Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
Intervenção Urbana e Convivência: Relato da Breve Experiência em uma Praça Abandonada
Samara Milhomem, Wanderson Carvalho, Vitória Amorim

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Este relato nasce das experiências e reflexões vividas em um trabalho que foi desenvolvido em uma praça “abandonada”, localizada no coração da capital paraense, Belém. Durante três meses, a partir de uma parceria com o Consultório na Rua, o projeto Brinquedos de Saúde, vinculado à Universidade Federal do Pará, executou ações que transversalizaram a educação popular, o lazer e a arte como produtores de saúde e cidadania, sendo um dos territórios ocupados a Praça Magalhães, lugar onde vivem aproximadamente sete pessoas em situação de rua. Em cada encontro, se contava e ouvia histórias, com intenção de criar vínculos com aquela população baseado em uma tríade: memória, convivência e permanência.

Uma das linguagens mais utilizadas durante os encontros foi a colagem de lambes - cartazes com conteúdo artístico e crítico, com isso propôs essa forma de intervenção urbana como um abre-alas para uma reinvenção poética dos espaços da cidade que são também a casa de algumas pessoas, trazendo à tona uma discussão sobre direito à cidade, integrando arte e vida a partir de um encontro que desregula as rotinas ordenadas e vigiadas das metrópoles. Colar lambes torna-se então uma narrativa-experiência de convívio com as pessoas em situação de rua, disputando o simbolismo urbano, produzindo novas formas de subjetivar e rememorar o que é estar em situação de rua.

Estar na praça e intervir na urbanidade soluciona moderadamente uma questão que foi levada na bagagem: seria o espaço urbano público ou privado? Quando ocupa-se um território com corpos carregados de indisciplina, de improdutividade pratica-se uma cidade pública, que tenta se pretende alheia aos processos mercantilistas e policiais, instalando processos de alteridade e de reconhecimento do Outro, produzindo novas formas de enunciar, cuidar e afetar através das imagens e palavras que ocupam e profanam as antigas paredes brancas, pregando com cola e água os desejos dos corpos-cidade.


Palavras-chave


Intervenção urbana; arte pública; direito à cidade