Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2017-12-19
Resumo
Apresentação: Trata-se do relato da aplicação de um recurso pedagógico facilitador da reflexão-ação sobre problemas concretos. A integração precoce do discente, dos cursos da saúde, às realidades das comunidades e dos serviços, implica, necessariamente, em uma mudança na forma de refletir e escolher prioridades através de atitudes equânimes. A Metodologia de Análise de Redes do Cotidiano (MARES) vem sendo utilizada no mapeamento de práticas cotidianas, revelando a complexidade da sociedade. O objetivo desse relato é divulgar o uso da MARES como uma ferramenta pedagógica de aprendizagem significativa junto aos discentes das disciplinas de Saúde e Cidadania I e II, ofertadas no primeiro e segundo período dos cursos da saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Desenvolvimento do trabalho: A vivência aconteceu entre 2013 e 2017, nos Grupos Tutoriais: Cidade Praia; Monte Líbano; e Nazaré, em Natal (RN), durante a etapa de seleção de problemas para elaboração de um projeto de intervenção, após a realização de passeios exploratórios e visitas a equipamentos sociais da comunidade, feitos pelos discentes, preceptores e tutores. Após discussão sobre os determinantes macrossociais e micro sociais de saúde, foi desenhado um mapa (self), para identificação dos problemas compartilhados, dos mediadores colaboradores e inibidores, e meios de superação desses problemas. Foram utilizadas cartas temáticas, semelhante a um baralho, como recurso mobilizador da interação e debate.
Resultados: A partir dos portfólios de aprendizagem foi possível constatar que a experiência foi considerada interessante, envolvente, pertinente enquanto facilitadora de projetos de intervenção. Contribuiu para o desenvolvimento de uma postura interativa capaz de compartilhar poder, de induzir reflexões dialógicas para a mediação de conflitos. Combinou formas de pensamento e de ação onde as pessoas foram, ao mesmo tempo, nas discussões cotidianas, sujeitos e predicados. Bem como a oportunidade gratificante de ter noções sobre o trabalho em equipe, e saber ouvir, conversar, debater, em prol da comunidade. A vivência representa um campo para experimentação de alternativas metodológicas mais humanas que possam fortalecer os laços entre o ensino, pesquisa, extensão com potencialidades concretas de aplicação, dos aspectos teóricos e operacionais abordados, no mar de possibilidades da articulação entre academia, serviços e comunidade. Ainda foi capaz de ressoar no estilo de vida dos participantes, pelas aproximações dialogadas entre o saber científico e o senso comum, e que possam estimular a participação comunitária, o autocuidado e a autonomia.
Considerações finais: Este método foi adequado para identificação da problemática social e os meios para superação, valorizando a experiência do sujeito, as trocas e as regras que explicam os conflitos e as alianças, levando os participantes à reflexão de seu papel de mediador social. Favoreceu uma construção dialógica e compartilhada ao ampliar para os discentes uma visão crítica, tolerante, flexível de si e do outro.