Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2017-12-12
Resumo
APRESENTAÇÃO
O conhecimento sobre prevenção de DST’s e gravidez indesejada pode ser adquirido desde a unidade básica de saúde, como também no ambiente escolar, que infelizmente, ainda trata esse assunto de forma tímida, enfatizando aspectos biológicos e reprodutivos. (1).
O desenvolvimento desse trabalho foi realizado com perspectiva de contribuição do conhecimento, a fim de estimular o pensamento crítico dos alunos de um campus do Instituto Federal do Maranhão, justificando-se pelo grande número de casos de DST’s na cidade onde foi conduzida a atividade e pelo aumento do número de mulheres jovens, com gravidez indesejada.
O uso das oficinas como método de aprendizagem foi escolhido pela necessidade de se explorar com maior descontração e leveza os temas sobre sexo e reprodução sexual, visto que ainda há tabu em relação ao assunto.
Assim, o objetivo da atividade desenvolvida foi promover entendimento sobre educação sexual e contraceptiva para discentes do sexo feminino, esclarecendo dúvidas sobre esses métodos, levando-as também, a discussões sobre a necessidade de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis.
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO
Trata-se de um relato de experiência executado no
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA, Campus Barra do Corda, Maranhão.
Foram selecionadas duas dinâmicas de grupo. Os facilitadores das oficinas foram os profissionais responsáveis pela Coordenadoria de Assuntos Educacionais – CAE, do IFMA, que conta com uma equipe multiprofissional.
As participantes, todas do sexo feminino, foram convidadas a participarem das dinâmicas propostas, realizadas em período noturno, no horário das aulas. Assim, foram realizadas atividades com 66 mulheres.
As dinâmicas estão descritas nos resultados e foram trabalhadas no mês de outubro de 2017.
RESULTADOS
As atividades foram realizadas por dois dias consecutivos, com turmas diferentes.
Inicialmente, foi explicado as participantes sobre a liberdade que elas teriam para fazer qualquer pergunta sobre o tema.
Métodos contraceptivos
A primeira dinâmica executada tratava-se do uso dos métodos contraceptivos.
O objetivo dessa atividade foi promover informações corretas sobre os principais métodos disponíveis.
Os materiais utilizados foram folhas de cartolina, e papéis coloridos, pincéis de cores diferentes, figuras dos métodos, cópias de textos com assuntos sobre o tema, cola e tesoura.
Nos dias de atividades, foram formados seis grupos e entregue os materiais e temas, aleatoriamente. Os assuntos foram métodos hormonais (exceto anticoncepção de emergência) , dispositivo Intra-uterino (D.I.U.), métodos de barreira, métodos naturais, métodos cirúrgicos: o uso da laqueadura como método contraceptivo em nossa realidade, anticoncepção de emergência.
As discentes tiveram 15 minutos para confeccionarem os cartazes, em seguida foram a frente para discorrerem sobre o assunto, com um tempo de 10 minutos, explicando como aquele método é capaz de impedir a gravidez e como deve ser usado.
Ao término de cada explanação eram feitas perguntas sobre o assunto ao médico e a equipe de enfermagem.
Com essa atividade pode-se observar que, as jovens conheciam a maioria dos tipos de métodos contraceptivos, porém, não sabem ao certo, como usá-los corretamente. Os detalhes mais importantes foram colocados em um quadro para melhor entendimento (Quadro 1).
Quadro 1. Principais dúvidas das discentes com relação aos métodos contraceptivos
Camisinha masculina
A maioria não sabia da necessidade de apertar a ponta da camisinha para retirada do ar
DIU
Uma das alunas falou que o pênis poderia tocar o dispositivo e assim, deslocá-lo no momento da relação
Anticoncepcional hormonal oral (ACO)
A maioria das mulheres pensava que a pílula deveria ser iniciada em qualquer dia do mês
Métodos naturais
Não entendiam sobre como funciona o ciclo menstrual, e como ele está associado ao uso correto da tabelinha e verificação do muco cervical
Anticoncepção de emergência
A maioria entendia que a pílula poderia ser usada com frequência
Na explicação do passo a passo de colocação da camisinha, pode-ser observar que as alunas não sabiam sobre a necessidade de apertar a ponta, para retirada do ar e algumas relataram casos pessoais de problemas com esse método, justamente pela frequência com que o preservativo estourava.
As dúvidas sobre o DIU foram poucas, a mais inusitada foi a de uma aluna que falou: “o negócio do homem pode triscar no DIU e tirar ele do lugar, aí a mulher pode engravidar”. O médico explicou como esse método funciona.
Já em relação ao anticoncepcional hormonal, as jovens imaginavam que poderiam iniciar em qualquer dia do mês e algumas relataram que engravidaram fazendo uso da pílula.
As incertezas sobre os métodos naturais foram muitas, uma vez que, as discentes não entendiam sobre o ciclo menstrual, que é a base para o uso correto da tabelinha e ajuda na observação do muco cervical.
Sobre a anticoncepção de emergência, ficou claro que as alunas não sabiam sobre os riscos de se usar indiscriminadamente. Comentaram imaginar que a pílula emergencial pudesse ser usada frequentemente.
Árvore do prazer
A segunda dinâmica chama-se “Árvore do prazer” e foi trabalhada com a finalidade de causar reflexão, sobre os riscos e formas de prevenção sexual.
Os materiais utilizados nessa atividade foram uma lousa branca e pincel atômico.
Uma árvore foi desenhada na lousa e os coordenadores indagaram as participantes sobre todas as formas de prazer que elas pudessem pensar. Em seguida, foram questionados os riscos para cada prazer citado, e logo após, foi discutido sobre as formas de prevenção para os riscos (Quadro 2).
Quadro 2. Principais formas de prazeres e riscos citados pelas discentes
PRAZERES
RISCOS CITADOS
Beijo na boca
Contrair AIDS e outras DST’s
Sexo vaginal
Contrair AIDS e outras DST’s
Sexo oral
Contrair AIDS e outras DST’s
Masturbação
Contrair alguma infecção
Lambidas
Contrair doenças
Envio de vídeos íntimos
Não citaram riscos
Mordidas
Não citaram riscos
As dúvidas com relação a estes e outros riscos citados, foram esclarecidas, além de enfatizados os cuidados e formas de prevenção.
Foi desmitificada a possibilidade de se contrair AIDS através do beijo na boca e explicado que sua contaminação se dá através de sêmen, secreção vaginal, leite materno e contato com sangue.
Já, quando se trata de masturbação, foi explicado sobre os cuidados que se devem ter, ao introduzir algo no canal vaginal.
Foram enfatizados os cuidados com envio de fotos e vídeos íntimos, por mensageiros instantâneos, uma vez que muitos casos de suicídios têm ocorrido decorrentes de constrangimentos por exposição da intimidade de uma pessoa, além de ser capaz de causar transtornos psicológicos em uma pessoa vítima desse ato.
Aproveitando a deixa sobre o risco mordida, foi falado sobre os perigos de agressões físicas durante o ato sexual ou no relacionamento em si.
As dinâmicas aplicadas nessa atividade foram adaptadas do Guia para a formação de profissionais de saúde e de educação(2).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebeu-se que as participantes tinham dificuldades em entender algumas particularidades sobre as técnicas de um método contraceptivo, pulando etapas que são necessárias para a eficácia do mesmo.
Entretanto, a atividade pôde proporcionar um diálogo aberto sobre os temas abordados e contribuiu para a formação de um conhecimento mais crítico, além de esclarecer dúvidas simples, porém, importantes no ponto de vista sexual e preventivo.