Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A IMPORTÂNCIA DA INCLUSÃO DE ACADÊMICOS EM VISITAS DOMICILIARES COMO UMA NECESSIDADE NA MANUTENÇÃO DA SAÚDE E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Ana Dirce Ferreira de Jesus, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Françoíse Gisela Gato Lopes

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Apresentação: A visita domiciliar é uma prática que faz parte da Estratégia e Saúde da Família (ESF), sendo esta o foco principal do trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS).  Isso, faz parte dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), visando a prevenção de doenças através dos cuidados básicos. A ESF tem contribuído não só para diminuição da morbimortalidade no Brasil, mas também para o controle de intercorrências, utilizando – se de ações de promoção e prevenção de saúde em visitas domiciliares. Essas, são muito importantes para que ocorra realmente uma assistência que promova o bem – estar físico, mental e social, visto que, são esses profissionais que tem um contato mais diário com as famílias em suas residências. O enfermeiro, por conseguinte, é um profissional referência dentro de uma equipe da ESF. Com isso, os acadêmicos de enfermagem, por exemplo, quando desenvolvem atividades nessas unidades, conseguem ter maior experiência, pelo fato de estarem inseridos na prática, auxiliando o enfermeiro da unidade e conhecendo a realidade e a importância em se ter uma atenção primária atuante nos domicílios. Este relato tem como objetivo descrever a experiência de duas discentes do curso enfermagem de uma universidade pública, localizada no interior da Amazônia, em uma visita domiciliar, no campo prático de estágio da graduação.  Desenvolvimento do trabalho: No primeiro semestre de 2017, através da disciplina de enfermagem comunitária I, foi realizada visita domiciliar no bairro Laguinho/Mapiri de Santarém – Pará. A residência visitada foi indicada pelo enfermeiro do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) da Unidade Básica do bairro. A visita foi realizada pelas discentes juntamente com o enfermeiro da unidade, que já fazia acompanhamentos nessa residência. O núcleo familiar da moradia visitada, era formada por um idoso de 65 anos, sua esposa e seus dois filhos. O ancião tinha parte do membro inferior direito amputado, devido a complicações por ser diabético, e hipertenso. Durante a visita, ele relatou que mesmo sabendo do diagnóstico ingeria bebidas alcóolicas, consumia todos os tipos de alimentos, de forma desenfreada, não utilizava insulina e não verificava glicemia. Ele não tinha preocupação com as possíveis intercorrências que poderia vir a ter, mesmo sabendo ser diabético. O idoso relatou ter onze irmãos, mas que não havia sido criado junto a eles, além dele mais quatro de seus irmãos eram diabéticos. Segundo seus relatos, seus filhos não eram diabéticos, porém um deles não tinha o cuidado com a alimentação o que podia ou não contribuir para o surgimento da doença. A diabetes no idoso avançou após o surgimento de uma “bolha” no pé direito, ele não se preocupou em cuidar do ferimento, piorando cada vez mais o estado da ferida. Durante a conversa, ele falou que não sentia nenhum sintoma, apenas depois de 30 anos foi começar a sentir, e quando isso ocorreu, foi tão forte a ponto de ter que amputar uma parte do membro inferior direito. O ancião disse que no momento em que soube do procedimento que ocorreria – a amputação, foi de um jeito muito rude pelo médico, o que o deixou muito triste, visto que o foi na frente de seu filho. Chorando, o senhor relembrava o quanto foi difícil presenciar seu filho recebendo um noticia tão impactante na vida de uma pessoa, de um modo tão brusco pelo profissional de saúde médico. Ele relatou para as acadêmicas que por conta de um osso exposto na parte amputada, ele teria que passar por mais um procedimento cirúrgico, visto que atrapalhava quando utilizava a prótese e havia formado uma ferida no local. Quando as estudantes adentraram em assuntos sobre a família, ele relatou que passa a maior parte do tempo sozinho o que o deixa muito triste, precisando de alguém para conversar, e não têm. Além disso, o idoso referiu – se chorando a um de seus filhos, pelo fato de o tratar de forma muito rude. Um dos motivos de sua tristeza é que antes de perder o membro ele era uma pessoa mais ativa em suas atividades diárias, trabalhava e ajudava a manter sua casa e não precisava de ninguém para isso. Porém, depois da cirurgia, somente sua esposa ficou com toda responsabilidade para o processo cuidativo, o que o deixou deprimido. Resultados e/ou impactos: Durante a visita, as discentes perceberam que o idoso apresentava sintomas de tristeza acentuado, e disse não aceitar a cirurgia na qual deveria ser realizada, pelo fato de não ter quem cuidasse dele no pós-operatório. Observou – se que o ancião se preocupava muito com todos os afazeres da família com ele. O idoso sentia muita necessidade do diálogo, da conversa. Com isso, essa vivência, contribuiu com o intuito da visita na comunidade, agregada ao relato da convivência familiar e sua saúde, o quanto os dois estão interligados. Através dessa experiência, percebeu – se que alguns acadêmicos ainda tem bloqueios pessoais em realizar visitas domiciliares, muitas vezes por não querer sair da zona de conforto. O acompanhamento familiar realizado pelas discentes e enfermeiro foi muito relevante, pelo fato de poderem estar mais próximas da realidade, e compreenderem a importância em se realizar a visita em domicilio, percebendo as necessidades de um acamado e como aquilo refletia em todo o núcleo da família. Além disso, a conscientização por parte da conversa também é muito importante. O paciente precisa confiar no que foi a ele e o profissional e acadêmicos necessitam realizar uma escuta qualificada. Considerações Finais: O acompanhamento a pessoa doente em seu domicilio, é uma tarefa de muita relevância, pois o profissional enfermeiro prestará o auxílio que na maioria das vezes a pessoa não tem como buscar devido as suas condições físicas, contribuindo para a melhora do psicológico, além de estar em contato direto com a família ou cuidador, orientando e prestando os serviços de saúde necessário. Todos esses fatores irão proporcionar a essa pessoa qualidade de vida. Portanto, a inserção de discentes em visitas domiciliares corroboram com experiências expressivas na formação acadêmica, isso porque, esse futuro profissional ainda está em processo de busca por novos conhecimentos e, o processo como intermediador, deverá mostrar a esses estudantes caminhos necessários para que gere nestes consciências sobre as vivências, principalmente na comunidade, que é a primeira porta de entrada de diversas patologias.


Palavras-chave


saúde pública; visita domiciliar; comunidade