Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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OS IMPACTOS DAS RELAÇÕES FAMILIARES NA QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES APÓS O ENVELHECIMENTO
Daniela Teixeira de Souza Moreira, Cinoélia Leal de Souza, Elaine Santos da Silva, Vanda Gomes Santana, Roberta Lopes da Silva, Leandro da Silva Paudarco, Ane Carolline Donato Vianna

Última alteração: 2017-11-09

Resumo


Apresentação: o processo de envelhecimento possui um conceito muito amplo, mesmo identificado com aspectos cronológicos, vai mais além das questões biológicas, sendo fundamentado nas questões biopsicossociais de cada indivíduo e de determinados grupos socais, que abrangem características especificas, mesmo que estejam inseridos em mudanças sociais similares. Assim a velhice é um processo natural, indiscutível e que não pode ser evitado para a evolução do ser humano. Sabe-se que, o processo saúde/doença compromete a autonomia do idoso, pois, aumentam os custos financeiros e a necessidade de cuidados, que é mais frequentemente oferecido pela família, que desempenha um papel fundamental no suporte ao idoso dependente ou não. Conceitua-se família como um conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência, e que residem no mesmo domicilio ou sozinhas. Em relação às diferenças por sexo nas relações familiares e na constituição de novos laços familiares após o envelhecimento, percebe-se que os homens possuem uma tendência maior de se casarem do que as mulheres idosas, que em sua maioria se mantém viúvas ou solteiras, vivendo com familiares, com presença de comorbidades e, muitas vezes, com incapacidades funcionais. Por isso, torna-se importante compreender como a presença ou ausência da família interfere na qualidade de vida dessas mulheres. Diante do exposto, o presente estudo objetivou refletir sobre as implicações das relações familiares e a qualidade de vida das mulheres idosas. Nessa perspectiva, o objetivo do estudo foi refletir sobre as implicações das relações familiares na qualidade de vida das mulheres idosas numa população geral. Desenvolvimento: pesquisa quantitativa, descritiva transversal, realizada com 550 mulheres, em Guanambi-Bahia-Brasil, no ano 2016, com uso dos instrumentos de levantamento de dados: Mini-exame do estado Mental (MEEM), o World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-Bref) e um Diagnóstico Situacional.  A análise foi univariada, bivariada, com o teste de qui quadrado de Pearson, e regressão logística múltipla, com o software Stata versão 10.  A pesquisa foi realizada de acordo com a resolução n. 466 de 2012, do Conselho Nacional de Saúde, aprovada pelo Comitê de ética e Pesquisa da Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR), sob o protocolo CAAE: 50695415.5.0000.5578, e todas as participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).  Resultados: a amostra foi de 550 idosas, a maioria 292 (54%) estava na faixa etária de 60 a 75 anos de idade, sem companheiro (53,8), com escolaridade menor que 08 anos de estudos (93,3%), negras (54,4) e com renda de até um salário mínimo (60,4%), 12,5% ainda tem ocupação remunerada e 80,9% estão aposentadas. Quanto aos filhos, 96, 4% possuem filhos, no entanto apenas 48,7% moram com os filhos. Em relação à percepção da qualidade de vida 373 (68,4%) das idosas considerou adequada, e dentre as características sócio demográficas apenas a renda familiar apresentou associação com a qualidade de vida. Em relação à percepção da qualidade de vida 68,4% das idosas consideraram adequadas. Sobre o suporte familiar, foi observado que a maioria das idosas não tem cooperação dos familiares com 71, 8%, 72,2% e 72,4% de não cooperação com recursos financeiros, tratamento medicamentoso e redução do risco para acidentes domésticos. A sociedade padroniza deveres e direitos, permissões e proibições para cada fase cronológica da vida humana e a velhice é sem dúvida, a fase da vida que é mais castrada de seus direitos e satisfações. Decorrentes do grande número de indivíduos idosos, algumas discussões não podem passar despercebidas nesse âmbito, principalmente em relação às propostas do poder público em garantir políticas sociais que ofereçam um suporte aos idosos e suas famílias. Isso envolve providências urgentes onde deve haver um maior planejamento das cidades e adaptações dos espaços públicos, regulamentação do sistema previdenciário, avanços da medicina e uma maior estruturação no âmbito familiar e o seu papel para o cuidado com estes. A avaliação da qualidade de vida teve uma diferença significativa quando associado ao apoio familiar recebido pelas idosas. Em sua maioria, as idosas afirmaram não receber suporte mesmo esse grupo de mulheres sendo considerado o que mais necessita da rede de cuidados dos serviços de saúde e da família. Pôde-se constatar que as idosas têm uma boa percepção sobre a sua qualidade de vida, apesar de relatarem que tem pouca cooperação ou apoio por parte dos familiares. Essa situação pode estar relacionada à visão da idosa sobre o que é envelhecimento, visto que muitas vezes as idosas e a própria sociedade percebem a solidão como um acontecimento já esperado na terceira idade.  As relações familiares são de suma importância para os idosos, pois favorece ao idoso uma autonomia, bem-estar e autoestima auxiliando para a construção de uma velhice ativa e saudável, influenciando diretamente para uma melhor qualidade de vida.  Há que se considerar também que muitos idosos não possuem família, ainda há outros cujos familiares que carecem de recursos financeiros, ou seus familiares necessitam trabalhar, e que não podem afastar do mercado de trabalho para assumir determinado compromisso, o que faz com que haja um crescente número de idosos que moram sozinhos. Portanto, a condição de morar só para os idosos, pode ser associada a uma redução na qualidade de vida e a um agravamento de morbidades, constituindo, até mesmo, um indicador de risco de mortalidade. Muitas das famílias também não têm condições, sociais, psicológicas nem mesmo recursos financeiros ou humanos para cuidar do seu familiar idoso, levando os para asilos para serem cuidados por terceiros podendo influenciar condições de vida e no seu agravamento, levando em consideração principalmente os idosos que não possuem direito de opinar sobre sua escolha de ir ou não para esses abrigos. Considerações finais: a família, enquanto sinônimo de cuidado, deve estar preparada para atender as demandas das idosas, sobretudo as que possuem alguma morbidade, porém é importante que o familiar cuidador tenha também vida própria e não viver em função do idoso dependente. Este quesito só funcionará se houver uma troca entre os membros familiares e este idoso também tenha um acompanhamento multidisciplinar e especializado por parte dos serviços sociais e de saúde. Cabe destacar que, as políticas públicas que tratam do processo de envelhecimento saudável, devem incluir a sensibilização da família e da sociedade que requer uma atenção específica nesse sentido.

REFERÊNCIAS

BATISTA, N. C.; CRISPIM, N. F. A interferência das relações familiares no processo de envelhecimento: Um enfoque no idoso hospitalizado. Revista Kairós Gerontologia, v. 15, n. 5, p. 169-189, 2012.

DIAS, D. S. G. D.; CARVALHO, C. S.; ARAÚJO, C. V. Comparação da percepção subjetiva de qualidade de vida e bem-estar de idosos que vivem sozinhos, com a família e institucionalizados. Rev. bras. geriatr. gerontol.,  Rio de Janeiro, v.16, n.1, p.127-138,  Mar.  2013.

SILVA, Kelly Maciel; SANTOS, Silvia Maria Azevedo dos; SOUZA, Ana Izabel Jatobá de. Reflexões sobre a Necessidade do Cuidado Humanizado ao Idoso e família. Sau. &Transf. Soc., Florianópolis, v.5, n.3, p.20-24, 2014.


Palavras-chave


Envelhecimento; Relações Familiares; Qualidade de Vida; Saúde da Mulher; Família.