Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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EXPERIÊNCIA ACADÊMICA NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE PEDIÁTRICO COM LEISHMANIOSE VISCERAL.
Alana Dias, Izabela Silveira, Edficher Margotti

Última alteração: 2017-11-14

Resumo


APRESENTAÇÃO: A leishmaniose visceral, também conhecida como Calazar, é uma doença crônica sistêmica, causada pelo protozoário do gênero Leishmania, espécie Leishmania Chagasi. Essa é transmitida pelo inseto flebótomo Lutzomia Longipalpis, que se alimenta de sangue do cão, do homem, de outros mamíferos e aves. Seu período de incubação varia de 10 a 24 meses, sendo em média de 2 a 4 meses. O Ministério da Saúde registrou no ano de 2016 no Brasil 3.200 casos da doença, na região Norte foram 578 e no Pará no mesmo ano se registrou 341 novos casos, um fator de suma importância é que 80% dos casos em áreas endêmicas ocorrem em crianças com menos de 10 anos. Os aspectos clínicos apresentam a forma oligossintomática e a clássica, porém o número de casos graves ou clássicos é relativamente pequeno em relação à outra. Na oligossintomática observa-se adinamia, febre baixa ou ausente, hepatomegalia está presente e a esplenomegalia quando detectada é discreta. Não se observa sinais de sangramento. Na forma clássica apresenta-se febre, astenia, adinamia, anorexia, perda de peso e caquexia. A hepatomegalia é acentuada micropoliadenopatia generalizada, intensa palidez de pele e mucosas, como consequência severa anemia. Observa-se quedas de cabelos, crescimento e brilho dos cílios e edema de membros inferiores. O diagnóstico é clinico epidemiológico e laboratorial. Esse último se baseia em exame sorológico de aglutinação direta (DAT), reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e ensaio enzimático (ELISA); parasitológico, o qual é realizado em material de biopsia ou punção aspirativa do baço, fígado, medula óssea ou linfonodos, exigindo treinamento para sua prática, exames inespecíficos: hemograma, dosagem de proteínas. O tratamento de primeira escolha são os antimoniais penta-valentes (antimoniato de N-metil-glucamina). Quando não houver melhora do quadro, a droga de escolha é Anfotericina B, usada sob orientação e acompanhamento médico em hospitais de referência, em virtude de sua toxicidade. Como medidas de prevenção ao homem: estimular medidas de proteção individual, tais como: repelentes, mosquiteiros de malha fina, bem como evitar se expor nos horários de atividade do vetor (crepúsculo e noite). Medidas simples para reduzir a proliferação do vetor a exemplo de limpeza urbana, eliminação de fonte de resíduos sólidos e destino adequado, eliminação de fonte de umidade. Além do controle da população canina errante. A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) torna-se importante devido ao planejamento de ações inter-relacionadas que visam a assistência ao paciente divididas em quatro fases: histórico, diagnóstico, planejamento e avaliação de enfermagem. Sua implementação proporciona ao paciente pediátrico acometido de leishmaniose visceral uma assistência de qualidade, onde os atendimentos às suas necessidades serão realizados. Dado ao exposto, o trabalho tem como objetivo relatar a experiência dos acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal do Pará (UFPA), vivenciada durante uma abordagem a um paciente pediátrico com Leishmaniose Visceral, utilizando-se da SAE em relação ao seu estado atual. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de estudo descritivo do tipo relato de experiência, de cunho avaliativo para a atividade curricular Enfermagem em Pediatria, da faculdade de enfermagem da Universidade Federal do Pará. O local do estudo foi o Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), referência em doenças infectocontagiosas e parasitárias no Estado do Pará. A experiência se deu em outubro de 2017. Foi aplicada taxonomia da NANDA, NOC e NIC através do processo de enfermagem. As informações coletadas foram analisadas e em seguida identificados os diagnósticos de enfermagem, indicado os resultados desejados e proposto as intervenções de enfermagem. O paciente foi escolhido de maneira aleatória e ao primeiro contato, foram coletadas as informações sobre o seu estado atual. Pré-escolar, 3 anos, sexo masculino, diagnosticado com Leishmaniose Visceral, internado há 29 dias, proveniente da cidade de Garrafão do Norte –PA. No momento da anamnese, segundo a progenitora, criança não referiu nenhuma queixa.  A criança apresentava se consciente e orientado, calmo e comunicativo, ativo e reativo, nutrido e hidratado, sono e repouso preservados, eliminações vesicais e intestinais presentes e em fralda, os achados que tiveram maior ênfase durante o exame físico foram a presença de placas escuras na arcada dentária, hematomas no dorso da mão esquerda, sinais flogísticos no local do acesso venoso periférico que se encontrava no membro direito; abdome distendido, com veias visíveis. Posteriormente, foi usado o prontuário a fim de identificar o histórico da criança, motivo da internação, manifestações clínicas na admissão, exames laboratoriais e de imagem, o tratamento realizado e evolução do quadro clinico. RESULDADOS: Após análise dos dados e problemas apresentados, foram traçados os seguintes diagnósticos de enfermagem: Risco de infecção e Integridade da Pele Prejudicada, relacionados aos procedimentos invasivos; Conforto alterado, relacionado aos sintomas relativos à doença evidenciado no desconforto ao abdome distendido; Dentição Prejudicada, relacionada a higiene oral inadequada e agentes farmacológicos evidenciada pelo excesso de placas na arcada dentária; Déficit no autocuidado relacionado a incapacidade de fazer sozinho a higiene corporal e alimentação evidenciado pela idade da criança. Espera-se atingir os seguintes resultados: Controle da doença até a regressão da mesma impedindo o agravamento, diminuir os riscos de infecção; integridade da pele dentro da normalidade; diminuição ou retirada de toda placa escurecida da arcada dentária e higienização da forma adequada, padrões nutricionais normais; higienização corporal adequada; e eliminar do risco de queda. Para obter tais resultados, foram apontadas as seguintes intervenções: Aferir e registrar os sinais vitais, trocar o acesso venoso periférico, bureta e equipo a cada 72H ou se necessário; fazer curativo do acesso periférico e avaliar o aparecimento de sinais flogísticos; Controle dos sintomas da doença e propiciar um ambiente confortável; estimular e orientar a higiene oral adequada com antisséptico bucal e encaminhar para odontologia; observar e comunicar distensão abdominal. Outras intervenções foram indicadas levando em conta a idade do paciente, como: realizar higiene corporal; auxiliar no autocuidado; auxiliar na alimentação; manter grades do leito elevada. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A experiência vivenciada foi de suma importância para ampliação do nosso conhecimento, possibilitando através da SAE a oferta de um atendimento holístico e pautado em bases científicas a um paciente pediátrico com Leishmaniose Visceral. Foi perceptível durante o acompanhamento do caso a importância do enfermeiro nos diversos processos de assistência prestados, e o quanto a SAE auxilia no reestabelecimento das necessidades humanas básicas afetadas e na prevenção de agravos à saúde, além de possibilitar a prestação de um cuidado humanizado e de qualidade à criança e seus familiares.


Palavras-chave


Leishmaniose Visceral; Diagnóstico de Enfermagem; Terminologia Padronizada em Enfermagem