Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A DISCUSSÃO SOBRE SAÚDE E MEIO AMBIENTE NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE
Adson da Conceição Virgens, Cinoélia Leal de Souza, Elaine Santos da Silva

Última alteração: 2017-12-07

Resumo


Apresentação: no atual cenário de mudanças sociais, econômicas e ambientais, os profissionais de saúde ocupam um papel importante pela sua abrangência no setor saúde, por isso precisam está em permanente processo de aprendizagem, acompanhando as mudanças que ocorrem constantemente na saúde da população. O enfrentamento das consequências da agressão aos recursos naturais são um dispositivo de mudança interdisciplinar para produzir um cuidado integral através de ações de promoção à saúde, prevenção de riscos, agravos e de atenção, em que se co-responsabiliza pela saúde ambiental que interfere no processo saúde e doença dos usuários e seus familiares de uma determinada área de abrangência, no espaço do domicílio, em unidades de serviços de saúde, enfim nos territórios de trabalho em saúde. O Meio ambiente é compreendido como um dos fatores determinante da saúde pelas políticas públicas brasileiras, e fica claro que para compreender a complexidade inerente às questões relativas ao meio ambiente e a saúde, deve-se envolver um conjunto de saberes das diversas ciências, enfocada a partir de uma abordagem crítica na qual, a interdisciplinaridade é uma questão fundamental quando se pensa em educar sobre as questões ambientais. Sendo que, no ensino superior em saúde, isso se torna um desafio, pelo potencial do modelo biológico técnico-assistencial para doenças, presentes nos currículos da área de saúde, desde o início da história do desenvolvimento e estruturação das profissões de saúde, modelo esse que vem sendo criticado no campo da saúde coletiva por não atingir os objetivos das políticas de saúde e por não ser pautado na promoção da mesma. Assim, sensibilizar os futuros profissionais de saúde sobre as relações existentes na natureza e suas implicações nos diferentes tipos de vida na Terra é imprescindível para efetividade das políticas voltadas para o meio ambiente, como também nas práticas de saúde, pois os próprios estabelecimentos de saúde são grandes produtores de resíduos e consumidores de energia, e precisam estar também sendo avaliados quanto aos impactos que causam no meio ambiente. Nesse contexto, este estudo objetivou analisar discussão ambiental na formação dos profissionais de saúde. DESENVOLVIMENTO: tratou-se de uma pesquisa qualitativa descritiva e exploratória em que foram coletados e analisados dados nos programas e ementas de disciplinas de dezessete cursos de graduação na área de saúde em quatro universidades. Cada curso de graduação em saúde tem em média 5 anos de duração, e cada semestre tem uma média de seis disciplinas. Foi solicitado aos colegiados as matrizes curriculares e as ementas de disciplinas dos cursos de graduação para análise das universidades selecionadas cadastradas e autorizadas a funcionar pelo Ministério da Educação, e com cursos da área de saúde em andamento. Foram analisados  os currículos dos cursos de graduação da área de saúde das Universidades Estaduais da Bahia, no ano 2016, através das matrizes curriculares, programas e ementas das disciplinas de cada curso. Foram analisadas aproximadamente 1020 ementas e programas de disciplinas para identificar 60 ementas e programas de disciplinas por curso com aproximação com a temática ambiental. A análise iniciou a partir das matrizes para identificação de programas e ementas dos cursos de graduação em saúde, das quatro universidades estaduais da Bahia, onde foram selecionadas as disciplinas dos cursos que apresentaram aproximações com a questão ambiental. Matrizes dos cursos de graduação em Saúde das Universidades Estaduais do Estado da Bahia: Biomedicina, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina, Nutrição, Odontologia e Psicologia: RESULTADOS: os resultados apontaram que as disciplinas específicas sobre a temática ambiental na saúde, nos cursos de graduação em saúde, são prioritariamente oferecidas nos dois primeiros anos de estudo. Dos dezessete cursos de graduação em saúde estudados, onze apresentam no mínimo uma disciplina específica sobre a temática ambiental na saúde, dois cursos apresentam três disciplinas e quatro cursos não apresentam nenhuma disciplina sobre Meio ambiente e Saúde na sua matriz curricular. Notou-se um distanciamento na relação saúde/ambiente e na proteção ambiental. Isto faz com que os cursos de graduação em saúde minimizem associações entre doenças/saúde e questões ambientais, levando-se em conta que tais questões devem ser tratadas como tema transversal na graduação em saúde, sinalizando claramente a necessidade de mais discussões e melhor incorporação da temática ambiental no campo da saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: sabe-se que a universidade exerce um papel importante na sociedade, como instituição de formação de profissionais de diferentes áreas do conhecimento, na produção científica e nas atividades de extensão, ambas as responsabilidades das instituições de ensino superior. A presença de questões ambientais na formação em saúde é emergente, principalmente no contexto da formação em saúde. Sabe-se que, como qualquer cidadão, o profissional de saúde deve estar munido de conhecimento e ferramentas que direcionem a sua prática diante das reais necessidades impostas pela sociedade. Há claramente uma carência na oferta de atividades de extensão que relacione Meio Ambiente e Saúde, nas instituições estudadas. Tal fato sugere a urgência de se incorporar, no ambiente universitário, a comunidade interna e externa, comunidades, alunos, famílias, professores, para que as barreiras ou potencialidades derivadas da ação homem/ambiente e ambiente/homem sejam estudadas, discutidas e minimizadas, quando necessário. Diante do contexto atual de discussões e ações em prol do meio ambiente a visão crítica e reflexiva do profissional de saúde é fundamental para a mudança na relação saúde e meio ambiente, pois são profissionais que tem como objetivo o cuidado do indivíduo e da coletividade para a vida, que na promoção da saúde envolvem as ações da sociedade frente as necessidades de preservação do meio ambiente. Com isso, para que a educação exerça o seu papel primordial no desenvolvimento de qualquer sociedade, é necessário que regulamentações e diretrizes contribuam para o processo de ensino-aprendizagem. Para tanto as Diretrizes Curriculares Nacionais norteiam a implantação e estruturação de cursos e currículos nas universidades brasileiras. Percebe-se que existe uma real dificuldade na adoção de práticas de proteção ambiental nos diversos setores da sociedade, sobretudo no campo da educação superior. O que realça a educação como uma ferramenta imprescindível para a sensibilização das pessoas, o que faz a universidade despontar como território pulsante de movimentos de mudanças, importante para aplicação desses preceitos pelo acumulo de saberes e produções.

 

REFERÊNCIAS

Minayo MCS, Miranda AC. (orgs). Saúde e Meio Ambiente Sustentável: estreitando nós. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002, p.344p.

 

SOUZA C. L.; ANDRADE, C. S. Saúde, meio ambiente e território: uma discussão necessária na formação em saúde. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2014, v.19, n.10, p. 4113-4122.

Palavras-chave


Ensino Superior; Educação Ambiental; Saúde Ambiental; Meio ambiente; Currículo