Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Contribuições do profissional de enfermagem obstétrico para o aumento das taxas de partos normais no hospital particular Francisco Magalhães, vinculado ao SUS no município de Castanhal-PA.
Bruna Gomes Almeida, Antonia Sâmela Silva Carneiro, Rosilene Maciel De Araujo, Rosiane Candida Oliveira Araujo

Última alteração: 2017-11-14

Resumo




O presente trabalho é resultado de uma análise nas elevadas taxas de partos cesáreos em relação às de partos normais no hospital particular Francisco Magalhães, do município de Castanhal, no Pará, em que verificou-se a mudança significativa nessas taxas de partos normais em um curto período de tempo, com a contratação de enfermeiros obstetras na assistência. Objetivou-se avaliar a relevância do enfermeiro obstetra para o aumento das taxas de partos normais.O método de pesquisa desenvolvido para este trabalho foi quantitativo, por meio da análise de dados registrados anualmente pela coordenação de obstetrícia do Hospital Francisco Magalhaes, correspondendo ao período de 2015 a 2017, nos meses de janeiro a setembro, no qual verificou-se que após a contratação de enfermeiros obstetras as taxas de partos normais aumentaram significativamente no decorrer dos anos em análises. Anteriormente, o hospital contava apenas com um médico por plantão para a realização da assistência e do parto, dessa maneira, não se era possível promover e executar as técnicas de incentivo necessárias ao parto normal. A Resolução COFEN Nº 0516/2016 é a lei que normaliza a atuação do enfermeiro obstetra nessa assistência e nos demais campos relacionados, a qual atribui às competências do profissional determinando que ele seja capaz de prestar uma assistência de forma segura; levar em consideração os aspectos étnico-culturais, emocionais, psicológicos e sociais da mulher; acolher a mulher e seus familiares/ acompanhantes; realizar o incentivo de métodos não farmacológicos para o alívio da dor; liberdade de posição no parto; preservação da integridade perineal no momento da expulsão do feto; contato pele a pele entre mãe e recém-nascido; apoio ao aleitamento logo após o nascimento; prestar assistência ao parto normal de evolução fisiológica (sem distócia) e ao recém-nascido.  O parto humanizado consiste em um processo, que visa reforçar o ato natural de “parir” e, consequentemente, combater de frente a cultura que se instituiu com o advento do parto cesáreo, que busca “acelerar” o desenvolvimento do parto com métodos farmacológicos e manobras técnicas ou cirúrgicas, para retirar da mulher o “sofrimento”, o medo, a dor, a ansiedade e a tensão, ou seja, os fatores que acompanham a fisiologia natural de parir e influenciam diretamente na escolha do parto, o que resulta na perca do seu papel ativo nessa dinâmica fisiológica natural. Nesse contexto, a humanização do parto é a principal via para o acompanhamento adequado do parto e do puerpério fundamentado na assistência obstétrica e neonatal, que está instituída pelo Ministério da Saúde através da Portaria/GM nº.569, de 01/06/2000.Desta forma, cabe ressaltar a estratégia lançada no dia 28 de março de 2011 pelo Ministério da Saúde, pela Portaria 1.459 que assegura às mulheres direito a atenção humanizada na gravidez, no parto e no puerpério, e às crianças o direito ao nascimento em segurança, crescimento e desenvolvimento saudável. Essa estratégia veio como uma forma regional para facilitar a vida de gestantes na região nordeste e amazônica com o intuito de diminuir as taxas de morbimortalidade de gestantes e RN’S. Visto que, essas grandes taxas eram o reflexo do aumento na quantidade de abortos, da dificuldade que as gestantes estavam tendo para ter um pré-natal de qualidade, das práticas de partos sem embasamento cientifico, de profissionais desqualificados e pouca equipe de apoio na hora do parto.O parto acontece de uma forma humanizada, com gestão de enfermeiros obstetras, os quais irão dar todo o direito a gestante de escolher o ambiente onde acontecerá o parto, com a presença de um acompanhante de sua escolha que é amparado pela Lei n° 11.108, de 07 de abril de 2005. Assim, ela vai ser preparada a usufruir de métodos não farmacológicos para alivio da dor, como: massagens corporais, exercícios respiratórios, banho morno de aspersão, bola de yoga, cavalinho e musicoterapia. Diante disto, notou-se a importância do cuidar em obstetrícia e sua influência na assistência ao parto normal, para subsidiar o apoio e o suporte da mulher em seu trabalho de parto relevando o conceito de parto humanizado. Ao analisar os dados em estudo, identificou-se um crescimento significativo e gradativo no número de partos normais, comparado entre os anos de 2015 a 2017, nos meses de janeiro a setembro. Segundo este contexto, no ano de 2015 quando ainda não havia o profissional de enfermagem obstétrico, registrou-se o total de: 733 partos normais e 1.800 partos cesáreos. Logo após a contratação no ano de 2016, foram registrados: 988 partos normais e 1.759 partos cesáreos, em 2017: 1.038 partos normais e 1.780 partos cesáreos. Nesse sentido, observa-se que o hospital quando tinha um único médico por plantão fazia em média 300 partos, sendo assim, ele não tinha condições de prestar assistência com incentivo ao parto normal, e com o enfermeiro obstetra dentro da clínica obstetra, o médico interna e o enfermeiro incentiva todos os métodos não farmacológicos para o alivio da dor, como o acompanhamento das famílias no parto normal, dentre outros, seguindo as normas e diretrizes da lei 0516/2016. Em vista disso, ressaltamos que o hospital investiu na implantação de instrumentos estruturais para que tornasse possível e viável acontecer efetivamente essa assistência, proporcionando suporte e meios para o profissional desenvolver suas competências e poder fortalecer esse incentivo, como as banquetas para partos normais, banheiras para o parto na água, e salas de parto individualizadas. O hospital conta ainda com cinco enfermeiros obstetras que participaram do SIAPARTO (Simpósio Internacional de Assistência ao Parto), que tem por objetivo ensinar, esclarecer e desmistificar por meio de dados científicos e profissionais da área as diversas situações possíveis em realização de partos. Tornou também possível o emponderamento desses profissionais quanto ao desempenho do seu papel, o que contribuiu para o respaldo das práticas que auxiliam no parto normal, sendo as mais executadas no hospital: o exercício de dilatação, a massagem, o uso da bola de yoga, a musicoterapia e está investindo em treinamento para o acolhimento de risco obstétrico. Além disso, permitem que a mulher se expresse como quiser na hora do parto e escolha a posição de sua preferência para parir, sem episio, claro, levando em conta o tempo de cada mulher. Assim, pode-se dizer que com essas medidas o hospital conseguiu aumentar significativamente as taxas de partos normais em um curto período de tempo, para que assim pudesse se enquadrar nas diretrizes exigidas pela estratégia da Rede Cegonha.




Palavras-chave


Enfermeiro obstetra; Parto normal; Humanizaçao