Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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RELATO DAS PERCEPÇOES E EXPERIÊNCIAS DE DISCENTES NO ACOMPANHAMENTO DA EQUIPE DE ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL NAS CLÍNICAS DE UM HOSPITAL EM UMA REGIÃO NA AMAZÔNIA
Gabriel Sousa de Paiva, Françoíse Gisela Gato Lopes, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Gabriela Noronha Fortes

Última alteração: 2017-12-17

Resumo


Apresentação: O apoio espiritual a pessoa doente, já faz parte da prática da sociedade desde a antiguidade. Essa forma de cuidado humanizado, possibilita que a pessoa aceite ou se adapte a situação em que se encontra. A espiritualidade é uma forma de lidar com as problemáticas de âmbito físico e mental. A dor atinge somente partes do corpo e pode ser solucionada com auxílio de medicamentos, enquanto o sofrimento abrange o corpo como um todo, e exige que seja dado um sentido para as coisas. A equipe de espiritualidade pode proporcionar ao paciente uma melhora na qualidade de vida, um apoio social, motivacional, emocional e espiritual para que o mesmo consiga encontrar motivos felizes acima de qualquer obstáculo a se enfrentar. O objetivo da vivência foi o de observar o trabalho voluntário das equipes religiosas de um hospital público localizado na região amazônica, e fomentar reflexões sobre a necessidade psíco-espiritual do paciente. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência desenvolvido por meio de uma Atividade Integrada em Saúde (AIS), sendo esta, parte do projeto político do curso (PPC) de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará – Campus XII. Foram realizadas visitas no mês de outubro de 2017 no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), sendo este localizado no município de Santarém – Pará, com o intuito de observar como ocorre e quais os impactos do acompanhamento religioso aos pacientes ali internados, uma vez que esse hospital conta com um projeto de assistência espiritual para os pacientes. O acompanhamento durante as visitas foi realizado juntamente com grupos de religiosos. O projeto é acompanhado por seis denominações de igrejas diferentes, e somente aquelas que possuem autorização do hospital, por participarem de treinamento interno prévio, podem realizar orações junto aos pacientes. Para que os religiosos se tornem voluntários devem desenvolver um projeto que será avaliado, para depois serem submetidos ao treinamento elaborado pelo HRBA, onde recebem orientações sobre normas internas da SCIH, SESMT e Núcleo de Qualidade e sobre deveres e limitações frente ao comportamento a ser tomado com o paciente, respeitando a aceitação ou não do acolhimento, já que diversas religiões podem ser encontradas, deve-se também respeitar o estado emocional e a necessidade de proteção contra infecções. Os acadêmicos e a equipe visitaram quartos da clínica médica, clínica cirúrgica, clínica oncológica adulto e clínica oncológica pediátrica. Cada grupo é escalado a uma determinada área a cada dia da semana, para que todos os pacientes possam ser assistidos de forma adequada pelos grupos voluntários. A princípio o líder religioso se apresentava, depois pedia permissão para que levasse uma mensagem de fé para as pessoas ali presentes. Posteriormente, ele lia trechos da bíblia e depois fazia uma oração. O grupo sempre dava uma palavra de conforto segundo seus conhecimentos bíblicos, e deram oportunidade para que os acadêmicos pudessem estar participando com eles desse momento, pedindo que os mesmos participassem das orações. Em cada quarto era sempre uma oração diferente, um momento distinto. Todos os meses, uma vez por mês, os líderes se reúnem com a coordenadora do projeto no hospital, para discutir sobre a desenvoltura e necessidades das atividades realizadas. Resultados e/ou impactos: As visitas nos leitos foram muito produtivas, foi possível perceber as necessidades dos pacientes e acompanhantes, e os efeitos que os momentos religiosos tem perante as difíceis situações encontradas. Durante todo o acompanhamento foi percebido a aceitação por parte dos usuários, tanto os pacientes quanto os familiares foram muito receptivos, e aceitaram as orações oferecidas pela equipe. Alguns no início pareciam demonstrar pequena resistência ao dar atenção, mas com a intervenção do pastor diminuía, e ao final dos momentos de orações todos se demonstravam satisfeitos com a presença do grupo. Uma acompanhante oriunda de outra cidade relatou o quanto se sentia satisfeita com o trabalho religioso realizado, e disse que isso deveria ser algo que acompanhasse os pacientes de forma mais individual, já que se sentiam sozinhos no período de internação. Esse relato demonstra que os pacientes e acompanhantes precisam de um apoio biopsicossocial e espiritual para enfrentar as dificuldades do adoecimento e da internação, principalmente os que são de outras cidades, e não possuem a presença de amigos e familiares. A rotina de um hospital é bem intensa, os profissionais da saúde sempre estão atarefados e apressados, e por isso fica difícil uma interação mais próxima com os pacientes. É notório o quanto eles precisam dessa assistência, para ter alguém com quem conversar, ouvir suas histórias, expressar seus sentimentos, e receber o apoio necessário que vai além da equipe multiprofissional de um hospital. Esse trabalho realizado auxilia no combate a possíveis casos de depressões de usuários que se encontram por longo período de internação, e se vêem muitas vezes incapacitados, ou em fases terminais. Em uma das visitas, uma acompanhante que aparentemente estava distraída com cuidados de seu parente, começou a chorar, recebendo então conforto da equipe e apresentando melhora aparente. É esse o objetivo da equipe, demonstrar preocupação com o próximo, levando uma palavra de ânimo, conforto, carinho e amor. Com o incentivo da fé, os pacientes são estimulados a serem otimistas, a acreditarem na cura. A crença de que a fé vai curar, faz com que muitos pacientes consigam sublimar a dor, o estresse e outros problemas que enfrentam durante a doença. O apoio voltado aos que estão em fase terminal direciona-se a aceitação e ao modo de como encarar a morte, sempre buscando qualidade de vida até o final. Considerações Finais: O acompanhamento religioso não tem a finalidade de impor uma religião, e sim tem o propósito de contribuir para a melhora tanto física como mental dos usuários do hospital. Foi visto que a fé é uma grande consoladora de quem se encontra num momento de adoecimento e sofrimento, pois as pessoas entregam as dificuldades as suas crenças e acreditam que os problemas podem se resolver. O papel dos religiosos voluntários é levar conforto, esperança e mostrar aos pacientes e acompanhantes que eles não estão sozinhos. Muitas vezes escutar suas queixas, suas dificuldades já é confortante. O acompanhamento religioso não é de serventia apenas para os pacientes ali internados, mas também para os acompanhantes, que precisam de forças e esperança para continuar ajudando o seu familiar. Por isso, é importante que a gestão dos hospitais estejam sensíveis a dar esse apoio espiritual aos seus clientes, haja vista que esse cuidado com a mente dos pacientes propiciam uma internação com mais qualidade e conforto, e consequentemente uma maior adesão ao tratamento por estar sendo mais humanizado e eficaz.


Palavras-chave


cuidado humanizado; espiritualidade; vivência.