Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Facilitando e aprendendo
Carina Souza de Oliveira Luna, ANA JÚLIA CALAZANS DUARTE

Última alteração: 2018-05-27

Resumo


Apresentação:

O presente trabalho consiste na descrição da vivência educacional como especializanda no curso de Especialização em processos educacionais com ênfase em avaliação por competência – EPES, associado ao que fora vivenciado como facilitadora do curso de especialização em Vigilância em Saúde - EVS, ambos realizado no município de Porto velho – Rondônia no ano de 2017.  Busca-se refletir sobre as experiências vivenciadas, enfatizando os desafios e conquistas durante esse processo. O caminho percorrido neste curso possibilitou produzir e reconstruir aprendizados, por reconhecer o potencial das metodologias ativas que por si mesmo inova e envolve os sujeitos participantes. De forma muito positiva e envolvente, ao final do processo vivenciado pode-se afirmar que se obteve êxito na formação dos especializandos o que promoveu quebra de paradigmas e consequentemente uma atuação no Sistema Único de Saúde de forma mais efetiva com o anseio de mudança na realidade e ressignifcação de muitos conceitos.

Desenvolvimento:

Discorrer sobre o vivido é algo bem desafiador. Facilitar um processo de ensino e aprendizagem é ainda mais, entretanto, é acima de tudo motivador. Mesmo tendo um preparo prévio para tal, a prática do dia a dia proporcionava maturidade para conduzir os processos. É claro que a preparação prévia nos dava embasamento para saber como conduzir as mais diversas situações, mas eis que na maioria das situações acontecia o inesperado e era nesse momento vinha à oportunidade de crescer profissionalmente, haja vista que as experiências eram únicas.

A oportunidade de analisar criticamente como se dava a atuação foram momentos cruciais para o aprendizado. Esses momentos eram vivenciados nos encontros do EPES.

Impactos e Resultados:

A grande turma do EVS, para atender aos objetivos da metodologia aplicada, foi dividida em pequenos grupos de aprendizagem. Foram formados os grupos: afinidades, diversidades e equipes diversidades. Cada grupo tinha suas ações educacionais e seus facilitadores respectivamente.

Ao conduzir pequenos grupos era possível acompanhar mais de perto as atividades propostas, conseguindo desta forma identificar as fragilidades e potencialidades dos especializandos de forma singular bem como estimular a participação de todos de forma mais efetiva. Era notório que grande parte dos especializandos se sentia mais a vontade para contribuir e participar das atividades.

Entende-se que a dificuldade de trabalhar em pequenos grupos pode prejudicar o andamento das atividades propostas, para que isso não ocorra, o facilitador deve estar atendo para conduzir da melhor forma possível o grupo com a finalidade de que haja interação entre os envolvidos e que estes se tornem cada vez mais ativos no processo de ensino e aprendizagem, respeitando o posicionamento de todos.

Outro fator que pode contribuir para que haja conflitos nos pequenos grupos justifica-se por sermos formados com as metodologias tradicionais, que pouco nos permite expressar nossos sentimentos e posicionamentos. O que nos limita, e quando se faz necessário analisarmos criticamente alguma situação, temos muita dificuldade.

Admito que no início foi um tanto angustiante, querer falar, querer contribuir, querer direcionar, querer influenciar, por vários momentos apresentei essas vontades, mas sabia que se assim o fizesse não estaria contribuindo com eles e sim estaria voltando ao método tradicional trazendo tudo pronto e o objetivo não era esse. A prática da escuta qualificada se estendeu a minha vida profissional e pessoal contribuindo desta forma para entender melhor as situações bem como ajudando nas tomadas de decisões.

Assim, considero que estes momentos foram cruciais para buscar estratégias para que os especializandos pudessem de fato entender o que estavam vivenciando nesse curso. A primeira atitude foi fazer com que o entendimento partisse de mim, para que desta forma eu estivesse preparada para atuar e encarar quaisquer que fossem os questionamentos. Com o passar dos encontros e com as estratégias utilizadas, enfocando principalmente a intencionalidade de cada ação educacional eles compreenderam todo o processo.

Com o passar do tempo, era possível observar uma explosão de sentimentos positivos com relação ao curso, ouvir comentários tais como: “Se eu pudesse voltar atrás teria vivenciado mais cada momento do curso de Vigilância em Saúde”; “Se eu tivesse seguindo as orientações quanto à elaboração do portfólio, eu não teria perdido tantas informações importantes sobre o meu aprendizado”; “Confesso que não sou a mesma pessoa, o curso de Vigilância em Saúde me transformou pessoal e profissionalmente”, ao ouvir tais comentários a satisfação se instalava, pois apesar dos entraves iniciais, era nítido que eles conseguiram entender a metodologia usada e que a construção do conhecimento acontecia de forma exitosa.

Considerações Finais:

E é assim, com o sentimento de missão cumprida que termino esta vivência. Vivência esta que desde o início encarei de forma muito responsável e comprometida. A oportunidade de participar de um processo de formação-ação proporcionou um crescimento profissional e pessoal significativo. Estimular pessoas para se tornarem críticos e reflexivos com as suas condutas, me movia, pois ao contribuir para isso, o resultado final, seria o fortalecimento do SUS, com atuação de profissionais mais comprometidos com o sistema, sabemos que muito temos a melhorar, mas que algumas coisas fogem da nossa governabilidade, portanto devemos mudar o que está ao nosso alcance, como por exemplo, processos de trabalho, que muitas vezes dificultam a inserção de melhorias para o SUS e consequentemente para os usuários.

Aprender a facilitar me moveu positivamente. Encarar as dificuldades e superar obstáculos era necessário a cada encontro do curso. Entender o comportamento das pessoas também era necessário. Colocar em prática a escuta qualificada fazia parte do contexto. Escutar e entender o que o outro falava era de fundamental importância. Conduzir a turma utilizando as ferramentas educacionais disponíveis, acolhendo os saberes prévios dos especializados bem como os momentos vivenciados no EPES, com as trocas de experiências me proporcionava momentos de muito aprendizado.

Conduzir uma turma de especializandos foi uma responsabilidade muito grande, a preocupação em sempre me questionar se estava fazendo da maneira certa, me fez entender que a construção do conhecimento não dependia somente de mim, mas que os especializandos também eram responsáveis por este momento.

Portanto, afirmo que vivenciei momentos ímpares. Que por sua vez ficaram marcados em minha memória. Podendo coloca-los em prática não somente na vida profissional, mas também na vida pessoal. A transformação é inevitável, a visão de mundo muda, tornar-se ativo e reflexivo faz toda a diferença, passar a analisar criticamente as situações vivenciadas promove momentos de muito aprendizado. E isso não há coisa melhor. É muito gratificante saber que fui parte de um processo de formação-ação que com toda certeza renderá bons frutos.

 

 


Palavras-chave


metodologias ativas; ensino e aprendizagem