Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2017-12-09
Resumo
INTRODUÇÃO: Desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil é possível evidenciar profundas mudanças no acesso e no atendimento em saúde, mas ainda não é o suficiente. Para que novas mudanças ocorram, também são necessárias alterações importantes na formação e no desenvolvimento dos profissionais dessa área, pois um dos pilares que sustenta o SUS é a formação dos profissionais que trabalham no sistema. Continuamente esses trabalhadores, se deparam com desafios presentes no campo da saúde, e desse modo, carecem de uma formação integral, o que demanda a articulação das instituições formadoras e dos serviços, de modo a possibilitar a construção de processos educativos no trabalho. Instituída pelo Ministério da Saúde e da Educação, em 2005, por meio de ações articuladas entre o ensino e o serviço na área, a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) prevê estratégias para a formação e o desenvolvimento dos profissionais atuantes no SUS. Nessa proposta política, os cursos e as novas tecnologias apresentadas aos profissionais devem levar em conta as dificuldades enfrentadas no cotidiano, com vistas à maior qualidade dos serviços prestados à população e ao fortalecimento do sistema, propondo processos educativos que se deem de modo descentralizado, ascendente e transdisciplinar. O conhecimento e a implementação da Educação Permanente em Saúde (EPS) nos serviços de saúde são de extrema importância por permitir diagnosticar a situação da educação no cotidiano de trabalho dos profissionais que buscam experiências e potencialidades no contexto do trabalho, além disso, torna inquestionável a necessidade de mantê-los capacitados e atualizados, objetivando a prestação de uma assistência qualificada e para suprir déficits deixados na sua formação. OBJETIVO: Sensibilizar os profissionais de enfermagem quanto a importância da educação permanente como instrumento para a melhoria da qualidade da assistência. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem qualitativo, do tipo relato de experiência, vivenciados por acadêmicos do 3° ano do Curso de Bacharel em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará (UEPA), referente as Atividades Integradas em Saúde (AIS), no período de 6 a 24 de março de 2017. O local foi no setor da pediatria de um hospital de ensino público de alta complexidade no município de Belém do Pará. Os participantes foram a equipe de enfermagem, constituída pela enfermeira responsável pelas enfermarias da pediatria e três técnicas de enfermagem. Para a realização do trabalho utilizou-se como base a metodologia da problematização, como o método do Arco de Maguerez, o qual é composto por cinco etapas: inicia-se pela observação da realidade, sob diversos ângulos, permitindo assim a identificação dos problemas existentes. Nessa etapa, podem-se coletar informações identificar os principais eixos a serem explorados à cerca dos problemas. Depois de definido o eixo da problematização, inicia-se um processo de reflexão sobre os fatores mais determinantes que contribuem para a existência do problema. Tal reflexão demarcará os principais pontos-chaves, os quais possibilitarão uma maior criatividade e flexibilidade na compreensão do problema. A terceira fase, a teorização, busca-se as respostas do problema, dando um sentido para os dados, informações e registros obtidos em campo. A quarta etapa, a hipótese de soluções, culmina nas alternativas de soluções e, é nesta etapa que a criatividade e originalidade serão aguçadas pelos estudantes/observadores. Por fim, a aplicação à realidade é o assistir com ações práticas, com a finalidade de sensibilizar os participantes em relação as soluções formuladas, o que de alguma maneira poderá transformar gradativamente a realidade. Seguindo tais etapas, as atividades no hospital foram desenvolvidas nos seguintes momentos: inicialmente, foi realizada uma observação da realidade, na qual foi evidenciado a necessidade de sensibilizar a respeito da educação permanente, devido a algumas práticas da equipe sem evidências científicas e realizadas de maneira tecnicistas e para o levantamento de pontos-chaves, partindo-se para a terceira fase, a teorização, realizou-se pesquisas em manuais do Ministério da Saúde, artigos na base Lilacs e Bireme sobre educação permanente na melhoria da assistência de enfermagem e sua importância no contexto hospitalar, com o propósito de obter maiores conhecimentos do problema encontrado. Seguindo o arco, partiu-se para a etapa de hipótese de solução, na qual foi elaborado o plano de ação com recursos didáticos e com o desenvolvimento de uma tecnologia educativa objetiva e ilustrativa, a fim de facilitar a compreensão sobre a importância manter-se atualizado e capacitado frente as demandas do mundo atual. Na última etapa, concluiu-se a aplicação à realidade, por meio da explanação em forma de roda de conversa com a tecnologia educativa como apoio de acompanhamento da socialização com o grupo. RESULTADOS: Verificou-se inicialmente que os profissionais de enfermagem reconhecem a educação permanente como um direito, inserido na politica de educação permanente em saúde. Observou-se também, a partir da troca de conhecimento com a equipe, que os mesmos validam a educação permanente como importante para a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem e para sua capacitação profissional. No entanto, a equipe ressalta as dificuldades enfrentadas pelos profissionais em participar de atividades de educação permanente extra e intramuros, ocasionados pela falta de tempo dentro da carga horária programada pela chefia da instituição, o que dificulta o acesso às oportunidades de aperfeiçoamento e atualizações disponíveis, por vezes, dentro da própria instituição. Além disso, ressaltaram que sentem-se desmotivados a participar de capacitações por não receberem incentivos e o reconhecimento no trabalho, alegam falta de um plano de cargos, a longa duração, dias “inadequados”, necessidade de custear o transporte, a ocorrência de cursos fora do horário expediente, que envolve a falta de organização da instituição. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O relato vem contribuir de forma significativa, visto que a EPS é uma educação voltada para o trabalho na saúde que pode somar para a melhora da assistência do cuidado, fazendo o profissional refletir criticamente a respeito de sua prática. A partir da realização desse estudo, evidenciou-se a importância de debates e socializações a respeito da educação permanente, pois dessa forma é possível avaliar as percepções dos trabalhadores quanto à temática abordada e os desafios inerentes para sua efetividade. Evidencia-se que há a necessidade de se desenvolver meios que esclareçam os propósitos da EPS e sensibilize os profissionais e as chefias para o estabelecimento de programas e reorganização no processo de trabalho das equipes de enfermagem de modo continuo durante todo o período de atuação no serviço, propiciando assim, o pleno desenvolvimento da formação para o trabalho. Por fim, espera-se contribuir no campo da EPS incentivando as equipes de saúde a participarem de maneira concisa em programas de educação permanente e busquem outros meios de capacitação que os mantenham atualizados sobre as novas demandas no campo da saúde. Ademais, espera-se contribuir com a produção científica da área, fornecendo assim mais estudos e subsídios para produções futuras sobre a temática em questão.