Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Estímulo cognitivo em residentes de uma instituição de longa permanência para idosos
João Lucas Moraes Souza, Heloize de Souza Machado, Manuela Almeida Seidel, Bárbara Vieira Aleixo dos Santos, Luenne Chaves de Oliveira, Daiane de Souza Fernandes

Última alteração: 2018-06-05

Resumo


Apresentação:

O processo de envelhecimento caracteriza-se pela diminuição da reserva funcional dos indivíduos, decurso natural, chamado de senescência, e que em condições normais não costuma provocar qualquer problema. No entanto, a perda da autonomia e independência ao longo dos anos, pode representar um obstáculo no autocuidado. Diante disso, há necessidade de um auxílio de um cuidador, seja ele familiar ou não, assalariado ou não. Dessa forma, uma Instituição de Longa Permanência Para Idosos (ILPI), passa a ser uma opção para familiares que não tem como proporcionar um cuidado integral a esse idoso, por conta de sua rotina no trabalho e necessidades do dia-dia, dessa forma os mesmos poderiam estar garantindo uma melhoria na qualidade de vida dessas pessoas.

Segundo a Anvisa, ILPIs são instituições governamentais ou não-governamentais, de caráter residencial, destinadas a domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania. Segundo a RDC - Resolução da diretoria colegiada 283/2005, as instituições de longa permanência para idosos devem promover aos seus residentes: a garantia da identidade e a privacidade da pessoa idosa, assegurando um ambiente de respeito e dignidade. Assim como, promover a participação da família na atenção e no cuidado com a pessoa idosa residente. O aparato familiar, nesta fase, é essencial ao idoso, visto que, uma vez que esta pode tomar decisões no que se refere às necessidades físicas, psíquicas e sociais de seus idosos. Deve-se também, desenvolver ações que estimulem a pessoa idosa à manutenção de sua autonomia e independência.

Por esse motivo, acadêmicos do terceiro semestre de Enfermagem da Universidade Federal do Pará, realizaram uma atividade em uma ILPI, com o intuito de estimular o desenvolvimento neuropsicomotor dos idosos residentes, além de incentivar a interação entre eles, dessa forma através da atividade pode-se proporcionar aos idosos, atenção integral e holística.

Desenvolvimento do trabalho:

A atividade foi desenvolvida no mês novembro do ano 2017, em uma ação educativa realizada por acadêmicos do 3º semestre do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Pará, em uma Instituição de longa permanência para idosos localizada na região metropolitana de Belém. O objetivo da atividade foi estimulação neuropsicomotora, e para a realização foram utilizadas caixas que continham objetos que possivelmente os trariam alguma recordação através dos sentidos: visão, olfato ou tato. Na caixa de estimulação olfativa poderiam ser descobertos temperos, ervas e alimentos que se encontravam embaladas de forma que somente seu aroma pudesse ser sentido e assim, reconhecido. Na qual estavam os objetos de estimulação tátil, encontravam-se itens com diferentes texturas, com os quais em algum momento da vida eles provavelmente teriam tido contato e deveriam reconhecer, como: areia, algodão, cordas, esponja isopor e meias. Por fim na caixa de estimulação visual, foram dispostos brinquedos, acessórios e objetos de uso diário, como: carrinhos, bonecas, maquiagem, óculos, relógio e caneca, aos quais eles deveriam olhar e dizer o que era, a sua função ou algo que aquilo lhe recordasse. Em um primeiro momento, os discentes deslocaram-se de quarto em quarto com o intuito de convidar os idosos a participar da atividade, encontrando pouca resistência por parte dos mesmos e auxiliando aqueles que necessitavam de ajuda para locomover-se, no momento em que todos encontravam-se reunidos foi servido um lanche da tarde e após os mesmos terminarem a refeição, foi explicado como a atividade se desenvolveria. Quando iniciada, os discentes dividiram-se com as caixas e objetos e foram passando com as mesmas entre os idosos para que todos pudessem participar e de forma que nenhum deixasse de receber as 3 estimulações. Para encerrar a atividade, foram recolhidas as caixas, explicados os fundamentos nos quais a atividade foi baseada e a sua importância, de forma acessível e que fosse facilmente compreendida, assim como agradecida a participação de todos que se propuseram a estar lá e participar. Os idosos que após a atividade desejaram voltar a seus quartos, foram levados pelos discentes.

Resultados e/ou impactos:

O resultado da ação foi avaliado como positivo pelos aplicadores, uma vez que o objetivo de estimular os sentidos e relacioná-los a uma lembrança dos idosos foi alcançado com sucesso. Durante a dinâmica foi possível observar a interação e participação do público alvo, os mesmos mostraram-se muito empolgados ao relatar histórias e memórias remetidas pelos objetos, como por exemplo: um momento da sua infância, uma brincadeira, o tempo em que trabalhavam na roça, uma comida ou um tempero que costumavam comer e/ou fazer, um momento de lazer na praia com a família, entre outros. Notou-se também que os idosos praticantes de alguma atividade como leitura ou uso de instrumentos musicais, apresentaram-se mais aptos para relatar suas experiências. Sugerindo que suas atividades cognitivas, aparentemente mais desenvolvidas, podem possuir uma estreita ligação com os estímulos diários aos quais eles mesmos se submetem. Assim, observou-se um quantitativo de resultados satisfatórios. Além de ter sido proporcionado o surgimento, ainda que efêmero, de um ambiente construtivo onde houve uma troca de experiências e emoções.

Percebe-se que inserir esses exercícios e estímulos na rotina das pessoas em declínio cognitivo enriquece tanto a saúde de quem recebe a assistência, quanto o trabalho de quem à oferece. Estimular a mente do idoso significa melhorar o seu futuro, em relação a todos os âmbitos que o cercam. A autoestima é melhorada, o ânimo ressurge, o orgulho em se sentir mais vivo é aparente, além de proporcioná-los um estímulo a sua independência e autonomia, importante fator para caracterizar um envelhecimento saudável.

Considerações finais:

Fica claro, portanto, que a atividade realizada com o objetivo de estimular a exploração dos sentidos nos idosos foi capaz de promover uma variedade de emoções, sentimentos, memórias que puderam ser reproduzidas através de olhares, feições, relatos e gestos, permitindo uma aproximação dos acadêmicos com os participantes e promovendo estímulos cognitivos. Desta forma, nota-se a grande importância da incorporação de exercícios mentais na rotina do idoso, que incitem memórias, linguagem, visão, percepção, sensibilidade ajudando-os a preservar sua autonomia, com facilidade para tomar suas próprias decisões e independência tendendo a realizar suas tarefas como higiene, alimentação, limpeza do ambiente, sem auxílio. Ambos os substantivos ajudando na promoção de lazer, facilitando o envelhecimento saudável.


Palavras-chave


Envelhecimento; Idoso; Cuidado