Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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E AGORA JOSÉ? LIDANDO COM A COVID-19 DAQUI PARA FRENTE...
Paulo de Tarso Xavier Sousa Junior, Alberto Manuel Quintana

Última alteração: 2021-12-09

Resumo


É incontestável as inúmeras mudanças provocadas pela pandemia da Covid-19. Mesmo após mais de um ano convivendo neste novo cenário, cada dia que passa, as sociedades acabam visualizando de maneira mais clara as consequências do contágio pelo vírus Sars-CoV-2. Boa parte das pessoas que se infectaram precisaram de apoio e suporte das instituições hospitalares. A internação sem dúvida trouxe novos apontamentos para pacientes, profissionais e até mesmo as próprias instituições de saúde. Além deste episódio, as perspectivas para quem consegue se recuperar após o tratamento e obter a alta hospitalar ainda apresentam suas particularidades. Assim, mesmo diante da cura, ainda é possível conviver a sombra do vírus, provocando novas inquietações e mudanças subjetivas e orgânicas. É pensando nesta perspectiva que este trabalho se apresenta. A pergunta norteadora desta pesquisa foi: quais os debates e estudos existentes sobre o período pós-hospitalização por Covid-19, em toda a integralidade do sujeito? O presente estudo possui como objetivo geral analisar as discussões existentes sobre o período de pós internação hospitalar a Covid-19, abrangendo os aspectos físicos e psicológicos dos sujeitos. O trabalho apresenta nuances importantes diante de um fenômeno atual e repleto de dúvidas e constantes descobertas. Pensar nesta possibilidade é, portanto, a materialização da transformação social a qual as pesquisas ofertam como efeito a comunidade. Trata-se, consequentemente, de uma revisão de literatura de caráter integrativo. O desenvolvimento desta pesquisa se deu entre os meses de agosto à novembro de 2021. Foram realizadas buscas nas seguintes bases de dados: Scielo, BVS Brasil, Pepsic e Lilacs. De modo a guiar a investigação nestas referências foram utilizados seguintes descritores: Covid-19, saúde, psicológico, saúde mental, consequências e qualidade de vida. As palavras utilizadas na busca vieram da sua presença nos Descritores em Ciência da Saúde (DeCS/MeSH). Neste caso, se utilizaram dos operadores booleanos and e or, alterando o uso nas plataformas de dados por grupos de dois a três dos termos escolhidos. Para definição mais precisa da pesquisa foram traçados critérios de seleção para a construção do estudo final. Como parâmetros de inclusão se pensou nos seguintes pontos: trabalhos originais completos publicados entre os anos de 2020 e 2021, sejam eles em língua portuguesa ou em um idioma estrangeiro. Ficaram de fora desta busca trabalhos como revisões de literatura, que fugissem do tema principal e demais modalidades classificatórias como resenhas, entrevistas, artigos de opinião e resumos (simples e/ou expandidos) publicados em anais de eventos científicos. Após estas definições foram escolhidas vinte referências para pré-análises. Durante esta última etapa, quinze trabalhos constituem os escritos finais usados para a produção do estudo final. Como alternativa visando uma melhor organização e compreensão dos achados, foram construídas duas categorias de análises e discussões. A primeira foi denominada como: os problemas decorrentes do mundo novo da Covid-19. Já a segunda categoria: capítulos ainda não encerrados para os protagonistas que encararam o vírus. O resultados apontaram a presença de muitos estudos estrangeiros. Os mesmos foram definidos como pesquisas de campo, realizadas sejam nos hospitais, com os pacientes internados por Covid-19, ou os que já se encontravam em alta hospitalar e seguia algum tipo de tratamento na unidade de saúde. A formação dos autores concentram-se na Medicina, havendo também a inserção da Psicologia, Psiquiatria, Fisioterapia, Nutrição e afins. Apesar da presença, se evidenciou a presença tímida de estudos em língua portuguesa, realizados em território nacional brasileiro. A primeira categoria deste trabalho discorre sobre as consequências aleatórias do contágio a Covid-19. Apesar da fragilidade em alguns casos consideradas como pessoas de risco, não existe uma previsibilidade sobre as decorrências do diagnóstico positivo. Enquanto em algumas situações os indivíduos podem não sentir absolutamente nenhum sintoma, outros podem até fazer uso das Unidades de Terapia Intensiva, abreviadamente UTI’s, se utilizando de métodos dolorosos e invasivos. A hospitalização nestes casos se torna uma experiência singular e com representações diversas. Enquanto em algumas situações existem dor, sofrimento e o surgimento de problemas psicológicos, para outros, esta vivência pode significar uma nova possibilidade e começo. O estigma social desenvolvido pela doença causa o afastamento dos sujeitos, mas para além da necessidade de não transmissão. Assim, esses sujeitos aderem uma posição de representatividade da morte de perto. O isolamento traduz sentimentos adversos de solidão, medo, angústias e até a possibilidade mais certeira de perdas e lutos. Além disso, o cenário atual provocou inúmeros problemas sociais, como fome, desemprego, falta de estabilidade e outras demandas. Essas questões apresentam vulnerabilidades as quais uma parcela (lê-se aqui, as minorias) da população acaba sofrendo. Já a segunda categoria deste trabalho apresenta uma faceta persistente da Covid-19. A presença de determinados sintomas e/ou alterações em funções orgânicas têm sido cada vez mais recorrente em casos após a cura do contágio do vírus. Nestas situações, essas sequelas provocam também adoecimento psíquico. Dessa forma, entende-se que este ciclo ainda persiste, provocando mudanças nas rotinas e cotidianos. Apesar de em muitas situações ocorrer tratamentos propícios para estes casos, o suporte psicológico tem sido recomendado em alto grau. Existem portanto, estudos que reforçam as mudanças nas subjetividades e processos de vivências destes indivíduos. A conciliação desta nova perspectiva a identidade humana, além de provocar rejeição pode desenvolver comportamentos lesivos e de alto risco as pessoas. Este cenário está acontecendo neste exato momento, dessa maneira, não se pode pensar a longo prazo. As medidas, estratégias e ações da sociedade de um modo geral devem ocorrer imediatamente. Pode-se pensar então, em consequências que o período pandêmico, mesmo superado algum dia em sua totalidade, ainda acarretará as comunidades, classificando-se então como um problema de saúde pública. Enquanto isso, essas pessoas seguem martirizadas e com demandas mais profundas do que as detectadas em um teste de sorologia. Conclui-se que, é preciso atuar não apenas no combate de disseminação ao vírus, mas em todas as potências transformadoras negativas as quais ele encontra deixando em cidades, lugares, pessoas e afins. Enquanto este trabalho não conceitua exatamente as perspectivas que o futuro reserva, é possível pensar no aqui-agora, como fonte de mobilização, cuidado e resistência. Só assim, com essa forma de pensamento, atuação e estratégia, será real e palpável pensar em um amanhã.