Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Acesso ao Exame Papanicolau às Mulheres Residentes nas Comunidades Rurais do Município de Parintins
Tito Marcos Mendonça Reis, Altair Seabra de Farias, Mayara Soares Gonzaga, Ghedria Loyanna Martins Batista, Glauber Farias da Silva Junior, Valdir Soares da Costa Neto, Sued Medeiros Leite

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Este estudo objetivou observar possíveis variáveis que poderiam ser fatores de risco para o câncer de colo uterino em mulheres de três comunidades ribeirinhas do município de Parintins. Apresenta a adversidade e logística da área de várzea, discute a repercussão da ausência dos serviços de saúde direcionados às mulheres sobretudo no que se refere ao acesso ao exame Papanicolaou, haja visto que, a realização do exame é o meio mais eficaz de detectar e combater precocemente as formas mais agressivas do câncer de colo uterino. O câncer de colo de útero é a segunda causa de neoplasia que mais acomete mulheres no Brasil, na região Norte é a primeira, essa ocorrência está relacionada com exposição a diversos fatores de risco.  Nesse contexto, é importante destacar que realizar a coleta de dados em uma área de difícil acesso, requer disponibilidade, tempo e paciência, e contando apenas com a colaboração e o árduo trabalho de um Agente Comunitário de Saúde (ACS) no que tange à saúde dentro de suas atribuições. A metodologia utilizada trata de um estudo transversal, descritivo com abordagem quantitativa. Os dados foram coletados através de questionário acerca de aspectos sócio demográficos, hábitos de vida, características reprodutivas, adesão ao exame, fatores institucionais e antecedentes familiares de câncer de colo de útero e outros, mediante assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A quantidade de amostra individual foram 30 mulheres com idade entre 22 e 63 anos, com média de idade 37,83 anos (± 12,34). Os critérios para inclusão, foram mulheres de 18 a 69 anos com vida sexual ativa. Os critérios para exclusão foram mulheres abaixo da faixa etária 18 e maior que 69 anos, embora tivessem vida sexual ativa. Após coleta, os dados obtidos foram digitados em planilha do Microsoft Excel e analisados em banco de dados do software estatístico SPSS, versão 21. Foi gerado uma frequência com os seguintes resultados, mulheres distribuídas em três comunidades: Araçatuba, 37 famílias cadastradas, conforme dados contidos no SIAB. Detectou-se que havia apenas 18 famílias cadastradas de acordo com o ACS local, as demais já teriam deixado suas propriedades por conta do período sazonal e continha somente os nomes no livro Ata da comunidade para garantia de recursos, 7 mulheres participaram do estudo. Comunidade de Nova Olinda – Borralho, 24 famílias cadastradas, encontrado somente 14 famílias no cadastro do ACS e dessas famílias, 7 mulheres participaram do estudo. Apenas a Comunidade do Saracura, encontrava-se com os dados conforme as informações do SIAB, total de 34 famílias cadastradas. Como a cheia do rio predominava o restante da sua população se encontrava em áreas de terra firme, e somente 16 mulheres participaram do estudo. Todas mulheres que participaram deste estudo tinham em média 5,7 filhos (± 3,45), onde o menor quantitativo é igual a 1 e o maior quantitativo 13 filhos. Deste quantitativo 12 mulheres, respectivamente (40%) possuem ensino fundamental incompleto, 15 que corresponde a (50%), casadas e outras viviam em união estável, com renda familiar menor ou igual a 1 salário mínimo, (96,7%) pertenciam à religião católica. Moravam na mesma casa 2 a 12 pessoas, sendo que 4 (20%), 5 (16,7%), 6 (13,3%), 7 (13,3%) e 8 (13,3%), foram os quantitativos com mais prevalência dentre essas famílias. Dedicavam 6,8 horas (± 1,47) às atividades de casa e não tinham atividades com remuneração. Realizaram o preventivo 9 (30%) há 1 ano ou menos, 5 (16,7%) realizaram entre 2 e 3 anos, 8 (26,7%) 4 anos e mais, 4 (13,3%) fizeram, mas não lembravam a data e 4 (13,3%) nunca fizeram; Motivo para realização do exame nos últimos 3 anos: 14 mulheres (46,7%) responderam que é para prevenir o câncer de colo do útero e 14 (46,7%) não fizeram o exame nos últimos 3 anos; Motivo para a não realização do exame nos últimos três anos ou nunca ter feito: 17 (56,7%) não fizeram o preventivo por conta da distância da unidade de saúde disponível. Tinham como referência uma (01) Unidade de Saúde, dessas, 23,4% utilizavam até 02 unidades como referência. Idade da menarca: 1 mulher (3,3%) aos 10 anos, 3 (10%) aos 11 anos, 4 (13,3%) aos 12 anos, 16 (53,3%) aos 16 anos, 5 (16,7%) aos 14 anos e 1 (3,3%) aos 15 anos, média de 12,8 anos de idade entre elas (±1,06). Dessas, 3 (10%) tiveram sua primeira relação sexual aos 13 anos, 7 (23,3%) aos 14 anos, 9 (30%) aos 15 anos, 2 (6,7%) aos 17 anos e 3 (10%) aos 18, com média de idade de 15,2 anos (±1,42). Todas se consideravam heterossexual. Quantidade de parceiros desde o início da vida sexual: 9 (30%) tiveram apenas 1 parceiro, 7 (23,3%) tiveram 2 parceiros, 13 (43,3%) tiveram 3 parceiros e apenas 1 (uma) mulher (3,3%) teve 5 parceiros sexuais, média de 2,23 parceiros sexuais (± 1,00) por mulher. Parceiros sexuais que tiveram nos últimos 3 meses: 28 mulheres (93,3%) responderam que tiveram apenas 1 parceiro, 2 (6,7%) tiveram 2 parceiros. Queixa relacionada à atividade sexual: 1 mulher (3,3%) queixou sentir dor ou desconforto durante o ato sexual e 1 (3,3%) tinha problema relacionado a diminuição ou perda de libido. Uso de contraceptivos: 18 mulheres (60%) usavam algum método contraceptivo e 12 (40%) não, 8 (26,7%), 7 (23,3%) utilizavam preservativo e 4 (13,3%) fizeram laqueadura. Quanto a frequência do uso de preservativo: 17 mulheres (56,7%) não gostavam de utilizar preservativo. Realização do exame preventivo: 27 mulheres (90%) responderam que fizeram o preventivo alguma vez na vida. 1 mulher (3,3%) tinha realizado o primeiro preventivo aos 17 anos, 4 (13,3%) aos 18 anos, 3 (10%) aos 20 anos, 3 (10%) aos 24 anos, 2 (6,7%) aos 25 anos, 1 (3,3%) aos 28anos, 1 (3,3%) aos 29 anos, 1 (3,3%) aos 30 anos, 1 (3,3%) aos 38 anos, 2 (6,7%) aos 40 anos, 1 (3,3%) aos 43 anos, 1 (3,3%) aos 45 anos, 1 (3,3%) aos 47 anos, 5 (16,7%) não lembravam a idade da realização do exame, mas afirmavam que tinham feito e 3 (10%) não fizeram. Motivo para a realização do exame: 12 mulheres (40%) responderam que fizeram por recomendação do médico ou enfermeiro, 10 (33,3%) fizeram por conta própria, 3 (10%) não fizeram e 5 (16%) por recomendação de outros (ACS). Relacionado à doença sexualmente transmissível: 100% responderam que não tiveram, ou não souberam se tiveram. História de Patologias em familiares: 16 mulheres (53,3%) responderam que existia histórico de alguma patologia na família: câncer de mama 1 (uma) mulher (3,3%); câncer de útero 3 (10%); câncer de colo de útero 3 (10%); outros tipos de câncer 6 (20%); hipertensão arterial crônica: 12 (40%); diabetes mellitus 11 (36,7%); tuberculose 2 (6,7%); infecção do trato urinário 16 mulheres (53,3%); doenças reais crônicas 2 (6,7%) e outros tipos de patologias 5 (16,7%). Conclui-se que a distância para se ter acesso a uma unidade de saúde para atendimento, contribui significativamente para a não adesão das mulheres ao exame Papanicolaou e se considera também um fator de risco para incidência de neoplasia.

 


Palavras-chave


Exame Papanicolau; Câncer;Útero