Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O ACOLHIMENTO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL AO ACOMPANHANTE DE PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Carla Steffane Oliveira e Silva, Amélia Fadul Bittar, Paulo Jonathan Pinheiro Nery, Tiago dos Reis de Oliveira Costa

Última alteração: 2018-07-02

Resumo


INTRODUÇÃO: A descoberta do diagnóstico desta doença provoca no seio familiar uma sucessão de mudanças tendo em vista o processo terapêutico a ser executado e o prognóstico da doença. Desta forma, com a introdução do acompanhante no ambiente hospitalar é de fundamental importância criar uma aproximação no ato da internação, devendo essa expressar ação de interagir e no decorrer do tratamento configura-se como uma estratégia que deve estar pautada nos princípios humanistas, como preconizado em uma das principais diretrizes da Política Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde. No contexto hospitalar, o familiar se caracteriza como parte fundamental do cuidado junto à equipe, pois permanece junto à paciente que está sujeita a um tratamento doloroso e que necessita de suporte emocional. O acompanhante passa a ser sua principal fonte de apoio. Neste sentido, a presença do familiar é muito importante para aliviar a ansiedade, o desconforto e a insegurança. O profissional de saúde não pode de maneira alguma, negar o ambiente no qual o paciente vive, e o familiar é muito importante para que se possa entendê-lo e, por essa razão, ajudar na tarefa de reequilibrar e re-harmonizar o doente. Com isso, tem-se a necessidade que a equipe multiprofissional de saúde, tome uma postura humanitária e acolhedora na sua relação com os usuários, sendo desenvolvido desde a recepção, perpassando o atendimento propriamente dito, até a resolução de seus problemas, respeitando suas necessidades, integrando o acompanhante, tendo em vista que este adentra ao hospital com suas próprias necessidades e que tornando o acolhimento um dispositivo norteador necessário ao estabelecimento de vínculos, a equipe estará detendo-se de uma assistência planejada e compartilhada. OBJETIVOS: conhecer as concepções dos familiares de pacientes com câncer de mama acerca do acolhimento ofertado pela equipe multiprofissional em âmbito hospitalar; analisar a vivência dos familiares ao lidarem com a internação de seu ente querido na unidade; oferecer esclarecimento aos familiares sobre todos os cuidados realizados na unidade pela equipe. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: o estudo se trata de um relato de experiência, realizado por acadêmicos de enfermagem e discentes voluntários que aceitaram realizar a pesquisa, proporcionado durante a realização de atividades instituídas no Projeto de Pesquisa “Concepções de acompanhantes de pacientes com câncer de mama sobre o acolhimento da equipe multiprofissional em âmbito hospitalar” a qual atuou como pesquisadora. O projeto foi iniciado no início de agosto de 2016 com vigência até agosto de 2017, nas dependências da enfermaria clínica de mastologia do Hospital Ophir Loyola (HOL), considerado referência em tratamento oncológico no município de Belém do Pará, tendo como público alvo os acompanhantes de pacientes diagnosticadas com tumor mamário, internadas para tratamento e acompanhamento clínico na referida instituição. Para melhor atuação e embasamento teórico foi realizada pesquisa bibliográfica na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Após este momento foi iniciado o processo de escuta ativa das concepções geradas a partir do processo de acolhimento recebido pela equipe multiprofissional, bem como educação em saúde para com os acompanhantes das pacientes, constituindo-se na promoção dos esclarecimentos das dúvidas decorrentes da vivência aos sujeitos, assim como orientações básicas quanto ao ambiente e os cuidados ali ofertados pela equipe. Em todos estes momentos houve um compartilhamento das vivências dos familiares aos pesquisadores, onde estes reportavam a importância do acolhimento pela equipe de forma holística, a dificuldade física, emocional e principalmente social, devido à maioria residir em outras localidades e até estados e evidenciaram a falta de apoio ofertado pela instituição, além das carências estruturais para acomodação dos acompanhantes, os mesmos também expunham a fé, o poio de outros familiares e a esperança da cura e da melhora da paciente internada, fortalecidas muitas vezes por sinais de melhora do quadro clínico, e por orientações acessíveis pelo profissionais de saúde. O contato com os participantes observou o preconizado na Resolução n°466/12, do Conselho Nacional de Saúde. Para melhor explicação e interação com os familiares foi criado um roteiro de entrevista semiestruturada enfatizando o diálogo sobre o acolhimento, o ambiente e os sentimentos oriundos da vivência pelos familiares. RESULTADOS: No primeiro mês de execução do projeto foi construído um banco de dados através da Biblioteca Virtual de Saúde com 44 artigos sobre a temática abordada, sendo este para embasamento teórico e construção de material discutido. O processo de escuta com os acompanhantes das pacientes fora realizado de forma individualizada, tendo em média de 2 a 4 por dia, sendo estas limitadas ao ambiente e aos cuidados prestados pela equipe para suporte do acompanhante, quais as características do acolhimento ofertado pela equipe, quais os sentimentos oriundos com a experiência e dúvidas decorrentes de procedimentos que não foram abrangidos pelo questionário, foram explanadas quando questionadas, como por exemplo, a função de uma traqueotomia na paciente. Também foi reportado elogios ao cuidado ofertado às pacientes pela equipe, pois reconheciam que estavam recebendo o tratamento adequado, os mesmos ainda agradeceram e elogiaram a iniciativa do projeto, evidenciando a importância do acolhimento aos anseios dos acompanhantes, além de acolhê-los de forma humanizada. Os participantes demonstraram relevante melhora emocional, à medida que recebiam as informações repassadas, repassavam aos pacientes de forma acessível e podia-se visualizar uma diminuição da tensão e da apreensão destes com relação ao tratamento oncológico, assim como diminuir o estigma de medo e morte que o que a neoplasia mamária possui. CONCLUSÃO: Assim, considera-se que o tema em foco é de grande relevância não somente para atualizar os conhecimentos da comunidade acadêmica quanto ao tema proposto, mas também, para proporcionar a melhor assistência da equipe multiprofissional aos acompanhantes de pacientes internadas para tratamento oncológico, pois o tratamento de câncer ainda é considerado um local que para muitos representa um sinônimo de temor e morte, o que traz consigo uma gama de sentimentos e idealizações. Desta forma, compreende-se que é de suma importância que os profissionais de saúde, enquanto membros de atuação em equipe, perceba a relevância de estar conhecendo a experiência e os sentimentos dos acompanhantes que adentram ao tratamento da paciente com câncer de mama, uma vez que o acompanhante passa a ser o elo de cuidado entre paciente e equipe, uma vez que existe toda uma carga sentimental que está diretamente ligada à capacidade do mesmo receber e assimilar orientações e fornecer informações que atuem na melhora da assistência e paciente, pois possui função primordial de apoio durante o processo terapêutico, não obstante, pode realizar ações de autocuidado, para ajudar no restabelecimento da saúde de seu parente ali internado. Neste sentido, fica validado a importância em investimentos na comunicação da equipe de saúde com os familiares, haja vista a contribuição para a diminuição do estresse e melhor qualidade do cuidado empregado ao doente.