Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-05-30
Resumo
Apresentação: A perspectiva de vida dos idosos tem aumento nos últimos anos e mesmo com o acesso às informações na atualidade, observa-se que a velhice tem gerado uma série de desafios para os Sistemas Sociais e de Saúde. Além disso, as famílias e até mesmo o próprio idoso enxergam a velhice como um grande problema, o que de certa forma afeta seu estado físico e psicológico, na medida em que recai sobre o idoso uma sobrecarga um tanto desagradável. Refletindo sobre a carga preconceituosa do ser idoso, abrem-se vários elementos que instigam às discussões sobre o processo de envelhecimento. Primeiramente passa a enfrentar diversos problemas de saúde devido mudanças biológicas que ocorrem no organismo, seguido ou outros problemas como perda do status social e financeiro, emprego, abandono dos filhos, famílias pouco funcionais e perda da capacidade funcional e autonomia. O acúmulo desses fatores externos ou não do indivíduo pode resultar em depressão. A depressão é um transtorno mental comum que pode limitar os afazeres na vida diária, podendo ter resultados impactantes que vão desde apelos fisiológicos, como a danos emocionais gravíssimos, surtindo sempre o efeito negativo no idoso e elevado grau de sofrimento. O estudo resulta de uma pesquisa desenvolvida com idosos nos grupos de convivência da cidade de Parintins-AM, com o objetivo de realizar o rastreamento da depressão e correlacionar fatores de risco para o desenvolvimento da doença. O tema abre discussão sobre a disponibilidade de Serviços de Saúde capazes de atender os usuários do SUS acometidos com a doença, considerada pelo Ministério da Saúde como um problema emergente de Saúde Pública. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo, transversal, descritivo com abordagem quantitativa envolvendo idosos cadastrados nos grupos de convivência da cidade de Parintins os quais são coordenados pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Habitação (SEMASTH). A população estudada foi composta por idosos a partir de 60 anos de idade. De um total de 1.296 idosos cadastrados, foi extraído uma amostra estratificada de 296 participantes, com erro amostral de 5% e intervalo de confiança de 95%. Os procedimentos para a coleta de dados ocorreu em três momentos distintos. A primeira fase refere-se aos procedimentos legais para a execução do projeto como anuência, submissão ao CEP, a segunda fase cuidou dos critérios de elegibilidade dos participantes com a aplicação do Mini Exame do Estado Mental – MEEM para identificar aqueles com capacidade cognitiva preservada. A terceira fase foi a aplicação de um questionário contendo dados pessoais, dados socioeconômico, de saúde, hábitos de vida e a Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15). Para a interpretação dos resultados, o questionário GDS é válido de acordo com as respostas assertivas negativas e somado pontuação 1 para cada uma delas. A pontuação para avaliação dos resultados varia: de 0 a 5 o idoso é considerado normal, de 6 a 10 indica depressão leve e 11 a 15 a depressão grave. Na análise dos dados quantitativos foi calculada a média e o desvio-padrão para os dados que apresentavam distribuição normal por meio do teste de Shapiro-wilk ao nível de 5% de significância, já nos casos onde a hipótese de normalidade foi rejeitada foram calculados a mediana e os quartis (Qi). Na estimativa dos resultados dos instrumentos ainda foram calculados os respectivos Intervalos de Confiança ao nível de 95% (IC95%). Na comparação das proporções dos dados categorizados foi aplicado o teste do qui-quadrado de Person, e no caso de rejeição da hipótese de normalidade foram aplicados os testes de Mann-Whitney. A pesquisa foi aprovada no CEP sob nº 2.363.992. Resultados: Sobre o perfil do grupo estudado o gênero feminino alcançou maior percentual em relação ao masculino (60,5% e 39,5%), dado importante, considerando que a depressão acomete mais as mulheres. A faixa etária do grupo foi de 60 a 95 anos, com maior percentual de 65 a 75 anos, 50,7% eram casados ou união estável, 86,1% eram católicos com renda entre um a menos de dois salários mínimos, a maioria possui o ensino fundamental incompleto. Nesses aspectos a depressão é mais comum nos idosos que moram só, com baixa renda, no entanto a religiosidade é um aspecto protetor para a saúde mental. Sobre as condições de saúde as doenças autoreferidas foram hipertensão (50%), osteoartroses (19,6%) e Diabetes Melitus (16,9%). Quanto aos hábitos de vida 53,7% nunca fumaram e 58,1% não fizeram uso de bebidas alcóolicas e 64,5% realizavam atividades física. O uso de medicamentos, fumo álcool e falta de atividades física são fatores altíssimos de risco para depressão e outras doenças como a neoplasia. No grupo pesquisado menores percentuais apresentam essa problemática, mas o suficiente para causar danos à saúde mental. No rastreio da depressão por meio do GDS-15 (Escala de Avaliação Geriátrica de Yesavage) 13,5% (40) dos idosos referiram sintomas depressivos, sendo 12,8% (38) leve e 0,6% (2) grave. Ao realiza as comparações dos resultados do GDS-15 com os dados sócioeconômico, condições de saúde e hábitos de vidas, não houve relação estatisticamente significante. Para dados sobre a Funcionalidade familiar e se o idoso sofreu violência (dados de outro recorte da pesquisa), houve diferença estatística ao nível de 5% de significância (p=<0,001). A família como um alicerce para o bom desempenho pessoal, profissional e social de qualquer indivíduo não deve deixar de ser mensurada em uma avaliação sobre o risco para depressão em idosos, pois possui fortes influências na saúde mental, assim como se o idoso sofre violência, duas grandes causas preditoras de depressão que devem ser monitoradas. Considerações finais: A depressão em idosos considerada como a doença do século, afeta a saúde individual e familiar e precisa da soma de esforços e ações do setores públicos e de saúde, para diagnosticar e conduzir as pessoas que apresentam sintomas depressivos. Desse modo, a Atenção Primária à Saúde – APS, possui a maior responsabilidade em dar a devida assistência ao idoso e sua família, tendo a Estratégia e Saúde da Família – ESF como organizadora do serviço prestado aos usuários. Por meio da equipe multiprofissional da atenção básica e das visitas domiciliares recorrentes é que se pode encontrar o idoso debilitado, nesse cenário também ocorre a identificação dos fatores de risco que podem estar afetando sua saúde mental. A importância dada à pessoa com quadro depressivo contribui para o aprimoramento no que diz respeito ao tratamento disponibilizado, não somente na saúde mais também no estímulo para todas as áreas sociais com o foco na qualidade de vida. Independente do quantitativo de idosos rastreados com esses sintomas, é sempre importante o manejo adequado e treinamento das pessoas que lidam com os idosos. Nos grupos pesquisados, a formação dos monitores dos idosos precisa ser vista como prioritária e importante, e merecem atenção de caráter emergente. É importante destacar que as atividades nos grupos de convivência, também são meio de prestar informação e assistência à saúde e não só para as práticas lúdicas e atividades físicas. Os resultados deste trabalho, será disponibilizado para a SEMASTH a fim de subsidiar o planejamento das ações na prevenção e manejo da depressão em idosos.