Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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HANSENÍASE: DIAGNÓSTICO TARDIO E SUBNOTIFICAÇÃO NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM NO OESTE DO PARÁ
Glauciney Pereira Gomes, Valney Mara Gomes Conde, Claudio Guedes Salgado, Guilherme A. Barros Conde

Última alteração: 2017-10-30

Resumo


Introdução: No Brasil, o serviço de saúde é responsável por diagnosticar a hanseníase, encontrar casos ativos da doença, acompanhar os contatos dos pacientes, realizar o tratamento e prevenção de incapacidades das pessoas afetadas pela hanseníase, mas apenas 42% do total da população do Pará é coberta por estes serviços. Este cenário sugere que podem haver muitos pacientes portadores de hanseníase não diagnosticados no Estado, que estão perpetuando a transmissão do bacilo. Neste contexto o trabalho tem como objetivo analisar os dados epidemiológicos da hanseníase registrados e sua relação com o diagnóstico tardio e a subnotificação no município de Santarém entre os anos de 2006 à 2014. Metodologia: Foram utilizados os dados epidemiológicos de pacientes notificados com Hanseníase, na zona urbana do município de Santarém, na base do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) entre os anos de 2006 a 2014. De acordo com os dados analisados, foram calculados os indicadores epidemiológicos da doença e analisado a relação destes indicadores com a ocorrência do diagnóstico tardio e com a subnotificação de casos. Resultados: No município de Santarém foram notificados 546 casos da doença no período de 2006 a 2014. Nos últimos 4 anos do período estudado, os números de casos detectados vem diminuindo, mas o coeficiente de detecção ainda continua acima de 1.55, caracterizando a região como hiperendêmica. Também observa-se que a quantidade de casos notificados em menores de 15 anos foi em média 4.88 casos por ano, totalizando 44 casos (8.06%) nesta população. A ocorrência de casos em pacientes menores de 15 anos é um importante indicador da existência de outros casos de hanseníase principalmente entre os contatos mais próximos destes. Quanto as características clinicas e epidemiológicas da doença no município a partir dos casos notificados, observou-se que a forma clínica com maior predominância foi a forma dimorfa com 247 registros (45.24%), mas se forem somadas as formas dimorfa (45.24%) e virchowiana (16.67%), que são as formas disseminantes da doença, chega-se a maioria dos casos com a proporção de 61.90%. Outro indicador, a classificação operacional, apresentou 352 (64.5%) pacientes diagnosticados como multibacilares (MB) enquanto que 194 (35.5%) foram diagnosticados como paucibacilares (PB). Os resultados sugerem que embora os casos notificados de hanseníase em Santarém estejam diminuindo nos últimos 4 anos, não significa diminuição da doença, mas uma redução na detecção de casos novos, uma vez que estes casos foram detectados tardiamente já na forma disseminante. Conclusão: Os dados epidemiológicos da hanseníase mostram que o diagnóstico ainda está sendo realizado de maneira tardia devido à quantidade de casos multibacilares detectados e a existência de casos em menores de 15 anos. Além disso, a diminuição da detecção de casos e a notificação destes nas formas disseminantes da doença também tem uma forte correlação com a subnotificação de casos de hanseníase em Santarém.

Referências

BARRETO, J. G.; et al. High rates of undiagnosed leprosy and subclinical infection amongst school children in the amazon region. Mem Inst Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Vol. 107(Suppl. I): 60-67, 2012.


Palavras-chave


Hanseníase;Subnotificação; Paucibacilares; Multibacilares.