Constituindo-se como um dos pilares da educação superior no Brasil, a extensão universitária é uma importante estratégia para promover a integração entre o ensino, a pesquisa e a comunidade. Nesse diapasão, a curricularização da extensão no âmbito da formação médica se faz necessária, uma vez que, por meio dela, as Instituições de Ensino Superior podem contribuir com o desenvolvimento social e com a melhoria dos indicadores de saúde das populações vulnerabilizadas. Trata-se de um relato de experiência intersetorial sucedida na comunidade Goiabeiras, território ribeirinho e rural remoto do município de Wanderley-BA, em dezembro de 2019. A comunidade em questão correspondia ao campo de práticas do internato rural do curso de medicina da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), por se tratar de uma área com grande vulnerabilidade sociossanitária e assistencial em saúde. Sendo assim, diante do diagnóstico das iniquidades em saúde pelos internos durante o período do internato, idealizou-se uma feira de saúde na localidade, desenvolvida em parceria com ligas acadêmicas, docentes e discentes de diferentes períodos do curso de Medicina e Nutrição da UFOB e profissionais da Estratégia de Saúde da Família do município. Na ocasião, foram ofertadas à comunidade consultas ambulatoriais com médicos e enfermeiros; atendimento psicológico; realização de eletrocardiograma, ultrassonografia e endoscopia; avaliação oftalmológica; exames laboratoriais; além da dispensação de medicamentos; verificação de glicemia capilar, aferição da tensão arterial, testagem rápida para Infecções Sexualmente Transmissíveis e educação em saúde sobre o câncer de mama e depressão. A vivência proporcionou aos estudantes a integração teórico-prática a respeito do cuidado integral em saúde nas comunidades vulnerabilizadas remotas por meio da inserção direta no território, numa construção do saber pautada na ação-reflexão-ação, mediante a atividade extensionista no escopo de  programação acadêmica  da graduação. Para a comunidade, a oferta dos serviços de saúde foi de grande valia, pois proporcionou uma maior celeridade na realização de atendimentos e exames, além do acolhimento das suas necessidades sóciossanitárias e demandas reprimidas. A presente intervenção em saúde, orientada pela ótica da integração entre ensino-serviço-comunidade, possibilitou o reconhecimento dos determinantes sociais concernentes às comunidades rurais remotas, numa formação centrada na compreensão, reflexão, formação do senso crítico, escuta qualificada e responsabilização social. Outrossim, a prática evidenciou a necessidade de Universidades Públicas que rompam com práticas estritamente teóricas e construam relações com o território comunitário, ou seja, que implementem e promovam ações de extensão enquanto princípio formativo e indissociável do ensino e da pesquisa, tendo um dinamismo pedagógico que transcenda a transmissão passiva de ideias e conhecimentos.