Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Um estigma secular na sociedade moderna: A violência contra a mulher no Brasil
Leonardo Maquiné, Anna Ramos, Gabriel Souza dos Santos, Beatriz Mella, Dayana Marques Pinto

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Apresentação: A violência contra a mulher abrange todo ato que possui como consequência a violação da integridade física, sexual e psicológica ou morte de mulheres. Enquadra-se em várias amplas categorias, realizadas por indivíduos ou por Estados. O trabalho possui como objetivo avaliar o cenário brasileiro em relação a este tipo de violência.

Desenvolvimento: Estudo realizado através de consultas a dados oficiais governamentais e entrevistas a representantes de órgãos públicos responsáveis por auxílios e medidas que abrangem a saúde da mulher.

Resultados: A população brasileira é de 203,2 milhões de habitantes, sendo 104,772 milhões (51,6%) composta por mulheres. 1 a cada 3 mulheres já sofreram algum tipo de violência no país. Em 2017, 22% das brasileiras sofreram ameaças verbais, o que corresponde à 12 milhões de mulheres. No mesmo ano, 10% sofreram violência física, 8% sofreram ofensa sexual e 4% foram vítimas de ameaças com armas brancas e/ou de fogo. Os índices revelam um quadro alarmante no país, demonstrando altos números de violação não só da constituição brasileira mas também dos direitos humanos. A violência contra a mulher, além de prejudicar diretamente a vida da vítima, contribui para o atraso do desenvolvimento socioeconômico e político das comunidades em que estão inseridas. Pesquisas indicam que apenas 11% das vítimas procuram uma delegacia da mulher ou órgãos similares para realização de denúncias e apenas 13% procuram auxílio familiar. As raízes históricas, associadas às ideologias predominantemente machistas no país dificultam a luta contra este tipo de violência. O agressor, em 61% dos casos, é um conhecido, dentre os quais, 19% são atuais companheiros das vítimas e 16% são ex-companheiros. Em 2017, cerca de 27,8 milhões de mulheres sofreram assédio físico em transporte público, receberam comentários desrespeitosos ou foram beijadas ou agarradas sem consentimento. Os índices de assédio são mais graves entre jovens de 16 a 24 anos. Das 20,4 milhões de vítimas de comentários desrespeitosos, 68% eram jovens com a idade na faixa citada acima.

Considerações finais: A violência contra a mulher é uma questão social e de saúde pública, que atinge todas as camadas sociais e compromete o avanço em direção à igualdade entre gêneros. Ideologias segregacionistas e a lentidão judiciária quanto aos crimes contra a mulher contribuem para a perpetuação dessa prática. Avanços como a Lei Maria da Penha foram feitos nos últimos anos, no entanto, esforços conjuntos do poder público e dos diferentes setores sociais se demonstram essenciais para o combate a este tipo de violência e para a exerção do respeito mútuo.


Palavras-chave


mulher; violência; brasil; saúde