Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-05-27
Resumo
A procura por saúde e qualidade de vida sempre foram prioridades humanas. Nesse sentido faz-se necessário abordagens interdisciplinares com busca por novas formas de promoção da saúde, terapêuticas e ressignificações do processo saúde-doença. Através dessas abordagens surgem as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, conquistando resultados positivos e boa aceitação da sociedade. Uma dessas práticas é a Musicoterapia, que utiliza música e seus elementos como processo facilitador para comunicação, mobilização e reflexão. Ressalta-se a utilização da musicoterapia na atenção às necessidades emocionais, físicas, mentais e espirituais de um grupo ou indivíduo, repercutindo positivamente na qualidade de vida. Possui fundamentos científicos clínico-terapêuticos vistos como uma metodologia de trabalho passível de ser desenvolvida. Objetiva-se relatar a experiência de utilização da musicoterapia no contexto da Saúde mental e discutir a eficiência terapêutica na assistência. Trata-se de um relato de experiência vivenciado por estudantes de enfermagem na disciplina de Saúde Mental durante estágios supervisionados. A experiência teve início no Centro de Atendimento Psicossocial III (CAPS III), em seguida, foi desenvolvido em uma Residência Terapêutica da cidade de Natal/RN. O CAPS III é um serviço substitutivo criado a partir do processo de reforma psiquiátrica no Brasil. Trabalha com pacientes de saúde mental desenvolvendo terapêuticas a fim de promover reinserção social. Durante os estágios supervisionados, observou-se o perfil social dos usuários, feita escuta qualificada, e detecção dos principais transtornos. Ademais, foram criadas estratégias que desenvolvessem a promoção à saúde através de métodos cada vez mais humanizados. Como foi detectada a falta de interação entre os usuários e a faixa etária variada, optou-se por chamar todos a participar da atividade. Iniciou-se com a apresentação individual e indagação dos gostos. Na Residência terapêutica foi desenvolvida uma abordagem diferente, por tratar-se de um público de maior faixa etária, a conduta inicial foi esperar que os moradores viessem ao encontro do grupo de alunos, caso lhes interessassem. A área da atuação da musicoterapia é ampla, beneficiando a terapêutica de todos os públicos, todas as idades e nas mais diferentes comorbidades. Nesse aspecto, foi possível obter ótimos resultados da musicoterapia no âmbito da saúde mental. A atividade promoveu a interação social e melhor relacionamento entre os usuários, profissionais e estudantes. Evidenciou-se um quadro de alegria, tranquilidade, descontração e bem-estar nos participantes, possibilitando abertura para a expressão dos usuários sobre suas histórias de vida, sofrimentos e sonhos. Foi possível ainda uma aproximação com seus valores, lembranças de momentos de vida, à medida que falavam sobre o que significava cada música, suas histórias e emoções evocadas. Essa evocação possibilitou o fortalecimento de suas identidades, como afirmação de suas subjetividades, contribuindo para o resgate da cidadania desses sujeitos sociais. A reforma psiquiátrica tem como um dos objetivos a reinserção social de pessoas com transtornos mentais, para tanto, buscar uma prática junto aos portadores de transtorno mental que incentive a interação social se faz necessária como estratégia de exercício de identidade e resgate da cidadania. Nesse contexto, a musicoterapia é uma prática integrativa eficiente para a promoção da terapêutica no âmbito da saúde mental.