Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-22
Resumo
Apresentação
A promoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis configuram-se como uma das diretrizes centrais da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN). Um dos caminhos possíveis para alcançar tais objetivos com grupos etários menores, tais como crianças e adolescentes, é explorar a escola como um ambiente privilegiado para a promoção da alimentação saudável. Embora os desafios sejam diversos, acredita-se que a implementação de ações intersetorias, longitudinais e transversais apresente resultados positivos.
Experiências exitosas referenciadas na literatura apontam para a necessidade de incluir atores estratégicos do ambiente macro estrutural que a escola está inserida nas ações de promoção da saúde. A abordagem dos contextos comunitários e familiares são imprescindíveis, devendo estar articulada com os componentes do ambiente escolar e com as práticas de educação em saúde. Neste sentido, um projeto de extensão intitulado “Infância Saudável” foi desenvolvido a fim de abordar a educação nutricional no âmbito escolar. As atividades foram desenvolvidas com o intuito de abranger o comportamento saudável tanto das crianças como dos próprios pais, tendo em vista que esses são os primeiros educadores e influenciadores nos hábitos alimentares de seus filhos.
Diante disto, o projeto de extensão objetivou desenvolver atividades educativas sobre a promoção da saúde e hábitos alimentares saudáveis com as crianças e com os pais e/ou responsáveis de pré-escolares de uma escola municipal do município de Coari /AM.
Desenvolvimento
O projeto de extensão institucionalizado no âmbito dos Programa Atividades Curricular de Extensão (PACE) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) foi implantado no segundo semestre de 2016 e contou com a participação de docentes e estudantes dos cursos de Nutrição, Fisioterapia e Medicina do Instituto de Saúde e Biotecnologia. A escola municipal Sandra Braga foi selecionada para realização de ações de educação em saúde, abrangendo como público-alvo as crianças de 4-6 anos, e os pais e/ou responsáveis de pré-escolares de uma escola municipal, situada em um bairro de alta vulnerabilidade social, para orientar sobre a importância da alimentação saudável e comportamentos alimentares, ressaltando os alimentos processados e ultraprocessados, os quais são consumidos pela maioria dessas famílias.
Foram realizadas reuniões para planejar as atividades, executá-las e em seguida confeccionados convites para a participação dos pais e/ou responsáveis dos pré-escolares. No encontro realizado com os pais, compareceram aproximadamente 40 em cada turno e todos foram identificados com placas coloridas que continham seus respectivos nomes com o intuito de estreitar os laços e valorizá-los. Em uma roda de conversa, compartilharam seus desafios e vivências cotidianas, com destaque para alimentação própria e dos filhos. Relataram como costumam realizar suas refeições, preferências alimentares e um dos aspectos mais evidenciados foram às limitações para o acesso a diversos alimentos.
Foi elaborado um jogo de perguntas e respostas, visando gerar ainda mais a participação e verificar o conhecimento dos pais sobre os alimentos e benefícios, principalmente os regionais. Alguns questionamentos foram: Para vocês, o que é ter uma alimentação saudável? Como é a alimentação do seu filho (a)? Qual é o seu papel na formação dos comportamentos, inclusive alimentares, das crianças? Tais questionamentos esclareceram a percepção dos pais e familiares quanto à alimentação dos filhos, seja dentro ou fora do âmbito escolar e o reconhecimento do seu papel na adoção dos hábitos.
Além disso, um painel lúdico e ilustrativo foi elaborado contendo informações sobre o teor de sódio e açúcares contidos em determinados produtos usualmente consumidos pelo público-alvo, em geral. Tal painel causou imenso impacto sobre a quantidade de sal e açúcares nestes produtos, onde foi ressaltado que pode acarretar sérios problemas à saúde e possíveis doenças crônicas.
Para a finalização das atividades, houve uma pequena palestra para tratar a respeito da alimentação saudável, partindo do preceito de se realizar as refeições em locais adequados e em família, horários indicados e a escolha por alimentos in natura e minimamente processados. Encerrou-se com um lanche, visando e incentivando o desenvolvimento saudável.
Com as crianças, as atividades educativas forem realizadas nos turnos matutino e vespertino, de acordo com o público – alvo, através da confecção de materiais didáticos, tendo como foco, atividades lúdicas que estimulam o aprendizado, do crescimento e desenvolvimento saudável.Realizou-se uma dinâmica para as crianças com o intuito de favorecer a integração dos participantes,Posteriormente, iniciou-se ação educativa nas salas de aula com a pergunta disparadora: “Porque comemos?” E as crianças responderam: “para crescer”, “para ficar forte”, mostrando que tinham pouco conhecimento sobre o propósito da alimentação saudável e seus benefícios. A partir de então foram introduzidos algumas noções básicas da alimentação saudável.
A partir disso, ocorreu à divisão dos alunos em quartetos e executou-se um circuito, com o intuito de aprendizagem, fixação e incentivo de hábitos saudáveis. Foram apresentados determinados alimentos os quais se classificaram em saudáveis e não saudáveis, posteriormente, aplicação de atividades educativas, iniciando pela árvore denominada “saudável” e outra “não saudável”, onde teriam que realizar em equipes, a montagem das árvores de acordo com os alimentos. Depois, foi feita a prática dos sentidos, introduzindo novamente alimentos saudáveis e percebeu-se que as crianças tem pouco conhecimento sobre as frutas. E, para terminar as atividades, introduziu-se uma prática estimulando a forma correta da lavagem das mãos.
Impactos
Acredita-se que o projeto pode contribuir para o acesso ao conhecimento sobre os prejuízos à saúde do consumo de alimentos ricos em sódio, açucare e gordura, bem como a importância e as possibilidades de adotar uma alimentação saudável em todas as fases da vida. Outro fator positivo foram as orientações sobre a questão de preparo dos alimentos, o acesso a alimentos regionais como peixes e verduras, que são de baixo custo e alto valor nutricional, e que podem ser incorporados nas dietas. Além disso, o projeto orientou a escola para estimulá-la a realizar ações educativas em saúde de forma continua e articulada com professores e profissionais de saúde do território. A inclusão dos pais/responsáveis como atores sociais protagonistas nas atividades educativas foi o grande diferencial para realização das intervenções educativas.No entanto, há de se destacar os desafios para a mudança de hábitos alimentares, tais como as limitações financeiras para adquirir alimentos, as preferências alimentares
Considerações finais
Pode-se afirmar que a execução do projeto reafirmou a conscientização sobre a importância da adoção de hábitos saudáveis nos públicos trabalhados. A abordagem das atividades desenvolvidas pelos acadêmicos e docentes dos cursos de saúde buscou utilizar estratégias que favorecessem o entendimento dos públicos trabalhados, recorrendo a recursos lúdicos, dinâmicos e a interativos. Vale ressaltar da necessidade da dar continuidade as atividades por intermédio da capacitação dos professores e gestores escolares e fortalecer os laços interinstitucionais e programas governamentais, como uma possíveis estratégias de superar os desafios da promoção da alimentação saudável.