Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Conhecimento da doença celíaca por acadêmicos de nutrição de uma instituição de ensino superior
Pedro Oliveira Pinheiro, Ana Carla Ribeiro de Oliveira, Ana Luiza de Rezende Ferreira Mendes, Maria Raquel da Silva Lima, Indara Cavalcante Bezerra, Cleoneide Paulo Oliveira Pinheiro, Jéssica Karen de Oliveira Maia, Sammy Loraynn Oliveira Moura

Última alteração: 2018-01-22

Resumo


Introdução: A Doença Celíaca pode ser considerada mundialmente, como, sendo um problema de saúde pública. Caracteriza-se por uma reação inflamatória crônica, de natureza autoimune, que altera a mucosa do intestino delgado de indivíduos geneticamente suscetíveis, dificultando a absorção de macro e micronutrientes. Objetivo: Analisar o conhecimento dos acadêmicos de nutrição sobre a doença celíaca, sua terapêutica e complicações. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa. A pesquisa foi realizada no período de agosto de 2016 a junho de 2017. Participaram do estudo 12 alunos da graduação do curso de Nutrição matriculados na IES. Por se tratar de um estudo qualitativo o número de sujeitos do estudo obedeceu à saturação dos dados de maneira que a coleta de dados se deu somente até o número 12, sendo suspensa após por surgirem repetições de ideias. Como critérios de inclusão no estudo definiu-se por aqueles alunos que estavam concluindo o curso de Nutrição. Os critérios de exclusão foram os acadêmicos que não frequentem regularmente a instituição de ensino. A entrevista abordou as características sócio demográficas (data de nascimento, estado civil, ocupação, escolaridade), e uma questão ativadora aos alunos da Nutrição: qual conhecimento você tem sobre a doença celíaca? Esta foi gravada de acordo com o consentimento da entrevistada e durou o tempo necessário que o aluno pudesse falar e se sentir satisfeito com a entrevista, tendo em média de duração de 20 a 30 minutos, nos horários de término de aula ou conforme a disponibilidade do participante.  O local da coleta foi definido pelo respondente, em salas livres, silenciosas, sendo a entrevista descontraída, individualizada e livre de julgamento. Os estudantes eram dos turnos ofertados para o curso (manhã, tarde e noite). A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa do Centro Universitário Estácio do Ceará com o parecer número: 2.040.493 e seguiu as normas da Resolução 510/16 do Conselho Nacional de Saúde/MS das pesquisas das ciências sociais e humanas. Resultados: A sua maioria, onze dos entrevistados (92%) eram do sexo feminino e somente um (8%) era do sexo masculino. Quanto à faixa etária, observou-se que compreendia entre 22 a 39 anos, sendo prevalente a idade de 22 anos, representando 42% dos estudantes, evidenciando alunos relativamente jovens. No que se refere à condição civil, apenas quatro eram casadas e oito eram solteiras. A maioria dos entrevistados somente estuda, correspondendo a nove (75%) e três deles estudam e realizam atividades laborais como: farmacêutica, técnico em radiologia, estagiária de nutrição. Quando indagadas se conhecia a doença na totalidade dos alunos responderam que conheciam, porém mencionaram que ”só de ouvir falar” relacionando-o ao fator desencadeador, o glúten a doença, como se observa nas falas dos respondentes: [...] é aquela do glúten? Conheço somente de ouvir falar (E2).[...] já ouvi falar em sala de aula, mas admito que sei pouco sobre a doença (E12). O pouco conhecimento dos alunos do curso de Nutrição quanto à doença celíaca pode-se dever a divulgação da doença que só veio ser mencionada mais recentemente através das ações das organizações não governamentais. O desconhecimento profissional é um dos motivos pela alta prevalência dos casos de doença celíaca sem diagnóstico. Quando questionados sobre o que sabiam sobre a doença celíaca, observou-se que as respostas, semelhante à outra realidade pesquisada, não se aproximaram do conceito da doença. [...] A D.C. é uma doença na qual a pessoa não tem, não consegue absorver o glúten que é a proteína presente no trigo, na aveia, na cevada e no centeio (E1). [...] É uma doença onde as pessoas portadoras possuem uma sensibilidade ou uma intolerância total ao glúten (E2). [...] O que eu sei é que são pacientes que têm uma intolerância ao glúten, que é algum tipo de irritabilidade que eles têm ao glúten (E3). Quanto ao conhecimento dos sinais e sintomas da doença, os acadêmicos tiveram respostas bem variadas, porém demonstraram estar cientes dos danos acometidos por ela como esteatorréia, distensão abdominal, edema e importante letargia.[...] Desconforto abdominal, distensão abdominal, diarreia. Que eu lembre só (E4). [...] Se eu não me engano as pessoas sentem dor localizada, diarreia, abdômen distendido, não me lembro mais (E8). [...] Diarreia, inchaço abdominal, perda de apetite, anemia, em algumas crianças apresenta dificuldade no crescimento, gases, dor abdominal, fadiga, fraqueza (E12). A nutrição tem adquirido cada vez mais um papel relevante, tanto no desenvolvimento, como na alteração do percurso das doenças autoimunes como é o caso da doença celíaca. O o estado nutricional é bastante importante para o equilíbrio do sistema imunitário e, desde cedo, se relacionou a incidência de doenças específicas com deficiências nutricionais locais. Intervenção da nutrição na assistência ao doente celíaco. Os estudantes, respondentes das entrevistas, mencionaram da importância do acompanhamento da Nutrição na assistência e terapêutica a pessoa com a doença celíaca, para tanto é necessário o conhecimento dos profissionais nutricionistas mais aprofundado quanto a doença e suas implicações e complicações, devendo os discentes ter ciência que a parte essencial da terapêutica destes pacientes é o acompanhamento pelo nutricionista e sua intervenção.  Os alunos foram indagados quanto a intervenção do nutricionista nestes pacientes, como mostra as falas abaixo: [...] Procurar o nutricionista e fazer uma dieta com total ausência de glúten, fazendo com que ele tenha os benefícios necessários do dia-a-dia, reduzindo, zerando na realidade a quantidade de glúten, fazendo com que o paciente se alimente bem. Se ele não faz um acompanhamento nutricional isso faz com que ele tenha sintomas adversos. Então pra mim o melhor tratamento é ele procurar um nutricionista (E12). [...] Eu desconheço medicamento. Eu acho que é só dieta equilibrada, isenta desses nutrientes que causam inflamação maior no intestino do paciente (E11). Os estudos revelam a importância do acompanhamento do nutricionista para a qualidade de vida do celíaco. Quando indagados sobre quais são os alimentos permitidos na dieta isenta de glúten, observou-se um conhecimento insuficiente, como revelam as falas dos respondentes: [...] Batata doce, pães sem ter nada de trigo ou aveia, frutas, leites de modo geral e os cereais que não são do trigo (E3). [...] Tem que ter cuidado com os carboidratos simples e qualquer outro tipo de alimento que não contenha glúten. Ter cuidado com os integrais porque a grande maioria contém glúten (E8).No presente estudo, quando indagado aos respondentes sobre o diagnóstico da DC, afirmaram que:[...] São realizados exames específicos, mas antes disso, é retirado o glúten da alimentação para ver se tem uma melhora (E1). [...] É observacional. Com um tempo exclui total quando tem a suspeita. E depois coloca aos pouquinhos pra ver e chegar a uma conclusão (E9). [...] Só pode ser feito através de exames, pois tem muitos sintomas que confunde com outras intolerâncias como lactose. Só que eu lembro que demora muito o diagnóstico, então vai provocando mais a doença (E12). Os recentes avanços no conhecimento fisiopatológico da doença levaram à descoberta de novas e melhores técnicas de diagnóstico, de carácter não invasivo como, por exemplo, pesquisa de anticorpos anti-TG2 IgA no soro. Considerações Finais: Constatou-se, neste estudo, um conhecimento insuficiente pela maior parte dos participantes. Isso sugere a necessidade de os acadêmicos estarem revendo a construção de seus conhecimentos sobre essa doença, sua terapêutica e complicações.

Palavras-chave


Doença Celíaca; Alimentos, Dieta e Nutrição; Dieta Livre de Glúten.