Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Análise de dados: monitoramento da oferta de Testes Rápidos para rastrear e/ou diagnosticar HIV e Sífilis um desafio para integração da Atenção Básica e Vigilância em Saúde
Eliane Nogueira Campos

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Os Testes Rápidos para diagnóstico da infecção do HIV e triagem de sífilis, compõe um conjunto de estratégias do Ministério da Saúde visando a qualificação e a ampliação do acesso da população ao diagnóstico do HIV e detecção da sífilis, podendo ser ofertado na rede de atenção básica, o que antes era feito só em ambiente de laboratório. Os Testes Rápidos também podem ser encontrados além das unidades básicas de saúde tradicionais e Estratégia Saúde da Família, em maternidades, Centros de Testagem Anônima (CTA) Serviço de Assistência Especializado (SAE), policlínicas e hospitais os profissionais são de saúde pela equipe da Secretaria de Saúde. Os Testes Rápidos são disponibilizados pelo programa de IST/AIDS da Secretaria de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde para todo país e executado pela assistência à saúde. Os dados de produção de serviço envolvendo a execução dos Testes Rápidos são captados pelas equipes de atenção básica através do Sistema de Informação da Atenção Básica no SUS (SIASUS). O HIV e a sífilis (em gestante, adquirida e congênita) são de notificação compulsória e monitorados pela Vigilância em Saúde, mais especificamente no componente epidemiológico através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).  A implantação do Teste Rápido para diagnóstico de HIV e triagem de sífilis na atenção básica tem como objetivo a ampliação do acesso da população ao diagnóstico do HIV e da sífilis o mais cedo possível, tendo em vista o início precoce de tratamento e a quebra da barreira de transmissão. Manaus a partir do ano de 2009 passou a ter a responsabilidade de Vigilância em Saúde de seu território e desde então vem empreendendo várias estratégias para efetivar a integração das ações da atenção básica e vigilância em saúde, sendo uma das ações a implantação do Teste Rápido nas unidades de saúde. Em 2015 foi instituído na Secretaria Municipal de Saúde o monitoramento de 23 indicadores básicos como prioridade, entre eles a oferta de testes de HIV (testes rápidos e sorológico), exames para identificar sífilis em gestante (teste rápido e sorológico), nesses três últimos anos podemos observar maior oferta pela atenção básica. Apesar do monitoramento da Secretaria Municipal de Saúde ficar mais intenso e envolver a própria equipe de atenção básica a partir de 2015 analisamos dados desde 2013 e observamos os seguintes números: em 2013 a atenção básica realizou 58 testes rápido em apenas 3 unidades de saúde sendo uma delas a Unidade de Saúde Fluvial Semsa IV. Em 2014 há registro no SIASUS de 1.154 teste realizados passando para 26 unidades oferecendo o serviço. 2015 foram feitos 6.627 testes em 44 unidades de saúde. 2016 13.192 testes em 83 unidades e em 2017 (até 31 de agosto) já foram realizados 12.545 em 112 unidades de saúde, totalizando 33.576 testes rápidos realizados pela atenção básica. Apesar do aumento significativo ainda não conseguimos ofertar 2 testes para detecção de sífilis (teste rápido ou sorológico) por gestante, o protocolo do pré-natal preconiza ofertar um exame no primeiro e outro no terceiro trimestre de gravidez. O parâmetro de exames a ser realizado no ano corrente é estabelecido pelo número de nascidos vivos do ano anterior que é definido pelo Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC), a média de nascimento por ano é de 40.000 nascidos vivos. Quando avaliamos o total de exames realizados para diagnostico de sífilis em gestante (TR mais VDRL) o número sobe para 37.444, e outros exames para detecção de sífilis na população geral (TPHA, VDRL, FTABS-IGG, FTABS-IGM e TR) realizados em Manaus somam um total de 1.397.105 no período de 2013 a agosto de 2017. Uma outra informação importante é as notificações de sífilis em gestante que no período de 2013 a agosto de 2017 foi de 4.058 registros no SINAN. Uma das grades dificuldades na análise de testagem seja teste rápido ou sorológico é que o SIASUS não nos indica se o exame realizado é do primeiro trimestre ou terceiro ou ainda se é de acompanhamento de tratamento, é possível que o número de gestantes testadas seja ainda menor. Quanto ao Teste Rápido para HIV foram realizados 211.227 testes rápidos no período de 2013 a agosto de 2017, sendo: 2013 houveram 308 registros em 9 unidades de saúde. Em 2014 foram 5.217 testes realizados em 36 unidades de saúde. 2015 14.490 testes registrados no SIASUS em 82 unidades de saúde. 2016 encontramos 24.622 registros de teste rápido em 102 unidades de saúde. Desse volume de testas rápido realizado pela atenção básica 33.573 foram realizados em grávidas, não sendo possível identificar por esse sistema de informação a positividade de exames. Não é possível identificar testes realizados especificamente em pacientes de tuberculose. Quando somamos todos os tipos de exames realizados em Manaus no período estudado (WESTERN BLOT, ELISA, IMUNOFLORESCENCIA, TR GESTANTE, TR GERAL) contamos 660.418 exames realizados. A oferta de exames para diagnostico de HIV é um indicador monitorado em todo brasil e calculado a partir do incremento de 15% dos exames realizados no ano anterior (somando testes rápidos e sorológico), deve ser oferecido para toda população, porém as grávidas e pacientes que iniciarem o tratamento para tuberculose devem ser testados 100% das gravidas e dos casos novos de tuberculose a partir da detecção. No SINAN encontramos 8.457 registros de HIV/AIDS. Encontramos grandes dificuldades para essa simples análise, entre essas dificuldades está o registro inadequado da produção de dados dos profissionais da atenção básica, o sistema de informação utilizado pela atenção básica SIASUS tem duas entradas, a primeira utilizada pelas unidades de saúde tradicional é o Gerenciamento de Informação Local (GIL) que ainda tem duas formas de transmissão para o agregador (SIASUS) Boletim de  Produção Ambulatorial Consolidado (BPA-C) e Boletim de Produção Ambulatorial Individual (BPA-I), e a Estratégia Saúde da Família utiliza o e-SUS que estando em fase de implantação a partir de 2014 somente em 2016 começou a captar os dados de produção de serviço de testes rápidos realizados na unidade de saúde, isso nós uma dado diferente do que a coordenação de IST/AIDS informa de que há implantação de serviço em 100% das unidades e o que encontramos de registro no SIASUS. Quando avaliamos e comparamos BPA-C e BPA-I temos uma perda de registro de mais de 70% o que impacta sensivelmente de forma negativa o indicador tendo em vista que a produção de dados das unidades hospitalares não são computados no BPA-I. Outra grande dificuldade encontrada a falta de comunicação dos sistemas de informação que captam a produção de serviço da vigilância em saúde e da atenção básica de saúde, os sistemas de informação mais usados pelo serviço de saúde não são online o que pro SINAN é um dificultador, pois são 48 agravos de notificação compulsória e cada uma tem uma ficha específica. Uma outra dificuldade é a inabilidade ou sensibilidade dos profissionais em análise de dados. A análise de dados e a produção da informação tem um papel importante na gestão dos serviços de saúde para apoiar a tomada de decisão, os modos de produção da informação e de sua análise no cotidiano do serviço e é fundamental para chamar atenção dos atores nela envolvidos permitindo a reflexão sobre o seu cotidiano dando-lhe um norte para pensar sua prática e os resultados do seu trabalho.

Palavras-chave


hiv, sifilis,gestante, atenção básica, vigilancia, sistema de informação