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O primeiro curso de Medicina no Brasil foi criado em fevereiro de 1808 em Salvador. O ensino médico brasileiro desde então vem se modificando em constante adaptação, procurando se correlacionar as necessidades e transformações da medicina. O ensino teórico também vem se adaptando ao progresso tecnológico, e nesse contexto desde o aparecimento da internet que teve sua exploração comercial no Brasil iniciada em dezembro de 1994, foi possível o acesso a artigos científicos imediatamente após a sua publicação. Destacam-se, mais recentemente as plataformas de reuniões virtuais, que possibilitaram encontros acadêmicos no ambiente virtual e remoto, sem a necessidade da presença dos alunos no mesmo espaço físico.Com a pandemia do novo coronavírus, o isolamento social e a restrição de contato criaram de forma súbita e repentina uma necessidade de adaptação e diversificação nos métodos tradicionais de ensino-aprendizagem. A superação das barreiras educacionais por alunos e instituições impostas pela pandemia determinaram uma maior interação com a tecnologia, muitas vezes inovadoras e impulsionaram os métodos de ensino remoto. Tanto na grade curricular normal quanto nas atividades extracurriculares (monitoria, iniciação científica e atividades das ligas acadêmicas), a educação médica pode ser continuada minimizando as perdas do programa de ensino. 
Sendo assim, os objetivos deste projeto são: Analisar aspectos do ensino digital na formação do aluno da graduação de medicina na disciplina de oftalmologia de uma Universidade Privada localizada no Rio de Janeiro, Brasil e Compartilhar a experiência pessoal dos discentes.

MÉTODOSProjeto piloto do tipo inquérito (survey), baseado num questionário aplicado em alunos da graduação do Curso de Medicina de Universidade Estácio de Sá no Rio de Janeiro. A amostra foi composta por discentes escolhidos de forma aleatória e voluntária, sem nenhum custo financeiro e mediante o aceite do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Os critérios de inclusão foram: o aluno deve ter cursado disciplina de oftalmologia ou participado de atividades extracurriculares voltadas para oftalmologia como monitoria, iniciação científica e Liga Acadêmica. Foram excluídos alunos com idade inferior a 18 anos de idade e que se negaram a assinar o TCLE.O questionário foi feito com perguntas sobre a opinião dos alunos frente à mudança de cenário didático das aulas teóricas voltados para a Disciplina de Oftalmologia. As variáveis do estudo foram tanto qualitativas quanto quantitativas, e incluíram sexo, idade, período que o aluno está cursando, atividades acadêmicas que participou referente a oftalmologia, entendimentos e perspectivas sobre o ensino digital que tiveram.  Análise estatística foi feita com o programa Graphpad Prism® versão 8.3.0, de forma descritiva com média, desvio padrão e intervalo de confiança 95%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos alunos 88 alunos que participaram dessa pesquisa, 65.9% tinham entre 18 e 24 anos, 76,1% eram do sexo feminino e todos estavam no 7º ou no 8º período do Curso. Numa perspectiva geral, 93,2% dos alunos acredita que o uso da plataforma utilizada nesse estudo (Microsoft Teams ®) para continuar suas aulas teóricas foi benéfico nesse momento da pandemia de COVID 19. 83% informou que conseguiu se adaptar a esse modelo didático e 75,6% considerou essa experiência boa ou excelente. Nas atividades acadêmicas auxiliares também voltadas para oftalmologia, 81,8% dos alunos participaram de eventos da liga acadêmica, 22,7% do programa de iniciação científica e 65,9% das aulas de monitoria, a classificando em 76,6% como boa ou excelente. 81,8 % dos alunos também respondeu que nesse formato de ensino remoto tiveram maior facilidade para participar de eventos voltados para oftalmologia (congressos, simpósios,..).A realização de provas online também foi questionada nessa pesquisa. 71,6% dos alunos respondeu que a sua aplicação foi benéfica e 76,6 consideraram a experiência boa ou excelente.Consideramos a possibilidade de num cenário pós-pandemia a possibilidade de se combinar essa modalidade de ensino remoto com o presencial tradicional e 47,7% dos alunos conciliaria um ensino híbrido, em que algumas atividades poderiam ser substituídas pelo modo on-line. 25% substituiria definitivamente as aulas on-line pelas aulas teóricas presenciais e 22,7% terminaria com as aulas online. 4,6% responderam que não tinha ainda opinião formada sobre esse assunto.  Na opinião dos alunos frente a um semestre de aulas com atividades curriculares e extracurriculares associadas ao ensino digital, pudemos constatar que essa transição foi bem aceita, e 76,6% consideraram a experiência positiva. Nesse formato, 81,8% responderam que tiveram maior facilidade para participar de eventos extracurriculares voltados para oftalmologia. A oferta para esse tipo de evento também aumentou no período de pandemia. A comunicação feita por meio de mídias digitais tem uma grande propagação entre os estudantes, ajudando mais na divulgação, e a possibilidade de assistir de casa assim como a simplicidade na inscrição facilitaram esse acesso.No sistema adotado, além da interação com o professor ocorrer em tempo real possibilitando discussões e o esclarecimento de dúvidas imediatamente assim como numa aula presencial tradicional, existe a possibilidade de gravar e assisti-la num segundo momento, permitindo a revisão integral dos conteúdos abordados.  Essa opção juntamente com o fato de não ter a necessidade de se deslocar no trânsito foram as maiores vantagens apontadas pelos alunos. 
A maior desvantagem escolhida pelos alunos é a impossibilidade de poder realizar as habilidades práticas imprescindíveis no ensino médico. Ainda, há a dificuldade de acesso a internet e sua instabilidade de conexão. Para essa situação o aprimoramento das redes de transmissão, a melhora do sinal e evolução dos dispositivos utilizados nesse processo (computadores, celulares, ...), vão com o passar do tempo minimizar esse tipo de problema.    No nosso estudo 71,6% dos alunos aprovou a realização de avaliações online. O ideal é que seja utilizado um software específico para gestão de provas, que bloqueiam recursos não autorizados do computador (acesso à internet, arquivos, comandos de tela, ...), criando um sistema fechado que só permite o acesso a prova até a sua conclusão. Formas de auditar por meio de vídeo e áudio abertos e gravados também auxiliam o monitoramento dos alunos. Consideramos também que outras formas de se avaliar o aluno como a apresentação de trabalhos orais e elaboração de monografias podem ser muito bem ajustadas ao formato online. Chama a atenção que 47% dos alunos considerou de forma favorável, manter as aulas on-line combinadas com as aulas presenciais tradicionais, ou até substitui-las totalmente ao invés das presenciais (25%), mesmo após o fim do período de isolamento social. 
CONSIDERAÇÕES FINAISO ensino digital voltado para a Disciplina de Oftalmologia nos moldes de como foi executado nesse estudo durante o período de isolamento social, foi bem aceito e elogiado pela maioria dos alunos.  As principais vantagens descritas foram a possibilidade de assistir as aulas sem deslocamento no trânsito, assim como grava-las e rever quantas vezes quiser. Como desvantagem se destacou a impossibilidade de ter aulas práticas e instabilidade na conexão com a internet. Chama a atenção também que a maioria dos alunos considerou de forma favorável manter as aulas on-line combinadas com as aulas presenciais tradicionais, mesmo após o fim do período de isolamento social.