Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O DESAFIO PARA A QUALIDADE DE ENSINO EM ENFERMAGEM NO INTERIOR DO AMAZONAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Fernanda Farias de Castro, Miriam Elenit Lima de Fachin, Luzimere Pires do Nascimento, Maria de Nazaré de Souza Ribeiro, Laurimar Vinhote de Souza, Clerton Florêncio Menezes, Darlane Valério Pinto, Babara Pereira Pessoa

Última alteração: 2018-01-22

Resumo


APRESENTAÇÃO: O desafio para a qualidade do ensino em enfermagem vai além da formação de um profissional técnico e cientificamente competente. Deve estar articulado com as práticas sociais individuais e coletivas, requerendo flexibilidade e criatividades das práticas pedagógicas que capacitem os indivíduos para agir, diante da complexidade de situações do cotidiano do enfermeiro. A proposta de implementação de um curso de Bacharelado em Enfermagem no interior do Amazonas, vai de encontro às necessidades da população e de muitos jovens que desejam entrar no mercado de trabalho, configurando a descentralização e a democratização do ensino. Neste sentido, abre-se um novo horizonte na construção saberes mediados por uma prática crítica e reflexiva loco regional. O presente relato objetiva descrever a experiência da realização do Curso de Graduação em Enfermagem, oferecido no Centro de Estudos Superiores de Parintins da Universidade do Estado do Amazonas – CESP/UEA. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: O Curso de Graduação em enfermagem, turma especial, teve início no ano de 2013/2 e finalização em 2017/2 iniciando com 37 alunos e finalizando com 32 enfermeiros, sendo dois de etnia indígena. O desafio do trabalho realizado não estava relacionado com a estrutura curricular e o conteúdo das disciplinas, mas com a logística de infraestrutura, campo de prática e quadro de professores. Para o desenvolvimento do curso foi necessário aquisição de materiais de laboratório, livros e contratação de professores. O projeto Pedagógico do Curso está alicerçado nos parâmetros legais das Diretrizes e Bases Educacionais, vinculado à Escola Superior de Ciências da Saúde- ESA/UEA, que obteve nota cinco na avaliação do Conselho Estadual de Educação. Contou com professores do próprio Centro de Parintins para as disciplinas básicas e da ESA/UEA, para as disciplinas específicas de enfermagem. Aí começa o desafio, pois os professores precisavam reversar-se entre duas Unidades Acadêmicas e deslocar-se para Parintins, exigindo sempre um cronograma diferenciado. A maioria das disciplinas como Fundamentos de Assistência ao Paciente, Semiologia e Semiotécnica, Saúde do Adulto e Idoso, Saúde da Mulher, Pediatria e Saúde da Família e Coletividade ocorrem em Parintins. No entanto o município, não conta com Serviços de Saúde especializadas em algumas disciplinas como Neonatologia, Doenças Transmissíveis, Oncologia e Unidade de Terapia Intensiva, sendo necessário o deslocamento dos alunos para a capital. Esse deslocamento exigiu alojamento, alimentação transporte e seguro de vida para o bem estar dos alunos. Os alunos deslocaram-se para Manaus por três vezes, indo de barco ou lancha, sempre acompanhados da Coordenação do Curso. Essas viagens sempre foram um grande desafio, pois a responsabilidade era grande em fazer dar certo toda a logística e bom aproveitamento dos alunos nos conteúdos teóricos e práticos das disciplinas. Para os alunos, o desafio estava no desconhecido, nas viagens, nos campos de estágios diferenciados e mais complexos e na convivência com outros alunos. Outros desafios foram o estágio curricular urbano e rural. No Estágio Curricular Urbano, as oportunidades de aprendizagem das disciplinas foram bem aproveitadas, no sentido de haver demandas nas unidades de saúde do município. No Estágio Curricular Rural, última fase do curso, os alunos foram descolados em grupos para 5 comunidades rurais e 5 Polos de área indígena. Nesta modalidade os alunos tinha que morar nas comunidades ou área indígena por um período de 60 dias.  Esse foi o momento mais importante considerados pelos alunos, pois aí tiveram oportunidade de desenvolver todas as práticas e teorias das aulas, em atividades inerentes ao enfermeiro na Atenção Básica e em alguns casos no atendimento de urgência e emergência. Nesse estágio, realizaram campanhas educativas, consulta de enfermagem, curativos, suturas (quando não havia presença do médico na equipe), imunizações e visitas domiciliares. Essas visitas sempre eram realizadas em localidades ribeirinhas vizinhas, necessitando de transporte como canoas ou motor rabeta. Nos polos indígenas, o trabalho era mais difícil, tendo que caminhar por horas em trilhas na mata ou por canoas nos igarapés para ter acesso às aldeias. No relato dos alunos, para realizar este trabalho é necessário muito estímulo e boa vontade, pela dificuldade de acesso e deficiente comunicação com os índios. Durante a permanência nas comunidades rurais, todos os alunos desenvolveram projetos de extensão para maior alcance de todos os comunitários. Na finalização do curso realizaram pesquisa de campo para a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: O trabalho realizado pela Coordenação e professores para a formação de qualidade dos alunos de graduação em Enfermagem, turma especial do CESP/UEA em Parintins foi desafiador no sentido de romper barreiras pedagógicas, mediar e facilitar as atividades dialogando, problematizando e socializando as experiências com outras unidades acadêmicas, serviços de saúde e sociedades de modo geral, pois era importante divulgar o trabalho da enfermagem e assim tornar-se visível para à sociedade. A experiência para os professores foi inovadora considerando as múltiplas possibilidades interativas e métodos de ensino aprendizagem levando a reflexão de suas práticas enquanto docente e estimulando os alunos a refletirem também sobre o seu papel na sociedade. Para ao alunos, além da formação superior, durante todo processo de formação houve estímulos para o exercício do pensamento crítico, tomada de decisões e execução com responsabilidade das atribuições do ser enfermeiro. Os alunos foram estimulados a realizar projetos de ensino, extensão e pesquisa. No ensino a participação foi na realização de projetos educativos nas escolas e comunidades e cursos de capacitações nos serviços de saúde. Na extensão desenvolveram Semanas Científicas (Semana de Enfermagem e Semana de Ciência e Tecnologia), Exposição, Ações comunitárias a cada semestre. Abrimos destaque para os projetos de extensão desenvolvidos nas comunidade rurais, onde cada grupo planejou e desenvolveu um projeto de acordo com a necessidade de cada comunidade ou de cada área indígena, trazendo resultados significativos na mudança do perfil de saúde e procura de atendimentos pelos comunitários nos serviços de saúde, evidenciado pelas percentuais de atendimento no períodos em que os alunos estavam nas comunidades. Na pesquisa, os alunos tiveram oportunidade de participar de projetos de iniciação científica e elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso, a maioria com pesquisa de campo, gerando conhecimento sobre diversos temas relacionados à saúde e realidade local. Por fim, o benefícios da concretização e formação de 32 enfermeiros para a cidade de Parintins e outros municípios adjacentes colocou no mercado de trabalho profissionais com uma formação pautada no conhecimento técnico e científico, crítico e reflexivo, que utilizou as melhores tecnologias disponíveis para sua formação disponíveis. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Na formação acadêmica em enfermagem, os desafios foram inúmeros, tanto nos aspectos pedagógicos, quanto no atendimento às demandas de infraestrutura, recursos materiais e humanos. Um dos maiores desafios foi em desenvolver um curso tal qual os grandes centros urbanos, criando possibilidade inovadoras, atualizadas e ao mesmo tempo ao alcance da realidade local. Entendendo que a formação em enfermagem precisa ter por parte de todos os atores envolvidos uma postura sensível, ética, acolhedora e reflexiva, politicamente engajadas e socialmente transformadora, como preconiza as Diretrizes Curriculares de Educação. Por fim a experiência na realização do Curso nos remete a refletir sobre a superação ou não dos desafios na formação em Enfermagem. Não queremos apenas formar enfermeiros, mas formar enfermeiros com grandes potenciais transformadores e inovadores na resolução dos problemas emergentes das quais a enfermagem é responsável por cuidar.


Palavras-chave


Enfermagem, Ensino, Graduação