Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Percepção da mulher sobre sexualidade após o envelhecimento
ROBERTA LOPES, vanda santana gomes, Cinóelia Leal de souza, Elaine Santos da Silva, Ane Carolline Donato Vianna, leandro da silva paudarco, Daniela texeira de souza moreira, simone aline ferreira

Última alteração: 2017-11-06

Resumo


Apresentação: A sexualidade da mulher não termina com o envelhecimento, e os avanços na educação e na saúde podem mudar a manutenção e a expectativa de vida sexual das idosas. Sabe-se que há ainda uma falta de abertura social para abordar o tema, e a maioria das idosas se sentem reprimidas e constrangidas por não falar de desejos, que diante de uma sociedade carregada de preconceitos, tabus e dogmas. Assim, a discussão sobe a sexualidade inclui um repensar constante dessa prática, para que essas questões possam ser abordadas pela sociedade, sem reduzi-las aos aspectos biológicos, buscando abranger as percepções do corpo, do prazer e desprazer, entre outros aspectos e valores emergentes relativos à sexualidade na contemporaneidade. Diante disso, este estudo objetivou conhecer a percepção da mulher idosa sobre sexualidade. Desenvolvimento: sabe-se que alguns fatores influenciam diretamente como a mulher idosa vivencia a sua sexualidade, como a falta de informação, a vergonha, o preconceito, sobretudo delas mesmas em relação a sua idade. Nesse sentido, tratou-se de um estudo qualitativo descritivo, no qual foram entrevistadas 50 mulheres idosas no interior da Bahia, e foi realizada a análise de conteúdo das entrevistas. A coleta de dados foi realizada com base no cadastro das 15 Unidades de Saúde da Família (USF) do município. Primeiramente, foi realizado o levantamento aleatório da localização das idosas em cada área de adscrição, em parceria com a USF, para posteriormente a mesma ser abordada em sua residência. A técnica de coleta de dados foi à entrevista direta com utilização de um roteiro não estruturado, composto por duas questões norteadoras, que abordaram a percepção da idosa sobre sexualidade. Os dados foram coletados no período de março a junho do ano 2016, sendo que, cada entrevista, durou em média 40 minutos. Todas as entrevistas foram gravadas mediante a autorização da participante, para posterior transcrição, assegurado quanto à confiabilidade e privacidade dos dados pessoais obtidos. O tratamento dos dados foi realizado a partir da técnica de análise do conteúdo, seguindo às etapas descritas por Bardin (2011) e Minayo (2007), e foi dividido em três fases: ordenação dos dados: na qual o material empírico coletado (documentos e transcrições das entrevistas) foi organizado, com a identificação das idosas por número e a transcrição dos áudios na integra; classificação dos dados e análise propriamente dita. A amostra foi de 50, por conveniência, contudo a saturação das respostas ocorreu com 39 idosas. Resultados: As idosas, por terem uma vulnerabilidade pregressa diante de um cenário de tantos afazeres em sua juventude, na qual eram majoritariamente donas de casa, responsáveis por trabalhar, cuidar de filhos e ainda dispor do seu tempo para o marido, vivem hoje das consequências desses fatores. Muitas vezes a realidade diverge do almejado desejo de querer se cuidar, de realizar atividades divertidas e sair da rotina, pois a falta de tempo e de entusiasmo com a vida e consigo mesma é o que caracteriza e concretiza alguns tabus de que idosa não pode ter uma vida similar à da sua juventude. As idosas mostraram uma associação da sexualidade ao ato sexual, como algo que só pode ocorrer após o casamento, sentindo-se reprimidas pelo medo das críticas e dos julgamentos. Relataram ainda a falta de assistência dos profissionais da saúde sobre o tema, e com isso observou-se a fragilidade da confiança e do vínculo entre paciente e profissionais, devido aos dogmas instituídos pelo tema. Notou-se que mudanças devem ser pensadas sobre a assistência prestada a respeito da sexualidade, podendo ser planejadas estratégias para lidar melhor com esse público usando sugestões dadas pelas mesmas, como a formação de grupos de discussão sobre saúde sexual no envelhecimento. Esse estudo abre caminhos e deixa perguntas a serem respondidas por novas pesquisas, sabemos o que a idosa pensa sobre sua sexualidade, mas como as pessoas enxergam a sexualidade da mulher idosa? Ao falarem da falta de assistência por parte dos profissionais de saúde, levantam um questionamento importante, pois é justamente neste contexto que a dificuldade é retratada, por não terem uma assistência adequada para cuidar da própria saúde, ocultada pela objeção ao assunto. Sendo assim, uma atenção específica voltada para os aspectos físicos e socioculturais, que estão ligados à sexualidade, podem ser um sanador de várias dificuldades vivenciadas por elas. É importante relatar que a sexualidade e o corpo estão intrinsecamente ligados ao cuidado como prática social de vivenciar essa fase, por serem os profissionais que cuidam do corpo no qual se manifesta a sexualidade, desse modo deveriam tratar esse tema com outro olhar, mas falar da sexualidade ainda é um tabu e de certa maneira proibido, onde foi retratada pelas mesmas uma maior dificuldade em abordar o tema. Considerações finais: este estudo visou discutir o olhar da mulher idosa sobre sexualidade, em relatar o tema quebrando os tabus criados por uma sociedade muitas vezes machista e restritiva. Desta forma, constatou-se nesse estudo que entender como a idosa pensa e se sente em sua sexualidade é importante não apenas para compreender o processo de envelhecimento associado à sexualidade, mas fundamental para conhecer e desenvolver estratégias que atenuem os efeitos da senescência relacionado a sexualidade de forma a garantir a vivência da mesma de forma positiva, sem medos ou preconceitos em falar sobre este processo fisiológico. É importante salientar que a perda do interesse sexual relatado, está relacionada à qualidade do relacionamento amoroso e não a fatores biopsicossociais naturais da senescência na compreensão da satisfação da idosa. Este processo depende, sobretudo não apenas da idosa, mas de um acompanhamento de saúde, e neste propósito contribuir para uma assistência voltada para a saúde sexual nesta fase tão importante da vida, que é a terceira idade. Reafirmou-se a falta de abertura social e capacitação dos de saúde profissionais para atender a essa demanda, os mesmos devem se despir de preconceitos, tabus, e principalmente das críticas. REFERÊNCIAS:

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Palavras-chave


sexualidade; pessoa idosa; envelhecimento.