Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PACIENTES PORTADORES DE DOENÇAS CRÔNICAS CADASTRADOS NA ESF TORÍBIO VERÍSSIMO DO MUNICÍPIO DE CRUZ ALTA ATENDIDOS COM O MÉTODO CENTRADO NA PESSOA
Mylena Stefany Silva dos Anjos, Tamara Cristiane Batista, Naiara Riani da Silva Marques, Themis Goretti Moreira Leal de Carvalho

Última alteração: 2017-12-12

Resumo


Introdução

O método centrado na pessoa como um todo é bastante amplo e com efeitos que diferem resultados na saúde pública. As vantagens em relação ao modelo tradicional são muitas, compreendendo a maior satisfação e adesão do paciente para com o tratamento, melhorando assim a resposta terapêutica.

O objetivo do estudo é descrever e analisar a integralidade do cuidado e a promoção da saúde dos portadores de doenças crônicas, cadastrados na ESF Toríbio Veríssimo do munícipio de Cruz Alta/RS, no ano de 2016.

Através dos resultados encontrados foi realizado a busca da qualificação ao cuidado integral, unindo e ampliando as estratégias de promoção da saúde, de prevenção do desenvolvimento das doenças crônicas, suas complicações, tratamento e recuperação. Foi elaborado e realizado um plano de educação em saúde. Este plano constou de atividades terapêuticas, que levaram melhor qualidade de vida aos pacientes.

Metodologia

O estudo possui características de um estudo descritivo e analítico de rastreamento epidemiológico observacional que segue o modelo de atenção centrado na pessoa (STEWART, 2010). A observação participante proposta por Demo (2004) permeou todas as atividades, para que pudesse captar uma variedade de situações ou fenômenos que auxiliaram na compreensão dos sujeitos do estudo. A população foi composta por pessoas portadoras de doenças crônicas, cadastradas na ESF Toríbio Veríssimo, no município de Cruz Alta/RS. Os dados foram coletados em visita domiciliar explorando os quatro componentes do método clínico centrado na pessoa como um todo (explorando a doença e a experiência da doença, entendendo a pessoa como um todo, elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas e, incorporando prevenção e promoção de saúde).

Resultados e Discussão

A população da pesquisa foi de 32 indivíduos com doenças crônicas. As informações aqui apresentadas foram dadas em 81% (n=26) dos casos pelos pacientes, em 19% (n=6) pelo cuidador e/ou familiar. O gênero que predominou na pesquisa, foi o feminino com 75% (n=24) e 25% (n=8) masculinos.

Quando questionados sobre a saúde relacionada a prática de atividade de física, 16% (n=5) afirmaram ser ativo, sendo que apenas 13% (n=4) dos entrevistados afirmam a prática diária de atividade física, 6% (n=2) apenas duas vezes na semana, e 3% (n=1) uma vez na semana. No entanto 84% (n=27) disseram que não têm o hábito de praticar atividade física em nenhum momento.

Algo importante relacionado ao Método Clínico Centrado na Pessoa é de que existem diferenças entre o que chamamos de doença e a vivência da pessoa portadora da patologia. No presente estudo 19% (n=6) desenvolveram ao longo de sua vida, a artrose. Outra patologia apresentada, foi o AVE, onde 13% (n=4) dos entrevistados relataram já ter sofrido algum tipo da doença. Outros 16% (n=5) dos entrevistados integram o alto número de pacientes com diabetes no Brasil. A Hipertensão Arterial é uma das patologias que mais acomete os brasileiros, dos 32 sujeitos, 25% (n=8) vivem com tal patologia. Outro grave problema de Saúde Pública, é a osteoporose. 6% (n=2), dos pacientes deste estudo apresentaram tal patologia. Os demais 28% (n=10) apresentaram diferentes patologias, como, por exemplo: TCE, Enfisema Pulmonar, Depressão, Parkinson, Câncer, Alzheimer, dentre outras patologias crônicas, alguns pacientes demonstraram mais de uma patologia.

Quando questionados sobre como sentem-se em relação à doença 9% (n=3) disseram sentir-se incomodados (as), 31% (n=10) relatou que sentem-se tristes. 34% (n=11) contaram que o sentimento que possuem em relação à doença é um desconforto, ocasionado pelo fato de sentir dor. 9% (n=3) referiram que o sentimento trazido pela doença é de incapacidade, já que tiveram que deixar de realizar algumas atividades. Tendo a doença como um conjunto de sinais e sintomas, 3% (n=1) disse que a patologia se apresenta como uma experiência negativa. Em busca de melhora e seguindo o tratamento, 6% (n=2) mencionaram o sentimento de esperança, 3% (n=1) não quis falar sobre, e 9% (n=3) não souberam responder.   Ao saber da patologia o paciente sofre com o impacto da doença, por ter que aprender a conviver com a mesma. Perante isso, 6% (n=2) ao descobrir a patologia entraram em depressão, 47% (n=15) sofreram este impacto, por sentir dificuldades em realizar suas AVDs, e 19% (n=6) descreveram que passaram a apresentar limitações, associados à patologia. Tendo em vista a doença crônica e sabendo do longo processo de tratamento, 9% (n=3) sentiram medo ao receber o diagnóstico, 3% (n=1) tiveram como impacto da patologia, vergonha. Portadores de doenças que impedem o movimento, que antes possuíam, 3%(n=1) contaram que passaram a conviver com o estresse, pois sentem dificuldades de locomoção. 6% (n=2) demonstram incômodo por perder sua independência, e 6% (n=2) não souberam responder. Com o propósito de melhorar os sintomas, os pacientes relataram em 56% (n=18) dos casos que buscam o tratamento fisioterapêutico para amenizar os sintomas da patologia, 13% (n=4) praticam caminhadas. O paciente com câncer, 3% (n=1), aferiu realizar quimioterapia para melhorar o prognóstico da doença. Procedente de doença crônica renal, 3% (n=1) realiza hemodiálise. No entanto, 25% (n=8) por fatores desconhecidos, não realizam nenhuma atividade.

A ampliação do acesso aos medicamentos é algo positivo, uma vez que 91% (n=29) dos pacientes participantes do estudo fazem uso de tratamento medicamentoso. Apenas 9% (n=3) não o fazem.

Para que um tratamento seja bem-sucedido, é importante o consentimento do paciente em querer melhorar. Prova disso é que, 88% (n=28) dos pacientes participantes deste estudo fazem o tratamento em busca de melhora, e apenas, 13% (n=4) deles o fazem por obrigação.

 

Considerações finais

De acordo com os resultados, pôde-se ter noção das patologias que a população pesquisada apresenta. Assim, dentre as doenças crônicas existentes atualmente, as que mais se fizeram presente nesta pesquisa, foram: Artrose (em alguma grande articulação do corpo), AVE (onde os pacientes apresentaram sequelas decorrentes da doença), Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial e Osteoporose. Além disso, através da história clínica, sentimentos e expectativas do paciente, percebe-se que os mesmos, em sua maioria, sentem-se tristes e desconfortáveis por conta da patologia, que trouxe grandes impactos para a suas vidas. Já que, dificulta as AVD’s dos mesmos.

Ficou explícito o quanto a fisioterapia se mostra importante na vida dos pacientes com doença crônica, já que a incidência de pessoas que realizam somente tratamento fisioterapêutico é muito maior. No entanto, a atividade física não se faz presente no cotidiano dos entrevistados, o que é preocupante, já que manter essa prática é de extrema importância para manter o bom funcionamento articular dos pacientes.

Através do plano de educação em saúde embasado no método centrado na pessoa como um todo, conhecendo sua patologia e suas limitações, espera-se ter levado benefícios aos indivíduos participantes da pesquisa, entre eles: a melhora da proteção e cuidados visando prevenir o seu adoecimento, promovendo um maior bem-estar e qualidade de vida aos indivíduos. Assim, espera-se que as atividades realizadas tenham alcançado as expectativas dos pacientes. No entanto, é importante o querer do paciente em buscar sua melhora, realizando as atividades propostas pelos acadêmicos, para que assim a doença venha a ser prevenida e controlada, além de adotar possíveis mudanças no estilo de vida trará resultados positivos, já que, em muitos casos a doença é decorrente de hábitos não saudáveis.


Palavras-chave


Método centrado na pessoa. Doenças crônicas. Atenção integral à saúde.