Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PRÁTICAS ACADÊMICAS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE COM HERPES ZOSTER: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
RAYSSA DE CÁSSIA MAUÉS DOS SANTOS, CAMILA MENEZES DA SILVA, ANA SOFIA RESQUE GONÇALVES

Última alteração: 2017-11-30

Resumo


Apresentação: O Herpes Zoster é uma infecção causada pelo vírus varicela zoster, sendo este, o mesmo causador da catapora ou varicela. Surge em decorrência da reativação do vírus nos nervos cranianos e nos gânglios das raízes espinhais dorsais, geralmente anos ou décadas após a infecção primária. A infecção por Herpes Zoster é uma das mais comuns no mundo. Os casos são mais comuns em pessoas com o sistema imunológico prejudicado, como os portadores do vírus HIV e pessoas com idade avançada. No Brasil, segundo estudo epidemiológico realizado, aproximadamente 95% dos adultos já foram expostos ao vírus varicela zoster. Quanto ao aspecto clínico, a herpes zoster caracteriza-se como uma doença viral autolimitada, com ciclo evolutivo de aproximadamente 15 dias, que atinge homens e mulheres em idade adulta. A infecção causa lesões cutâneas precedidas por dores e ardor no local das mesmas. O local de aparecimento das lesões está relacionado à região de ação dos nervos periféricos dos quais o vírus permaneceu latente em suas raízes. Em razão disso, as lesões se apresentam unilateralmente distribuídas. A dor relacionada às lesões é denominada de neuralgia pós-herpética e surge em decorrência de inflamação do nervo afetado pela infecção. Quando não ocorre infecção secundária, as lesões tendem a secar e formar crostas que serão liberadas gradativamente, deixando discretas manchas que posteriormente desaparecerão. O diagnóstico é realizado de duas formas: As provas laboratoriais são: detecção de anticorpos contra o antígeno de membrana (FAMA), ensaio imunossorvente ligado a enzima (ELISA) e a imuno-hemaglutinação por aderência. Na forma diferencial, o diagnóstico é feito considerando-se a forma e o padrão das lesões em um dermátomo específico associados a exames de coloração e fluorescência de raspados da pele com anticorpos monoclonais. No caso da paciente em analise neste trabalho, o diagnóstico foi confirmado utilizando exames de virologia laboratoriais. O tratamento do Herpes Zoster é realizado com o objetivo de evitar infecções secundárias, já que a mesma é involutiva, ou seja, tende a se auto extinguir com o passar dos dias e, também, minimizar as dores causadas pelas lesões cutâneas agudas e prevenir a neuralgia pós-herpética. Para tanto, são utilizados agentes antivirais, como o Aciclovir, Valaciclovir e Fanciclovir. Não existem tratamentos que revertam os danos causados pelo vírus, apenas existe tratamento para aliviar a dor. A melhor maneira de prevenir a Herpes Zoster é através de vacinação. A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) tem papel fundamental no processo de cuidado de enfermagem ao paciente herpético. A SAE corresponde aos mecanismos que organizam o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentação, tornando possível a operacionalização do processo de enfermagem. No trato do Herpes Zoster, o profissional da enfermagem deve atuar de forma a minimizar o desconforto causado pela enfermidade no paciente juntamente a medidas de precaução padrão com o intuito de resguardar sua integridade física e do paciente. Desta forma, este trabalho tem o objetivo de relatar a experiência vivenciada por acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal do Pará, utilizando princípios da SAE em uma paciente com Herpes Zoster e os procedimentos utilizados nessa prática, referindo-se à inter relação da sistematização da assistência com a humanização do cuidado no que diz respeito a esta patologia. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, requisito avaliativo da atividade curricular enfermagem em Doenças Transmissíveis, da Faculdade de Enfermagem, da Universidade Federal do Pará. O local do estudo foi o Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), referência em doenças infectocontagiosas e parasitárias em Belém do Pará, realizada no mês de Janeiro de 2017. Para desenvolver o relato de experiência, aplicou-se o processo de enfermagem, onde os dados coletados foram analisados e posteriormente foram identificados os diagnósticos de enfermagem, implementadas as intervenções de enfermagem necessárias e verificados os resultados esperados, utilizando a taxonomia da NANDA, NIC e NOC. A paciente foi selecionada de forma aleatória para o estudo. Ao primeiro contato, foram coletadas as informações sobre o seu estado atual, esta se apresentava consciente, orientada, com episódios de dores crônicas e lesões cutâneas unilaterais na região inferior da perna direita, diminuição da sensibilidade, força e contratilidade muscular no referido membro, a paciente estava restrita ao leito, pois não conseguia deambular devido as fortes dores. Posteriormente consultamos o prontuário, para identificar o histórico da paciente, condições de chegada, motivo da internação, tratamento realizado e evolução do quadro clinico. Resultados: Após análise dos dados e problemas apresentados, foram traçados os seguintes diagnósticos de enfermagem: Integridade da Pele Prejudicada, relacionada às lesões em MMII; Deambulação Prejudicada, relacionada à força muscular insuficiente e dor; Dor Aguda, relacionada a agentes lesivos físicos, manifestada por evidência observada de dor. Espera-se atingir os seguintes resultados: Controle da doença; integridade da pele dentro da normalidade; diminuir riscos de infecção; diminuição da dor; manter a sensibilidade preservada, restabelecimento do conforto, e voltar a realizar os movimentos corporais normalmente. Para obter tais resultados, foram apontadas as seguintes intervenções: Observar sinais e sintomas de infecção; hidratar a pele quando necessário; observar e registrar possíveis alterações nas extremidades inferiores; observar alterações na pele. Ajudar a deambulação; encaminhar para o serviço de fisioterapia; encorajar a deambulação independente, dentro dos limites seguros. Realizar uma avaliação completa da dor, incluindo local, características, início/duração, frequência, qualidade, intensidade e gravidade, investigar os fatores que aliviam/pioram a dor, administrar analgésicos, quando prescritos. Considerações finais: O presente estudo teve como objetivo fornecer a base teórica e prática aos acadêmicos de enfermagem dos procedimentos aplicados no tratamento de doenças infectocontagiosas e mais especificamente, do Herpes Zoster. A aplicação dos princípios da SAE mostrou-se fundamental para uma melhor abordagem e atendimento do paciente acometido com esta enfermidade e o quanto ela auxilia no reestabelecimento das necessidades humanas básicas. O envolvimento e determinação da equipe, como um todo, bem como a estrutura fornecida pela instituição foram decisivos para o andamento desta atividade, e a experiência vivenciada, de caráter decisivo para formação de futuros profissionais da enfermagem. Foi perceptível durante o acompanhamento do caso a importância do enfermeiro nos diversos processos de assistência prestados, e o quanto a SAE auxilia no reestabelecimento das necessidades humanas básicas afetadas e na prevenção de agravos à saúde, além de possibilitar a prestação de um cuidado humanizado.


Palavras-chave


Herpes Zoster, Educação em Saúde, Doenças Transmissíveis