Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Educação Continuada no Banco de Olhos do Amazonas Resulta na Captação de Tecidos Oculares Humanos de Alta Qualidade e “Fila Zero”
Cristina Maria Garrido Lins, Gilmara Noronha Guimarães, Gilmara Noronha Guimarães

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Apresentação: É no Banco de Olhos que os tecidos oculares humanos doados são avaliados e preservados para que cheguem até os pacientes tecidos de alta qualidade que permitam-lhes resgatar sua visão. Os Bancos de Olhos disponibilizam esses tecidos de boa qualidade visando “zerar” as longas filas de espera por transplantes de córneas no país. Para que isso ocorra, são necessários materiais de alta qualidade e principalmente equipes bem treinadas. São estas equipes as responsáveis pela conscientização contínua do processo doação-transplante na área da saúde e na população, gerando multiplicadores e expandindo a cultura da doação. Nesta pesquisa, o Banco de Olhos do Amazonas (BOA) descreve sua experiência bem sucedida em 13 anos de parceria com o Instituto Médico Legal (IML) na captação desses tecidos. Por meio de treinamento contínuo humanizado entre as equipes, o Estado do Amazonas atingiu o marco de “fila zero” para transplante de córnea. Desenvolvimento: A pesquisa foi realizada no BOA, cujas equipes atuam na Fundação Hospital Adriano Jorge e principalmente no Instituto Médico Legal. Pesquisa retrospectiva, de base documental, referente aos dados de 1.328 doadores de tecidos oculares do BOA, de 2004 a 2016. Os tecidos preservados foram avaliados de acordo com os critérios da Associação Panamericana de Banco de Olhos. Os dados foram analisados no programa IBM SPSS Statistics 21. As comparações entre as doações do IML e outros localidades foram realizada por meio dos testes estatísticos Qui-Quadrado de Pearson e o t-Student, com nível de significância de 5%. Resultados: Dos 1.328 doadores de tecidos oculares avaliados, 1.031 (77,6%) foram procedentes do IML e 297 (22,4%) de outras localidades, sendo 200 (15,1%) do gênero feminino e 1.128 (84,9%) do masculino. A idade variou entre 02 e 75 anos nos doadores do IML (média 27±10 anos), e entre 02 e 82 anos nos de outras localidades (média 37±17 anos). Foram captados 2.541 tecidos oculares, sendo 1.959 (77,1%) no IML e 582 (22,9%) noutros locais. As causas de morte mais frequentes no IML foram os ferimentos por arma de fogo/arma branca (60,4%), e noutras localidades foram as doenças cardiovasculares (47,5%). Dos 1.959 tecidos captados no IML, 1.363 (69,72%) tinham boa qualidade, 378 (19,34%) regulares e 214 (10,95%) inaceitáveis. Dos 578 tecidos captados noutras localidades, 328 (56,75%) eram bons, 142 (24,57%) regulares e 108 (18,69%) inaceitáveis. Considerações: O maior número de captações de tecidos oculares ocorreu no IML, provavelmente porque a maior equipe do BOA atua realizando educação continuada neste Instituto. Os tecidos captados no IML tiveram qualidade melhor do que aqueles captados noutras localidades (p = 0,001), provavelmente por ser o IML um local que recebe maior número de óbitos de indivíduos jovens, potencialmente saudáveis, ao contrário dos doadores oriundos dos hospitais, que ficam por vezes internados, em tratamento. Vale ressaltar, que neste Instituto também atuam os profissionais mais experientes em avaliação de tecidos oculares humanos do BOA, fato que poderia influenciar na melhor qualidade dos tecidos captados.


Palavras-chave


Banco de Olhos. Educação Continuada, Fila Zero