no SUS sem receber nenhum conhecimento prévio para exercerem sua função. O curso, ministrado cerca de quatro anos após o inicio das atividades das ACSs teve um caráter eminentemente técnico impeditivo do aprofundamento teórico e prático condizente com a complexidade dos problemas a serem enfrentados no primeiro nível da atenção à saúde. Outra questão mencionada foi o distanciamento de docentes do curso em relação ao “chão dos serviços”. Nesse sentido, as participantes relataram sobre a ‘falta de espaço’ para a discussão de aspectos tratados apenas teoricamente, que, segundo elas, se distanciavam de sua vivência cotidiana. Eixo 3. Constatou-se neste estudo, a desvalorização dos trabalhadores ACSs, pela via de sua baixa remuneração, bem menor quando comparada aos colegas de equipe, e a vulnerabilidade. Alguns depoimentos expressaram o fato de que as ACSs lidam, no seu cotidiano, com casos bastante complexos e delicados. No entanto, não recebem, por via de regra, nenhum suporte adequado para lidar com o impacto emocional dessas situações. Considerações Finais: Este estudo destacou a importância da atuação do ACS na Atenção Básica, os dilemas de sua formação, atuação e a desvalorização atribuída a esses profissionais no cotidiano dos serviços. Tal conhecimento permite ao fonoaudiólogo dimensionar ações conjuntas que potencializem o papel desses profissionais enquanto elo de comunicação entre equipe e comunidade. A inserção do fonoaudiólogo na Atenção Básica é incipiente e pesquisas, na área, direcionadas à atuação da Equipe da Estratégia Saúde da Família devem ser intensificadas.


Palavras-chave


agentes comunitários de saúde; educação em saúde; saúde coletiva