Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A GENERIFICAÇÃO DO PODER: A soberania em metástase
Jonathas Justino

Última alteração: 2022-01-11

Resumo


Este resumo se situa no campo das pesquisas qualitativas em saúde, se insere na temática dos estudos de gênero e sexualidades dissonantes e reflete sobre as relações de poder, a partir de uma análise foucaultiana, em interface com os processos de generificação da vida.  Detém como objetivo se debruçar sobre os gêneros considerados não inteligíveis, com recorte para a travestilidade e a transexualidade, e como estas existências se relacionam com a topologia do poder em Foucault, bem como em relação às tecnologias de governo sobre o corpo que passam a se modificar, atualizando-se. Disserta sobre o poder soberano a partir de achados provenientes da pesquisa de mestrado do autor deste manuscrito, titulada: “Nos Armários das Ruas”: entre discursos, saberes e o cuidado em territórios marginais - Uma Cartografia Trans-Trava pelas Ruas de Campinas, São Paulo, Brasil, apresentada como requisito para obtenção de título de mestre no Departamento de Saúde Coletiva, da Faculdade de Ciências Médicas, da Universidade Estadual de Campinas (DSC-FCM/UNICAMP).  Pressupõe-se enquanto um Ensaio sobre a temática dos estudos de gênero calcado em referenciais pós-estruturalistas e dos estudos de interseccionalidade, da cartografia, da experiência e da pesquisa interferência, utilizando-se dos relatos de campo provenientes da pesquisa acima referida, durante os anos de 2018 e 2020, bem como dos indicadores de mortalidade trans e travesti no Brasil, no ano de 2020, monitorados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA). Esta pesquisa percorreu os territórios dos prostíbulos e pensões das imediações centrais do município, dialogando com mulheres transexuais e travestis viventes das ruas, tensionando as manifestações discursivas que circunscrevem os gêneros considerados não inteligíveis em seus efeitos sobre os corpos considerados não inteligíveis. Identificou-se que os efeitos soberanos sobre os corpos não se dissipam, mas se aprimoram em defesa da manutenção da realidade binária e da heterossexualidade compulsória, culminando em circunscrições de chacota, de iniquidade de acesso à direitos básicos, de violência extrema e de óbito a este recorte de realidade. Considerou-se, por fim, que as amarras do poder se sobrepõem, se dispersam, fomentando situações que devem ser visibilizadas, tensionadas e jamais esquecidas, inclusive, a partir das circunscrições políticas totalitárias que passam a potencializar e legitimar discursivamente o genocídio Transexual e Travesti, que, ano após ano, se tornam cada vez mais presentes e numerosos.