Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-05-27
Resumo
Conhecida mundialmente como a psiquiátrica que revolucionou o tratamento da loucura no Brasil através da terapêutica ocupacional Nise da Silveira fortaleceu essa metodologia e a transformou em um campo de pesquisa, com práticas como a arteterapia e o museu do inconsciente, caracterizando-se por ser uma prática embasada por referências metodológicas antigas e fundamentos teóricos e científicos, nos quais define estratégias que incorporam a utilização de materiais abstratos, do corpo e da mente, por meio de artes plásticas e dramatizações para alcançar o seu objetivo. Concretiza-se como um processo arte terapêutico que explora o inconsciente do indivíduo desenvolvendo sensações de paz, alegria, tranquilidade e auto-conhecimento. Trata-se de um relato de experiência em uma perspectiva crítico- reflexiva a partir de observações da aplicabilidade da arteterapia junto a um grupo de usuários no Centro de Convivência das Rocas, Distrito Sanitário Leste no município de Natal/RN durante estágios supervisionados da disciplina de Saúde Mental. A arteterapia foi desenvolvida como prática transdisciplinar para reinserção social e promoção da saúde a partir de processos do autoconhecimento e transformações sociais. Objetivou-se fazer a articulação e reflexão acerca dos resultados obtidos das práticas vivenciadas no estágio à luz do pensamento Nise da Silveira. O Centro de Convivência é desenvolvido para promover a inclusão de pessoas com transtornos mentais na sociedade através de terapias ocupacionais e complementares. O mesmo trabalha com a política de porta aberta e oferece atividades para o público da saúde mental e para a comunidade, o que desencadeia maior interação social e sensibilização diante das experiências. Durante os estágios, participamos de oficinas de danças, meditação, produção de mandalas e observamos a produção de artesanatos e quadros de pinturas produzidas pelos usuários. Todos esses trabalhos são expostos pelos corredores do espaço, possibilitando aos visitantes o contato com as artes, criando um ambiente alegre e aconchegante. Aos olhos de quem negligencia o potencial de uma pessoa com transtorno mental todos os paradigmas são quebrados ante a beleza e qualidade da arte produzida. Remetendo-se ao museu do inconsciente desenvolvido pela psiquiatra Nise da Silveira pode-se constatar a semelhança com o espaço de convivência da Ribeira e articular com todos os resultados positivos que ela obteve e que são claramente desenvolvidos no referido centro, de certa maneira é impossível não se sentir bem acolhido. A experiência vivenciada mostra como a arterapia consegue obter resultados positivos articulando com uma abordagem transdisciplinar capaz de gerar a potencialização e valorização de aspectos singulares no qual se fomenta na livre criação da arte pelos usuários. Possibilita a elevação da auto-estima, a melhora no equilíbrio emocional e diminuição dos efeitos negativos associados à doença mental. Foi altamente perceptível que o grupo vem a cada dia mais se apropriando do conceito de arte, das suas linguagens, produzindo a livre expressão artística a partir de oficinas de pinturas, artesanato, esculturas e decoração. Nesse sentido, a arteterapia promove a adesão e o envolvimento dos usuários implicados no processo, fomentando mudanças no campo afetivo, relacional e interpessoal.