Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
Perfil epidemiológico dos neonatos internados na unidade de terapia intensiva neonatal de um hospital público no interior da Amazônia
Isolina de Fátima Barros Valente, Ellen Caroline Santos Navarro, Antonia Regiane Pereira Duarte, Thais Nathale Miranda Pagno

Última alteração: 2018-07-06

Resumo


A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é um ambiente tecnológico de alta complexidade, destinado a receber Recém-nascidos (RN) que necessitam de cuidados especiais. Para oferecer suporte de vida a essas crianças, faz-se necessário uma equipe multidisciplinar capacitada, espaço físico adequado, materiais e equipamentos disponíveis e em funcionamento. Dessa forma, o RN permanece num ambiente que, embora imprescindível pela tecnologia sofisticada que lhe assegura a vida, é também hostil pela agressividade das técnicas e procedimentos invasivos aos quais são submetidos. Apesar de todos os programas voltados para a saúde da mãe e do RN ainda se observa uma grande ocupação nas unidades de terapia intensiva neonatal, acarretando com isso longas esperas por um leito nestas unidades, o que leva por vezes ao óbito de neonatos vítimas de alguma disfunção orgânica uma vez que estes necessitam de uma assistência mais especializada. Diante desta problemática, questiona-se: qual o Perfil epidemiológico dos neonatos internados na unidade de terapia intensiva neonatal de um hospital público no interior da Amazônia. O estudo se mostra importante uma vez que se conhecendo o perfil desses neonatos adquire-se indicadores  que direcionem um melhor  planejamento de políticas públicas na tentativa de reduzir os óbitos neonatais, bem como poderá vir a incentivar a sociedade acadêmica a desenvolver novos projetos sobre a área neonatal, sanando dúvidas e melhorando a assistência prestada a esta clientela. Dentre os objetivos do estudo buscou-se: identificar quais os motivos que geraram a internação e qual o desfecho desta; identificar qual a via de parto do nascimento dos RNs; apontar qual a rede assistencial de referência. Trata-se de uma pesquisa de campo transversal, descritiva, quantitativa e documental, realizada em um hospital público de Santarém, que é referência no atendimento de alta e média complexidade. A amostra do estudo foi calculada por todos os RNs admitidos na UTIN no período de 2014 e 2015, utilizando 40% destes internados constituiu-se um total de 137 prontuários, porém, 15 foram excluídos em virtude de não possuírem todas as variáveis selecionadas para realização do estudo. Com isto, analisaram-se 122 prontuários dos neonatos que foram internados na UTIN no referente período da pesquisa. Para o alcance dos objetivos, utilizou-se como método a coleta de dados através de um formulário com questões diretas sobre as seguintes variáveis: sexo, idade gestacional, tipo de parto, peso, faixa etária, motivo da internação, procedência, dieta mais utilizada para ganho ponderal e motivo da alta. A coleta de dados realizou-se nos meses de agosto e setembro de 2016, junto ao Serviço de Prontuário do Paciente (SPP). Os resultados mostram que em 2015 o índice de internações foi mais elevado, uma vez que neste ano houve 79 internações frente as 43 do ano anterior. Evidencia ainda que o sexo masculino manteve um equilíbrio em sua demanda pois, no ano de 2014 foram registrados 27 RNs, e em 2015 apresentou registro de 29 neonatos. Em contrapartida observa-se um grande acréscimo dos atendimentos ao sexo feminino no ano de 2015, com 50 internações, já no ano anterior foram atendidas somente 16 recém-nascidas. Na procura de fatores que levaram à internação na UTIN, buscou-se conhecer o peso dos neonatos ao nascimento, visto que o peso ao nascer, a idade gestacional e a faixa etária são variáveis diretamente relacionadas com baixa vitalidade do RN. Em relação a esse quesito constata-se que a maioria dos recém-nascidos internados na UTIN do município estudado obtiveram um percentual de 37,70% de nascimento com baixo peso variando de 1.500 a 2.499 kg, retrata ainda que 31,96% dos neonatos admitidos na unidade pesaram em seu nascimento mais de 2.500 kg, estando dentro dos parâmetros normais de peso, enquanto que, os recém-nascidos com baixo peso extremo contabilizaram o percentual de 30,32%. Correlacionando a idade gestacional aos dados analisados comprovou-se que o período de maior internação se deu entre a 33ª e a 36ª semana com 51 registros, observou-se tambem que a maioria dos partos dos RNs internados na UTIN são prematuros. Em uma escala decrescente pode-se observar que 31 recém-nascidos conseguiram chegar ao final da gestação, 30 nasceram entre 29 à 32 semanas, enquanto que entre 25 a 28 semanas, 9 neonatos nasceram com prematuridade extrema e apenas um caso apresentou idade gestacional acima de 40 semanas. Apesar dos dados apresentarem que a via de parto mais prevalente foi o parto via vaginal, ainda se detecta o índice elevado de cesariana, visto que dos 122 partos registrados, 59 destes aconteceram com o auxílio de tal procedimento. A pesquisa mostra que a maior incidência de cesariana ocorreu na idade gestacional entre 33 a 36 semanas, onde constatou-se que de 51 partos realizados 25 aconteceram a partir desta conduta médica. No que tange a faixa etária dos RNs admitidos na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal  observa-se que os maiores índices de internações ocorreram na faixa de 0 a 10 dias de nascido com 83,60% das admissões, tais dados reforçam a hipótese de que durante o trabalho de parto e logo após o nascimento os RNs  tendem a apresentar maior intercorrências, e que se essas não forem detectadas e atendidas em tempo hábil poderá levar esse neonato a necessitar de terapia intensiva o que pode o deixar ainda mais vulnerável a riscos.  Evidencia-se ainda que a faixa etária que menos demandou internações na UTIN foram os RNS entre 21 a 28 dias, demonstrando que com o amadurecimento orgânico estes adquirem melhor imunidade, logo menos adoecimento. Em relação à procedência, o estudo demonstrou que um número expressivo (69,87%) dos neonatos que necessitaram de terapia intensiva devido problemas no nascimento eram provenientes do Município de Santarém e encaminhados da rede pública, constatou-se que 9,83% tiveram sua procedência de uma rede privada, foi possível constatar ainda que 20,49% destes neonatos adentram a UTIN através da solicitação do Tratamento Fora do Domicílio (TFD). Diante da análise dos dados, pode-se constatar que os RNS muitas vezes apresentaram mais de uma causa de internação totalizando uma frequência de 17 patologias na UTIN no período referente a pesquisa, porém destas, 03 destacaram-se com maior prevalência: Prematuridade com uma taxa de 64 casos, Sepse com 28 eventos e Insuficiência respiratória apresentando 31 ocorrências. A assistência de qualidade prestada ao RN influencia diretamente em sua melhora. Assim, sobre este item, o estudo favoreceu constatar que no município em estudo a assistência ao RN mostra-se eficaz uma vez que 80,32% dos neonatos internados na UTIN receberam alta por cura, sendo que apenas 18,85% dos pacientes internados necessitaram ser transferidos para outros centros, e somente 0, 81 % evoluíram a óbito. Apesar dos avanços da perinatologia nos últimos anos, a prematuridade continua sendo a principal causa de morbidade e mortalidade neonatal, representando um dos maiores desafios para o fornecimento de uma assistência profissional de qualidade. Acredita-se que a pesquisa epidemiológica consiste em alicerce para avanços no cuidado da saúde. Nacionalmente, os estudos sobre caracterização de diferentes populações não são frequentes, principalmente no que concerne aos neonatos. Com isto, conclui-se que todos os esforços devem ser direcionados ao controle do nascimento prematuro e, na ampliação de serviços especializados com tecnologia adequada e recursos humanos capacitados para oferecer um atendimento qualificado.


Palavras-chave


Perfil de Saúde; Recém-nascido; Unidade de Terapia Intensiva