Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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RASTREAMENTO DE DEPRESSÃO EM IDOSOS NA CIDADE DE PARINTINS – AM
Fernanda Farias de Castro, Hilare da Silva Menezes, Everaldo Ordones de Souza, Flavia Maia Trindade, Ghédria Loyanna Martins Batista, Evelin Gonçalves de Vasconcelos, Maria Euniziete Gadelha de Souza, José Silveira da Silva

Última alteração: 2018-05-30

Resumo


Apresentação: A perspectiva de vida dos idosos tem aumento nos últimos anos e mesmo com o acesso às informações na atualidade, observa-se que a velhice tem gerado uma série de desafios para os Sistemas Sociais e de Saúde. Além disso, as famílias e até mesmo o próprio idoso enxergam a velhice como um grande problema, o que de certa forma afeta seu estado físico e psicológico, na medida em que recai sobre o idoso uma sobrecarga um tanto desagradável. Refletindo sobre a carga preconceituosa do ser idoso, abrem-se vários elementos que instigam às discussões sobre o processo de envelhecimento. Primeiramente passa a enfrentar diversos problemas de saúde devido mudanças biológicas que ocorrem no organismo, seguido ou outros problemas como perda do status social e financeiro, emprego, abandono dos filhos, famílias pouco funcionais e perda da capacidade funcional e autonomia. O acúmulo desses fatores externos ou não do indivíduo pode resultar em depressão. A depressão é um transtorno mental comum que pode limitar os afazeres na vida diária, podendo ter resultados impactantes que vão desde apelos fisiológicos, como a danos emocionais gravíssimos, surtindo sempre o efeito negativo no idoso e elevado grau de sofrimento. O estudo resulta de uma pesquisa desenvolvida com idosos nos grupos de convivência da cidade de Parintins-AM, com o objetivo de realizar o rastreamento da depressão e correlacionar fatores de risco para o desenvolvimento da doença. O tema abre discussão sobre a disponibilidade de Serviços de Saúde capazes de atender os usuários do SUS acometidos com a doença, considerada pelo Ministério da Saúde como um problema emergente de Saúde Pública. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo, transversal, descritivo com abordagem quantitativa envolvendo idosos cadastrados nos grupos de convivência da cidade de Parintins os quais são coordenados pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Habitação (SEMASTH). A população estudada foi composta por idosos a partir de 60 anos de idade. De um total de 1.296 idosos cadastrados, foi extraído uma amostra estratificada de 296 participantes, com erro amostral de 5% e intervalo de confiança de 95%. Os procedimentos para a coleta de dados ocorreu em três momentos distintos. A primeira fase refere-se aos procedimentos legais para a execução do projeto como anuência, submissão ao CEP, a segunda fase cuidou dos critérios de elegibilidade dos participantes com a aplicação do Mini Exame do Estado Mental – MEEM para identificar aqueles com capacidade cognitiva preservada. A terceira fase foi a aplicação de um questionário contendo dados pessoais, dados socioeconômico, de saúde, hábitos de vida e a Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15). Para a interpretação dos resultados, o questionário GDS é válido de acordo com as respostas assertivas negativas e somado pontuação 1 para cada uma delas. A pontuação para avaliação dos resultados varia: de 0 a 5 o idoso é considerado normal, de 6 a 10 indica depressão leve e 11 a 15 a depressão grave. Na análise dos dados quantitativos foi calculada a média e o desvio-padrão para os dados que apresentavam distribuição normal por meio do teste de Shapiro-wilk ao nível de 5% de significância, já nos casos onde a hipótese de normalidade foi rejeitada foram calculados a mediana e os quartis (Qi). Na estimativa dos resultados dos instrumentos ainda foram calculados os respectivos Intervalos de Confiança ao nível de 95% (IC95%). Na comparação das proporções dos dados categorizados foi aplicado o teste do qui-quadrado de Person, e no caso de rejeição da hipótese de normalidade foram aplicados os testes de Mann-Whitney. A pesquisa foi aprovada no CEP sob nº 2.363.992. Resultados: Sobre o perfil do grupo estudado o gênero feminino alcançou maior percentual em relação ao masculino (60,5% e 39,5%), dado importante, considerando que a depressão acomete mais as mulheres. A faixa etária do grupo foi de 60 a 95 anos, com maior percentual de 65 a 75 anos, 50,7% eram casados ou união estável, 86,1% eram católicos com renda entre um a menos de dois salários mínimos, a maioria possui o ensino fundamental incompleto. Nesses aspectos a depressão é mais comum nos idosos que moram só, com baixa renda, no entanto a religiosidade é um aspecto protetor para a saúde mental. Sobre as condições de saúde as doenças autoreferidas foram hipertensão (50%), osteoartroses (19,6%) e Diabetes Melitus (16,9%). Quanto aos hábitos de vida 53,7% nunca fumaram e 58,1% não fizeram uso de bebidas alcóolicas e 64,5% realizavam atividades física. O uso de medicamentos, fumo álcool e falta de atividades física são fatores altíssimos de risco para depressão e outras doenças como a neoplasia. No grupo pesquisado menores percentuais apresentam essa problemática, mas o suficiente para causar danos à saúde mental. No rastreio da depressão por meio do GDS-15 (Escala de Avaliação Geriátrica de Yesavage) 13,5% (40) dos idosos referiram sintomas depressivos, sendo 12,8% (38) leve e 0,6% (2) grave. Ao realiza as comparações dos resultados do GDS-15 com os dados sócioeconômico, condições de saúde e hábitos de vidas, não houve relação estatisticamente significante. Para dados sobre a Funcionalidade familiar e se o idoso sofreu violência (dados de outro recorte da pesquisa), houve diferença estatística ao nível de 5% de significância (p=<0,001). A família como um alicerce para o bom desempenho pessoal, profissional e social de qualquer indivíduo não deve deixar de ser mensurada em uma avaliação sobre o risco para depressão em idosos, pois possui fortes influências na saúde mental, assim como se o idoso sofre violência, duas grandes causas preditoras de depressão que devem ser monitoradas. Considerações finais: A depressão em idosos considerada como a doença do século, afeta a saúde individual e familiar e precisa da soma de esforços e ações do setores públicos e de saúde, para diagnosticar e conduzir as pessoas que apresentam sintomas depressivos. Desse modo, a Atenção Primária à Saúde – APS, possui a maior responsabilidade em dar a devida assistência ao idoso e sua família, tendo a Estratégia e Saúde da Família – ESF como organizadora do serviço prestado aos usuários. Por meio da equipe multiprofissional da atenção básica e das visitas domiciliares recorrentes é que se pode encontrar o idoso debilitado, nesse cenário também ocorre a identificação dos fatores de risco que podem estar afetando sua saúde mental. A importância dada à pessoa com quadro depressivo contribui para o aprimoramento no que diz respeito ao tratamento disponibilizado, não somente na saúde mais também no estímulo para todas as áreas sociais com o foco na qualidade de vida. Independente do quantitativo de idosos rastreados com esses sintomas, é sempre importante o manejo adequado e treinamento das pessoas que lidam com os idosos. Nos grupos pesquisados, a formação dos monitores dos idosos precisa ser vista como prioritária e importante, e merecem atenção de caráter emergente. É importante destacar que as atividades nos grupos de convivência, também são meio de prestar informação e assistência à saúde e não só para as práticas lúdicas e atividades físicas. Os resultados deste trabalho, será disponibilizado para a SEMASTH a fim de subsidiar o planejamento das ações na prevenção e manejo da depressão em idosos.


Palavras-chave


Depressão, idoso, Rastreamento