Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Acolhimento a demanda espontânea na Atenção Básica em Saúde.
EDMILSON CALIXTO LIMA, RODRIGO VIANA TOLEDO, JOÃO AGNALDO NASCIMENTO

Última alteração: 2017-12-17

Resumo


O estudo tratou do Acolhimento à Demanda Espontânea na Atenção Básica (AB) à saúde e levou em consideração a análise de dados a partir do segundo ciclo de avaliação externa do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). O objetivo do estudo foi avaliar o atendimento da demanda espontânea das Equipes de Saúde da Família no segundo ciclo do PMAQ-AB. Trata-se de um estudo seccional de base populacional, cuja unidade amostral foi de 29.778 unidades de saúde dos 27 estados federativos do Brasil, correspondendo a 2.160 unidades na região Norte, 10.768 na região Nordeste, 2.241 na região Centro-Oeste, 10.100 na região Sudeste e finalmente 4.509 na região sul e os dados foram provenientes do banco de dados do 2º ciclo de Avaliação Externa do PMAQ-AB.

A pesquisa apresenta abrangência nacional e foi desenvolvida de forma integrada por diferentes Instituições de Ensino e Pesquisa, vinculada diretamente ao Ministério da Saúde. Foram incluídos todos os profissionais de saúde que participaram da entrevista de avaliação externa do PMAQ, referente à aplicação do questionário do módulo II, que foi executado por entrevistadores da qualidade a um único profissional de saúde em cada Unidade de Saúde da Família (USF) que apresentasse o maior conhecimento sobre o processo de trabalho da equipe. Deste módulo foram analisadas as questões referentes ao acolhimento da demanda espontânea, correspondendo a 18 questões de respostas diretas. Foram observadas as 18 variáveis sobre acolhimento da demanda espontânea foram descritas em tabelas de frequência absoluta e relativa, com os resultados de cada uma estratificados por macrorregião.

As variáveis foram tratadas como variáveis nominais dicotômicas, sendo aquelas com múltiplas alternativas, transformadas em tantas variáveis dicotômicas, quantas alternativas possíveis. Duas variáveis tiveram tratamento diferente, sendo a resposta referente a uma unidade de tempo. Estas variáveis foram consideradas como numéricas intervalares. Foram gerados pontos de corte, para cada variável do estudo, buscando classificar as regiões em melhor ou pior do que o Brasil. Estes partiram das frequências totais, que consideraram o universo das equipes.

Tabela 1. Percentual das questões sobre o Acolhimento a demanda espontânea, dados do segundo ciclo do PMAQ, anos 2013 – 2014, com distribuição por macrorregião.

ACOLHIMENTO À DEMANDA ESPONTÂNEA – MACRORREGIÃO BRASIL (%)

Variáveis

Norte

Nordeste

Centro-oeste

Sudeste

Sul

Brasil

Realiza atendimento da demanda espontânea

93,1

95,4

96,5

98,8

98,5

96,9

Existência de local específico para o acolhimento e/ou realiza na sala de espera/recepção

67,4

70,9

69,3

53,1

64,4

63,4

Realização do acolhimento turno manhã

96,9

98,6

98,4

99,1

99,4

98,8

Realização do acolhimento cinco dias por semana

80,5

76,1

85,0

88,3

94,6

84,1

Disponibilizam vagas para consultas de demanda espontânea

81,8

86,3

84,5

90,6

88,9

87,7

Existência de Protocolo de Queixas + frequentes no idoso

32,0

49,0

40,2

67,6

48,0

53,4

Existência de Protocolo de Problemas respiratórios

28,7

48,00

 

 

37,7

67,8

50,4

53,1

Existência de Protocolo de Queixas + frequentes no adulto

28,9

46,50

35,6

68,2

46,3

51,9

Existência de Protocolo de Queixas + frequentes na criança

34,9

53,50

43,1

71,1

53,2

57,5

Existência de Protocolo de Problemas relacionados à saúde mental/sofrimento psíquico

25,4

43,30

32,2

63,4

46,2

48,6

Existência de Protocolo de Traumas e acidentes

18,4

30,00

22,4

50,1

37,0

36,6

Existência de Protocolo de Captação precoce de gestantes e intercorrências na gestação

33,8

51,40

42,0

69,5

54,1

56,1

Existência de Protocolo de Dengue

33,2

48,80

47,6

69,8

40,9

53,7

Outros

18,8

33,40

23,4

42,5

32,5

34,6

Não Possui protocolos de atendimento a demanda espontânea

55,8

37,60

46,6

22,4

38,7

34,4

Garantia de sair com a consulta agendada

86,5

89,6

82,7

93,4

86,4

89,7

Realização do agendamento em qualquer dia da semana, em qualquer horário

49,0

51,4

59,7

69,3

65,0

60,0

Realizam avaliação de risco e vulnerabilidade no acolhimento dos usuários

85,7

90,8

88,6

91,9

92,8

90,9

Profissionais capacitados para realização do acolhimento

61,1

62,1

61,9

81,1

71,2

69,9

Equipes que dispõe de serviço para remoção do usuário, quando necessário

71,4

84,5

86,3

89,2

95,5

87,0

Fonte: Banco de dados do 2º Ciclo de Avaliação Externa do PMAQ

Observação: Dados em vermelho são menores do que a média do Brasil, azul são superiores à média do Brasil.

 

Na Tabela 1 observa-se que a região Norte só pontuou acima da média nacional nas questões referentes a ter um local específico para a realização do acolhimento ou poder realiza-lo na recepção e com relação a não ter protocolos para acolhimento de queixas diversas. Já a região Nordeste pontuou acima da média nacional nos dois pontos supracitados e na variável que se referia à realização de acolhimento no turno da manhã. A região Centro Oeste teve desempenho semelhante obtendo pontuação maior do que a média nacional nas variáveis apresentadas anteriormente e também com relação à realização do acolhimento durante os cinco dias úteis semanais.

Ainda com relação à Tabela 1, a região Sudeste só teve dois pontos abaixo da média nacional que foram nas variáveis com relação à existência de local específico para realizar o acolhimento e o fato de não possuir protocolos específicos para acolhimento. E a região Sul teve mais variáveis com média abaixo da nacional, entre elas a existência de protocolos com relação à queixas mais frequentes no idoso, adulto e criança; com relação aos problemas respiratórios; protocolos para problemas relacionados à saúde mental e ao sofrimento psíquico; existência de protocolo de captação precoce de gestantes e intercorrências na gestação; existência de protocolo de dengue; outros; não possui protocolos de atendimento à demanda espontânea; e garantia de sair com a consulta agendada. Todas as outras variáveis tiveram médias acima da nacional.

O estudo revelou que em todas as regiões do país há a realização de acolhimento, considerando-se as particularidades de cada região e que, com um local específico ou na recepção, a maioria das unidades em todas as regiões consegue realizar este atendimento. Contudo, como observado nos resultados, as regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste estão deficitárias na realização da atividade, sendo classificadas a partir do padrão desenvolvido como Insatisfatórias ou abaixo da média em sua maioria.

As médias baixas com relação aos protocolos podem atingir a AB enquanto principal porta de entrada no sistema de saúde, precisando dar respostas aos usuários de maneira capacitada, devendo romper as barreiras burocráticas, contudo, ainda se vê a dificuldade da realização destes objetivos, tendo em vista a dificuldade das tecnologias chegarem até os trabalhadores em saúde e assim, consequentemente, permitirem aos mesmos prestar um bom atendimento aos usuários.

Conclui-se que o acolhimento pode estar sendo realizado na maioria das unidades de saúde do Brasil, contudo, a boa prática do mesmo depende das tecnologias e interações entre diversos aspectos que envolvem a produção de saúde e que vai resultar na satisfação do usuário. Assim, ainda se apresenta como necessária a evolução das políticas em relação ao acolhimento na AB, que possam promover as ferramentas necessárias para a realização das atividades e assim promovendo maior satisfação dos usuários que são a razão maior da existência do serviço.


Palavras-chave


Acolhimento; Atenção Básica à Saúde; Avaliação dos Serviços de Saúde