Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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TRIAGEM PARA SÍFILIS EM AÇÃO INTEGRADA DE SAÚDE EM SANTARÉM-PARÁ
ADJANNY ESTELA SANTOS SOUZA, CLAUDIANNA SILVA PEDROSA, JULIANNE FIGUEIREDO COSTA, LAELIA ANAYSE RIBEIRO MACEDO, ROSÂNGELA CARVALHO SOUSA, YASMIM SILVA SOUSA, RUAN CARLO SOUSA ABREU

Última alteração: 2017-12-15

Resumo


Apresentação: A sífilis é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum, transmitida principalmente por via sexual, mas gestantes podem passar para o bebê durante a gravidez (sífilis congênita). A sífilis adquirida, transmitida por relação sexual sem uso de preservativo, apresenta três fases. Na primeira fase da doença, há uma lesão – úlcera, chamada de cancro duro, que muitas vezes desaparece espontaneamente depois de alguns dias ou semanas, dando a falsa impressão de que o paciente está curado. Num segundo momento, duas ou três semanas após, surge um quadro clínico mais extenso de lesões por todo o corpo – que podem ser confundidas com alergia. O período contínuo, quando o paciente não apresenta sintomas, mas transmite a infecção, é chamado de sífilis latente. Quando a doença não é diagnosticada e corretamente tratada, faz-se um quadro ainda mais grave: o da sífilis terciária, já com manifestações neurológicas. A sífilis congênita persiste como importante problema de saúde pública, apesar da disponibilidade dos insumos necessários para a sua prevenção. É um agravo que pode ser totalmente evitado, caso a gestante e seu parceiro sexual sejam diagnosticados e tratados adequadamente durante o pré-natal. Em São Paulo a taxa de prevalência de sífilis em gestantes foi de 1,6%, e 40% dos casos de sífilis na gestação sem tratamento resulta em morte fetal, causando aborto espontâneo e natimorto ou, ainda, morte neonatal precoce, segundo estudo realizado no ano de 2004 em parturientes de 15 a 49 anos de idade. Apesar do diagnóstico e do tratamento serem rápidos, dados do Ministério da Saúde revelam que o número de casos notificados de sífilis adquirida, passaram de 1.249 em 2010 para 65.878 em 2015 – ou seja, um aumento de mais de 5.000% em apenas cinco anos. A Organização Mundial de Saúde – OMS estima que, a cada ano, quase seis milhões de pessoas são infectadas pela sífilis. Por não ter vivido tanto a epidemia de sífilis nas décadas anteriores, a população mais jovem pode estar se descuidando dos métodos de prevenção – o que é temeroso, pois a única forma de prevenir a sífilis é através do sexo seguro. Considerando, que a doença na fase latente é assintomática, a melhor forma de descobrir se está com a doença, é por meio de testes disponíveis nas unidades de saúde, pois, uma vez diagnosticado, o paciente recebe o tratamento adequado. Este estudo teve como objetivo verificar a ocorrência de sífilis em pessoas atendidas em uma Ação Integrada de Saúde (AIS), por meio da realização de teste rápido na orla fluvial de Santarém-Pará. Método: O estudo foi realizado por alunos e professores do segundo semestre do curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará (UEPA). A trajetória metodológica obedeceu à Metodologia da Problematização - MP, que usa  como ponto de partida a realidade do sujeito, o cenário no qual está inserido e onde os vários problemas podem ser vistos, percebidos ou deduzidos, de maneira que possam ser estudados em conjunto ou em pares. O Projeto Pedagógico do Curso (PPC) do curso de Enfermagem da UEPA valoriza as metodologias ativas, dentre elas se destaca a problematização que segue o método descrito pelo Diagrama de Charles Maguerez, também conhecido como Método do Arco ou Arco de Maguerez, ocorrendo em cinco etapas: 1ª Etapa: observação, observou-se na literatura e nos meios de comunicação um elevado índice de sífilis na população, inclusive alguns estudos apontam que atualmente o Brasil passa por uma epidemia de sífilis; 2ª Etapa: pontos chave, consistiu na identificação do problema que requer solução – elevada incidência de sífilis; 3ª Etapa: teorização, ocorreu por meio de pesquisa bibliográfica para fundamentação teórica do problema identificado; 4ª Etapa: hipótese de solução, consistiu nas discussões para encontrar alternativas para minimizar ou resolver o problema identificado; 5ª Etapa: Aplicação à realidade, nesta etapa foi realizada Ação Integrada de Saúde (AIS) na orla fluvial de Santarém com abordagem e convite aos transeuntes, acolhimento, realização de teste rápido para triagem de sífilis, orientação sobre prevenção de IST’s (Infecções Sexualmente Transmissíveis), distribuição de material educativo e preservativos. Esta etapa ocorreu no dia 20 de outubro de 2017 e contou com o apoio e participação da equipe do CTA-Estadual (Centro de Testagem e Aconselhamento). O teste rápido utilizado na ação para triagem da infecção pelo Treponema pallidum baseia-se na tecnologia de imunocromatografia de fluxo lateral, que permite a detecção dos anticorpos específicos anti-T. pallidum no soro ou sangue total, com uso do kit Teste Rápido Alere Sífilis, distribuído aos CTA’s pelo Ministério da Saúde. Resultados: Na AIS foram atendidas 133 pessoas com a realização de teste rápido de triagem para sífilis, sendo 73 (54,9%) do sexo feminino e 60 (45,1%) do sexo masculino, com idade entre 15 e 80 anos, a maioria 106 (79,7%) na faixa etária de 15 a 30 anos de idade. Das 133 pessoas atendidas 2 (1,5%) apresentaram resultado positivo no teste rápido, ambas do sexo feminino com 18 e 48 anos de idade, respectivamente. As pacientes receberam orientações e foram encaminhadas ao CTA para realização de testes de titulação juntamente com seus parceiros. Considerações finais: Embora o percentual de detecção de sífilis na AIS, possa parecer baixo (1,5%), chama atenção, pois, a doença pode ser assintomática e passar despercebida aumentando a chance de transmissão. A realização de testes rápidos permite o diagnóstico, possibilitando tratamento adequado, interrompendo a cadeia de transmissão. Ainda existe muito desconhecimento sobre a doença, não apenas em relação ao risco de contágio, mas também em relação às consequências da infecção. É necessário destacar que a sífilis pode causar aborto, comprometer seriamente o sistema nervoso central, levando a doenças neurológicas, como quadros de demência, manifestações auditivas, oculares, e ainda manifestações cardíacas e ósseas. O diagnóstico é fácil e está disponível em qualquer Unidade de Saúde (US), não há custos, e o resultado fica pronto em apenas dez minutos. A Metodologia da Problematização utilizada neste estudo permitiu aos alunos maior contato com a comunidade e com a sua realidade, possibilitando a identificação de problemas, reflexão sobre as formas de solução e/ou minimização e ação concreta de solução e/ou minimização dos problemas junto à comunidade, contribuindo com a formação de profissionais críticos, reflexivos e transformadores da realidade.


Palavras-chave


Diagnóstico, Sífilis, Triagem