Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
OCORRÊNCIA DE MICOBACTÉRIAS NÃO TUBERCULOSAS (MNT) EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA EM SANTARÉM – PARÁ
Victor de Lima Dias, Andreza Dantas Ribeiro, Brenda dos Santos Coutinho, Françoíse Gisela Gato Lopes, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Adjanny Estela Santos Souza

Última alteração: 2017-11-30

Resumo


Apresentação: As micobactérias não-tuberculosas (MNT), são bactérias do gênero Mycobacterium que não são classificadas em Mycobaterium tuberculosis complex e Mycobacterium leprae. As MNT abrangem mais de 140 espécies catalogadas até o momento e podem ser diferenciadas utilizando-se de testes fenotípicos, observando o tempo de crescimento, a produção ou não de pigmentos, testes moleculares e o crescimento ou não na presença de bloqueadores químicos. As doenças causadas por MNT tiveram nos últimos anos um crescimento considerável que pode ser explicado em relação a diversas condições como o aumento da exposição ao meio ambiente, bem como o acréscimo da sensibilidade dos métodos de diagnósticos, e entre outros. As MNT’s são micro-organismos que habitam em vários locais como, solo, água seja ela natural ou por sistemas de abastecimento, animais e aerossóis. A transmissão se dá por meio de partículas inaladas ou ingeridas, não é muito comum a transmissão da MNT de pessoa a pessoa, porém há relatos de contaminação de pacientes pela má higienização de aparelhamentos médicos. A característica clínica mais frequente é a doença pulmonar crônica, seguida por doença da infecção dos gânglios linfáticos, da pele ou tecidos moles e doença disseminada. A doença pulmonar crônica ocorre principalmente pelo Mycobacterium avium complex, o risco de infecção aumenta quando se trata de pessoas imunossuprimidas e que possuem doença pulmonar estrutural, assim como também pessoas com antecedentes de sequelas causadas pela tuberculose pulmonar. Os sintomas mais comuns são: tosse recorrente ou crônica, falta de ar, febre fraca, diminuição da força física, emagrecimento, hipersudorese noturna. Em relação as doenças cutâneas, ósseas e dos tecidos moles, grande parte das microbactérias são capazes de causar infeções da pele e dos tecidos subcutâneos. Para além de abcessos cutâneos, são relatados ocorrência de granulomas tenossinovais e osteomielite. Relata-se também casos de infecção nosocomial por cateter de longa duração e regiões de anexação de drenos e feridas cirúrgicas. A forma disseminada das micobactérias não-tuberculosas tem como principal agente causador o M. avium. É quase restrito a pessoas em estágio 3 da infecção por HIV, e dificilmente ocorre em outras populações imunodoprimidas. Os sintomas apresentados são, anemia, emagrecimento, hepatoesplenomegalia, febre, hipersudorese noturna. O diagnóstico etiológico, pode ser feito por hemocultura, este corresponde a 90% dos casos, no restante, quando há falta de isolamento de fluidos sanguíneos ou suspeita de diagnostico, a análise pode ser feita por biópsia cutânea, óssea ou hepática. No início da apuração do paciente com suspeita, deve ser feito solicitação de radiografia de tórax, e coleta de três amostras de escarro em dias sucessivos, preferencialmente pelo período da manhã, em virtude da acumulação de secreções pulmonares nas vias aéreas no período noturno. Por conseguinte, as amostras irão ser submetidas a testes de baciloscopia e cultura do escarro, sendo eles métodos eficazes de primeira linha para o diagnóstico de tuberculose. Não é muito viável o tratamento das MNT, devido a maior parte dos doentes apresentarem sintomas mínimos, o tratamento tem um tempo de duração muito prologado, além dos custos e efeitos adversos, tornando rara a sua erradicação. Diante disso, é necessário analisar a decisão de tratamento, consciente dos riscos de progresso da doença, a exposição desnecessária a toxicidade medicamentosa, os custos e o estado geral do paciente. O objetivo da pesquisa foi verificar a ocorrência de MNT em pacientes atendidos em uma Unidade de Referência em Santarém-PA, bem como, identificar as espécies de MNT’s mais prevalentes na região. Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa documental, com abordagem quantitativa, descritiva. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), tendo sido aprovado conforme parecer número: 1.379.703. O estudo foi realizado na Unidade de Referência Especializada (URE) em Santarém-Pará, órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde Pública - SESPA, no programa de tuberculose que atua como referência secundária e terciária para tuberculose nos vinte municípios da região Oeste do Pará, sendo 14 municípios do Baixo Amazonas: Alenquer, Almerim, Aveiro, Belterra, Curuá, Faro, Juruti, Mojuí dos Campos, Monte Alegre, Óbidos, Oriximiná, Prainha, Santarém e Terra Santa; e 6 municípios do Tapajós: Itaituba, Jacareacanga, Novo Progresso, Placas, Ruropólis e Trairão. Foram coletados dados referentes a ocorrência de MNT em pacientes que foram atendidos pelo Laboratório da URE-Santarém, no período de abril de 2011 a abril de 2017 e as variáveis analisadas foram: gênero, idade, município de residência, zona de residência, dados clínicos, resultados da baciloscopia e cultura. O Laboratório realiza cultura de escarro pelo método de Ogawa-Kudoh e caso haja crescimento encaminha o cultivo para o Laboratório Central do Estado (LACEN), para realização de identificação da espécie e teste de sensibilidade. Resultados e/ou discussão: Durante o período de abril de 2011 a abril de 2017, o Laboratório da URE atendeu com realização de baciloscopia e cultura, 513 pacientes com suspeita de TB ou em acompanhamento de tratamento, 08 (1,56%)  apresentaram diagnóstico de MNT. Destes 3 (37,5%) pertenciam ao sexo masculino e 5 (62,5%) ao sexo feminino. A média total de idade dos pacientes com resultado positivo para MNT foi de 68 anos. De acordo com as condições sócio demográficas, 3 (37,5%) pertenciam a zona rural, 5 (62,5%) a zona urbana, 5 (62,5%) eram oriundos de Santarém, 1 (12,5%) de Uruará, 1 (12,5%) de Óbidos e 1 (12,5%) de Jacareacanga. A distribuição de espécies de MNT foi, M. sp 4 (50%), 1 (12,5%) M. intracellulare, 1 (12,5%), M. avium, 1 (12,5%) M. asiaticum e 1 (12,5%) M. paraensis. Considerações Finais: Observou-se que a ocorrência de MNT foi de 1,56% na população estudada. Percebeu-se que entre os pacientes dos quais foi isolado MNT todos eram adultos ou idosos, com média de idade de 68 anos, sendo a maioria do sexo feminino e entre eles uma paciente era indígena. Destaca-se a ausência de estudos publicados sobre o tema, o que comprova a necessidade em se ter mais pesquisas. Por mais que a incidência de MNT não tenha sido elevada na pesquisa, estudos de outros autores confirmam que a incidência realmente é mínima, porém, a notificação e controle dos casos deve continuar acontecendo,  a fim de minimizar os problemas relacionados ao custo e a duração do tratamento. Espécies de MNT vem sendo descritas como causadoras de sérias infecções em pacientes imunossuprimidos, mas também há relatos de infecção pulmonar crônica em paciente humano competente, o que os caracteriza como patógenos emergentes, assim a adoção de medidas de prevenção para evitar a transmissão dessas micobactérias é fundamental.


Palavras-chave


Ocorrência; MNT; Santarém;