Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERCEPÇÃO DA IDOSA SOBRE A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE SEXUAL
Ane Carolline Donato Vianna, Cinoélia Leal de Souza, Roberta Lopes da Silva, Vanda Santana Gomes, Elaine Santos da Silva, Leandro da Silva Paudarco, Daniela Teixeira de Souza Moreira

Última alteração: 2017-10-30

Resumo


Introdução: a população mundial passa por uma reestruturação demográfica, no qual a população idosa continua aumentando. O último Censo de 2010 estimou uma ampliação no número de idosos até 2060, que poderá ser aproximadamente 74 milhões, representando 33,7% da população. A expectativa de vida dos brasileiros alcançou 73,1 anos, e as ações de saúde devem acompanhar essa mudança. Por isso, o idoso deve ser compreendido como ser integral que possui direitos, deveres, necessidades, valores e costumes que devem ser respeitados, sendo atendido de forma holística, com objetivo de melhorar sua qualidade de vida. A sexualidade é uma das necessidades humanas e excede o ato sexual, sendo capaz de ser expressa de diferentes formas, desde como a pessoa desfruta da sua sexualidade e como lida com a mesma, além da troca de carinhos à prática sexual. Muitas vezes falar sobre sexualidade ou saúde sexual traz resistência tanto do profissional de saúde quanto do usuário dos serviços, enraizado pela cultura e valores da população, o que dificulta na disseminação de conhecimento sobre a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, os cuidados com as mamas, a higiene da área genital diariamente, antes e após a prática sexual, a modificação de hábitos e consequentemente, uma melhora na forma de viver sua saúde sexual. A mulher passa por fases no ciclo biológico e cada uma apresenta suas especificidades, o que sucede em alterações bioquímicas, fisiológicas e físicas, principalmente a idosa que está mais vulnerável, necessitando de cuidados não apenas físicos, mas também psicológicos. Esse contexto engloba o que ocorre na menopausa, decorrente da variação de alguns hormônios necessários para a saúde da mulher, como a diminuição da produção de estrogênio, que pode ocasionar as dores de cabeça, a irritabilidade, alguns sintomas depressivos, presença de ondas de calor ou suores frios, o vaginismo e a dispareunia, a involução dos órgãos reprodutores, a atrofia da vulva, das tubas uterinas, da vagina, dos ligamentos pélvicos e a flacidez das mamas, que irão afetar como a mulher vive sua saúde sexual. Para acompanhar a mulher em todas essas fases, a Estratégia de Saúde da Família deve buscar, através da promoção da saúde, orientá-las e apoiá-las. Sendo assim, através do conhecimento da realidade e particularidade da mulher, será capaz de resultar em melhorias na promoção da saúde, com foco nas necessidades descritas pelas voluntárias deste trabalho, para tentar trazer para esse público melhor resultados do ponto de vista das mulheres idosas. Nesse sentido, este estudo objetivou analisar a atuação do enfermeiro na promoção da saúde sexual da mulher idosa na atenção básica, no município de Guanambi, no estado da Bahia. Desenvolvimento: trata-se de um estudo qualitativo descritivo exploratório, no qual foram entrevistadas 50 mulheres idosas do município de Guanambi. Os dados foram analisados segundo a técnica de análise de conteúdo, que foi dividida em ordenação e transcrição das entrevistas, classificação e agrupamento dos dados e criação das categorias de análise, e por fim, foi realizada a análise propriamente dita e descrição dos resultados. Resultados: de acordo as entrevistadas, os enfermeiros da atenção básica não possuem o hábito em falar sobre temas como sexualidade e saúde sexual com o público acima dos 60 anos e não transmitem as orientações adequadamente, o que faz com que algumas barreiras se transformem em obstáculos maiores e a possibilidade de realizar algum ato com erros, torna-se maior. As idosas relataram que se sentem reprimidas e intimidadas quando se deve discorrer sobre esses temas, tanto em relação aos profissionais quanto pela sociedade, em razão de que estão inseguras e preferem continuar com as diversas dúvidas a romper o preconceito e questionar, possuindo até o momento a ideia de que a sexualidade se resume no ato de procriar ou reproduzir e de dar prazer ao parceiro fixo ou não, excluindo o fato de ser prazeroso para si mesmo. Apesar desse posicionamento, o grupo mostrou entendimento que essas barreiras podem dificultar a ação do profissional, o que agrava quando o profissional de enfermagem da atenção básica é do sexo masculino. Dentre as sugestões das voluntárias para modificar o atendimento e discussão sobre esses assuntos, está o fato de que os profissionais de saúde possam ofertar palestras, salas de espera e rodas de conversas entre grupo de idosas da mesma idade, além das consultas de enfermagem, num espaço de vínculo e confiança, de forma a esclarecer os problemas, dificuldades e inseguranças referentes à saúde sexual.  Sabe-se que, os profissionais de enfermagem que atendem na atenção básica devem ter a capacidade de estabelecer relações e vínculos de cuidado baseados em princípios como a empatia, o respeito mútuo, a congruência, a escuta ativa, a confrontação, a aceitação incondicional da pessoa e a autenticidade, além de haver capacitação para melhor didática com o público, visando o aumento da compreensão e do empoderamento feminino, agindo não somente no acompanhamento de doenças crônicas, mas assistindo a usuária como ser integral.  A falta de informação, a vergonha e o preconceito das idosas em relação a sua idade associada à saúde sexual faz com que haja dificuldades em dialogar sobre o tema. O envelhecimento traz consigo alterações que podem interferir na vivência da sexualidade, como a flacidez tegumentar, o embranquecer dos pelos, a perda dos dentes, o surgimento das doenças crônicas, o uso de medicamentos, a diminuição da libido, o declínio do padrão de atividade, o vaginismo, a dispareunia e a disfunção erétil. Considerações Finais: O significado de sexualidade e a forma como cada uma vive é diferente para cada idosa. Por esse motivo, o enfermeiro deve estar capacitado para lidar com diversas situações, desde a vergonha em falar sobre, a dificuldade em transmitir informações, além do preconceito e da censura que há acerca desses temas. Dentre as ações de enfermagem para promoção da saúde sexual, poderá ser realizada a educação permanente, o uso de oficinas, a construção de grupos de apoio e a propagação das orientações necessárias para melhora ou estabilização da saúde sexual, com pretensões de suprir as necessidades da usuária e promover o envelhecimento equilibrado. A enfermagem tem nas mãos ferramentas importantes para lidar com o declínio das mudanças do corpo e do organismo decorrente do envelhecimento que são as mudanças hormonais e metabólicas, principalmente os que afetam diretamente a sexualidade da mulher idosa. Essa transição gera dúvidas, desequilíbrios e angústia, e cabe aos profissionais atuarem no preparo psicológico, emocional, e também dar suporte e alternativas para amenizar as mudanças físicas e encaminhar quando necessário.

 

REFERÊNCIAS

 

CUNHA, L. M. et al. Vovó e vovô também amam: sexualidade na terceira idade. Rev Min Enferm., v. 19, n. 4, 2015.

 

LUZ, A. C. G. et al. Comportamento sexual de idoso assistidos na estratégia saúde da família. Res: Fundam. Care, v.7, n. 2, Rio de Janeiro, 2015.

 

MARQUES, A. D. B. et al. A vivência da sexualidade de idosos em um centro de convivência. R. Enferm. Cent. O. Min., v.2, n.3, 2015.

 

SILVA, E. M. de M. L.; OLIVEIRA, D. M.; PEREIRA, N. da S. Olhar de enfermeiro na atenção primária de saúde: prática sexual na terceira idade. Temas em Saúde. João Pessoa, v. 17, n. 1, 2017.

 


Palavras-chave


Saúde da Mulher; Saúde Sexual; Idosa