Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Infecção hospitalar: como a higienização das mãos pode influenciar positivamente na prevenção desse agravo?
Thaise Maia de Souza, Bianca Jardim Vilhena, Maria Tatiana Guimarães da Costa, José Cailson Cavalcante Barros

Última alteração: 2018-01-23

Resumo


Introdução: Desde os tempos antigos, quando os cuidados e a medicina eram muito primitivos, já se tinham ideias de transmissão de doenças e sabia-se que uma pessoa doente podia contaminar outra, no entanto os cuidados relacionados ao contágio de doenças em ambientes "hospitalares" só avançou com Florence Nightingale, que implantou os primeiros métodos de higiene nas enfermarias militares, quando serviu voluntariamente na guerra da Criméia (1853-1856), reduzindo a mortalidade por infecção de 42,7% para 2,2%, esse método ficou conhecido como teoria ambientalista de Nightingale. Com o passar dos tempos adquirimos modernas e inovadoras técnicas para a higiene do ambiente hospitalar, mas nada previne de forma tão eficaz a infecção hospitalar quanto à lavagem das mãos, de acordo com a técnica adequada, isso mostra que este é um procedimento essencial para salvar vidas. A sepse é uma forma de infeção generalizada, que muitas vezes acomete um paciente ainda no âmbito hospitalar. O que pouco se sabe em relação à sepse é que por vezes é causada por bactérias multirresistentes, presentes na microbiota do hospital, essas bactérias, no entanto não podem simplesmente infectar uma pessoa pelo ar, ela precisa ser carreada, e a forma mais comum é pelas mãos dos profissionais de saúde. Assim como o método de execução correto da lavagem das mãos pode salvar vidas, as negligências durante a sua prática pode levar um indivíduo a morte, já que a sepse por infecção hospitalar é a principal causa de morte em Unidades de Terapia Intensiva. Tendo em vista o exposto, o presente estudo retrata de forma objetiva uma observação quanto às práticas de lavagem das mãos por parte dos profissionais de enfermagem em uma UTI de um hospital de Manaus. Objetivo: Verificar se a lavagem das mãos é executada pelos profissionais de Enfermagem antes de seu contato com os pacientes e relatar os aspectos positivos sobre a técnica correta de lavagem das mãos, na prevenção de infecções cruzadas, bem como sepse e morte por infecção hospitalar. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, a partir da vivência como acadêmica voluntária em uma Unidade de Terapia Intensiva de um hospital de Manaus no período de novembro a dezembro de 2017. Os profissionais foram observados quanto à frequência em que executavam a higienização das mãos e quanto à execução correta da mesma a cada vez que o profissional realizava um procedimento entre um paciente e outro. Resultados e discursões: A Infecção Hospitalar (IH) é aquela que o paciente adquire após sua admissão no ambiente hospitalar e que se manifesta durante seu período de internação ou após sua alta, quando há relação com procedimentos realizados no ambiente hospitalar ou com a internação em si. As infecções hospitalares estão entre os maiores agravos de saúde no Brasil, sendo um fator de risco importante para o aumento da mortalidade em ambientes hospitalares, entre as principais causas para IH estão: a hospitalização prolongada e a incapacidade a longo prazo do paciente. Os paciente das UTI’s estão mais suscetíveis a adquirirem tais patologias, tendo em vista a ocorrência de procedimentos invasivos e por geralmente se tratar de pacientes imunodeprimidos. Sendo assim é de responsabilidade dos profissionais de saúde a prevenção das IH principalmente dos profissionais de enfermagem, por estarem em contato direto com os pacientes internados. Pela observação, foi possível constatar que embora a higienização correta das mãos seja um procedimento que influencia diretamente no prognóstico do paciente, os profissionais de saúde possuem grande resistência para realizar o procedimento, seja por falta de conhecimento acerca do assunto ou seja por negligência por parte dos mesmos em relação a saúde, segurança e bem estar do cliente. A propagação das infecções depende da organização de trabalho e das ações da equipe de profissionais do hospital, e por isso a responsabilidade é dos mesmos de reduzi-las, nesse sentindo observou-se que os profissionais enfermeiros nem sempre conversam ou enfatizam para a equipe a importância de realizar a higiene das mãos conforme a técnica correta antes e depois de realizar procedimentos com os pacientes. É fundamental ressaltar que o compromisso com a prevenção de infecção não se limita à CCIH, e sim a toda à equipe multiprofissional de saúde. Constatou-se também o uso incorreto do álcool glicerinado 70%, verificou-se que o álcool era utilizado várias vezes seguidas pelos profissionais e dessa forma realizavam poucas vezes a lavagem das mãos. O álcool 70% quando utilizado de forma adequada é um aliado importante na prevenção das IH não devendo ser utilizado mais de 4 vezes seguidas, pois há uma diminuição em sua eficácia e nos casos de pacientes com precaução de contato deve sempre ser utilizado a técnica de lavagem das mãos ao invés do uso do álcool a 70%. Sendo assim para utilizar de instrumentos como o álcool a 70% é necessário conhecimentos e fundamentação teórica para que de fato a higiene das mãos seja concreta. Reforçando o que foi citado anteriormente, a infecção é causada por microrganismos resistentes que existem no ambiente hospitalar, e também por conta dos procedimento invasivos realizados pelos profissionais, esse tipo de infecção chama-se infecção cruzada. A infecção cruzada é uma das principais causas de infecção hospitalar, normalmente acontece por transmissão de um microrganismo de um paciente para outro, ocorre principalmente através das mãos dos próprios profissionais de saúde. Consequentemente a IH pode evoluir para a Sepse, também conhecida como infecção generalizada. O conceito de Sepse consiste em uma Síndrome de resposta inflamatória (SIRS), causada por um microrganismo. Nesses casos, o diagnóstico precoce é fundamental para o prognóstico do paciente, só assim é possível evitar que o paciente venha a óbito, pois a sepse possui um alto índice de mortalidade. Em ambientes como unidades de terapia intensiva o cuidado deve ser redobrado, tendo em vista que grande parte dos pacientes possuem fragilidades imunológicas e por vezes pode ser observado que esse cuidado maior nem sempre ocorre. Observou-se, portanto, que as infecções podem ser desencadeadas através da transmissão de microrganismos das mãos dos profissionais de saúde, com risco de evoluir e serem fatais para a saúde dos pacientes no ambiente hospitalar, e a higienização é um instrumento fundamental para a prevenção de IH e de complicações decorrentes da mesma como a infecção cruzada e as mortalidades por sepse. Considerações finais: É inegável que a higienização das mãos conforme a técnica correta estabelecida para a realização do procedimento é uma ferramenta fundamental para prevenção de infecções hospitalares, entretanto, diante do vivenciado, é uma prática que ainda é muito negligenciada por parte dos profissionais da saúde, e que pode ser letal em setores críticos como unidades de terapia intensiva. Sendo assim, é irrefutável que a lavagem das mãos é uma conduta que deve ser constantemente encorajada na equipe de saúde, para que desta forma possa-se reduzir a resistência dos profissionais em executa-la corretamente, tendo em vista que as literaturas empregam que esta prática corrobora para a diminuição das taxas de infecção hospitalar bem como os agravos relacionados a ela.


Palavras-chave


Infecção Hospitalar, Higienização das Mãos, Enfermagem