Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UM MENOR COM SÍNDROME DE ARNOLD CHIARI TIPO II
Isabela Maria da Costa Buchalle, Andreza Dantas Ribeiro, Brenda dos Santos Coutinho, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício, Mariane Santos Ferreira, Renan Fróis Santana

Última alteração: 2017-12-16

Resumo


Apresentação: A malformação de Chiari é uma anomalia pouco comum, de origem congênita que se caracteriza por herniações cerebelares associados à espinha bífida cística e hidrocefalia causada por uma possível falha no processo de neurulação, podendo ser apresentada sob a forma assintomática ou sintomática, nesta última se ressaltam as características como a paralisia dos membros inferiores, instabilidade da marcha, cefaleia, parestesias, disfagia, cervicalgia, rinolalia, disfunção visual e vertigem. A Malformação de Chiari tipo II é a responsável pela maioria dos óbitos em portadores de mielomeningocele e pode se manifestar em qualquer idade, sendo mais severa em recém-nascidos e lactentes com idade inferior a 1 ano, no qual ocorre a herniação das amígdalas, verme cerebelar, quarto ventrículo e porção inferior do bulbo, através do forame occipital. O diagnóstico padrão-ouro é realizado através da ressonância magnética, porém exames complementares como raio-X de crânio e coluna, mielografía, pneumoencefalografía, ventrículografia, angiografia podem ser solicitados. O tratamento é cirúrgico, feito pela descompressão crânio-vertebral, no entanto possui uma alta letalidade e quando não consegue reverter o quadro resulta em diversas complicações e diminuição da qualidade de vida do cliente. Dessa forma, o estudo objetiva avaliar o caso de um menor com diagnóstico de Arnold chiari tipo II, de acordo com a sistematização da assistência de enfermagem (SAE) em uma unidade de terapia intensiva (UTI), no município de Santarém-PA. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de uma pesquisa descritiva, do tipo relato de caso, no qual a coleta dos dados foi realizada em um hospital de referência do município de Santarém-Pará, no setor de UTI pediátrica, durante as aulas práticas da disciplina de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva neonatal e pediátrica, ofertada no do 7º período do curso de enfermagem da Universidade do Estado do Pará (Uepa), no período de maio de 2017. A análise ocorreu a partir da observação sistemática e dirigida do cliente e elaboração da SAE, seguindo a taxonomia North American Nursing Diagnosis Association (NANDA), após prévia autorização de acesso ao prontuário.  Resultados e/ou impactos: J.L.N.S., 3 anos de idade, sexo masculino, nascido de parto vaginal em 02/10/2013, proveniente do município Itaituba, com histórico de pré-natal incompleto, diagnóstico inicial de mielomeningocele rota e icterícia, no dia 04/10/2013 realizou correção para mielomeningocele, ao exame de imagem mostrou Síndrome de Arnold Chiari com evolução de hidrocefalia, sendo realizada a derivação ventrículo-peritoneal (DVP) em 16/12/2013, após a correção evoluiu para quadro convulsivo, apresentou pneumonia e infecção do trato urinário, sendo realizado o tratamento das intercorrências de forma eficaz. Foi submetido à correção cirúrgica para a Síndrome de Arnold Chiari em 09/04/2014. O diagnóstico atual compreendeu a Síndrome de Arnold Chiari tipo II. Ao exame físico observou-se que o menor apresentava regular estado geral, sono e repouso adequados, taquicardico, hidratado, acianótico, anictérico, com movimentos ativos dos membros superiores, mantendo ventilação mecânica invasiva através de traqueostomia e apresentando abdome globoso flácido sem visceromegalia. Quanto às eliminações vesico intestinais, a diurese e evacuação estavam presentes. Permaneceu em isolamento de contato, devido a urocultura mostrar resultado positivo para Klebisiella pneumoniae em coleta do dia 06/04/2017. Ainda, manteve suporte nutricional em gastrostomia fechada e suporte medicamentoso, sob supervisão da equipe multiprofissional. Com base no caso, os diagnósticos de enfermagem pontuados foram: 1. Risco de queda relacionado à ausência dos pais, no qual se interviu de modo a acomoda-lo mais próximos do posto de enfermagem; auxilia-lo durante a deambulação; realizar transporte na cadeira de rodas com cinto de segurança; manter o leito em posição mais baixa, com as rodas travadas e as grades elevadas. 2. Risco de infecção relacionada a procedimento invasivo de uso gastrostomia, procedeu-se em verificar a presença de sinais flogísticos; atentar para sangramentos, hipertermia e aparecimento de lesões cutâneas; efetuar cuidados com sondas, drenos e cateteres obedecendo aos princípios assépticos e supervisionar estado da pele. 3. Risco para desenvolver integridade tissular prejudicada relacionado à imobilidade física, a aplicação de compressas frias ou mornas; realizar mudança de decúbito a cada 2 horas; supervisionar a pele; passar óleo ou creme após o banho; dispor coxins em proeminências ósseas; instalar colchão piramidal; hidratar região perianal com dermoprotetor após troca de fraldas; observar e anotar áreas hiperemiadas e edemaciadas. 4. Risco de aspiração relacionado ao uso de traqueostomia foi outro diagnóstico apontado, no qual se procedeu com a monitoração nível de consciência e capacidade de deglutir; posicionamento em decúbito no ângulo de 45º, no mínimo, manter a cabeça do paciente lateralizada, quando recomendado e manter aspirador disponível. 5. A Mobilidade no leito prejudicada relacionada à incapacidade de deambular evidenciado pela paraplegia mostra que as ações devem ter o objetivo de prevenir complicações e a dor pelo posicionamento incorreto, no qual deve ser realizado o alinhamento do corpo do paciente; manutenção da cama limpa, seca e sem dobras; avaliar diariamente a pele do paciente e realizar massagem de conforto. 6. Dor crônica relacionado à incapacidade física crônica evidenciada por dor, no qual foram aplicadas as intervenções de avaliar a dor quanto à localização, frequência e duração; avaliar a eficácia das medidas de controle da dor; favorecer repouso/sono adequados para o alívio da dor; investigar a experiência de dor expressada pelo menor; prepara-lo para o procedimento de administração de medicamento; ensina-lo quanto o uso de técnicas não farmacológicas (relaxamento, imagem orientada, musicoterapia, diversão, aplicação de compressas frias/quentes, aplicação de massagem) antes, após e se possível durante a atividade dolorosa. Considerações finais: O prognóstico do cliente com malformação de Chiari tipo II é ruim, pois muitos artifícios invasivos de manutenção são utilizados para alimentação, respiração e infusão de fármacos, como a gastrostomia, a traqueostomia, acesso venoso periférico, dentre outros, que torna suscetível o indivíduo a infecção e outras patologias. Assim, a aplicação da sistematização da assistência de enfermagem se faz indispensável na estabilidade do quadro clínico, com a melhora do conforto e promoção de qualidade de vida ao cliente, pois através das intervenções realizadas são utilizadas técnicas com enfoque as particularidades do cliente, que diz respeito às necessidades física, mental e social, buscando empregá-las de forma integral, bem como a prevenção de complicações e detectar precocemente falhas na terapêutica de controle. Ademais, a partir do planejamento das intervenções é possível atuar na vigilância contra fatores de risco ambientais que podem levar ao agravamento do quadro clinico.

 


Palavras-chave


unidade de terapia intensiva; diagnóstico de enfermagem; doenças cerebelares