Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Conhecimento de Universitários sobre a Transmissão e Prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis
Anne Layse Araujo, Thyalia Reis Araújo, Denise Lima Magalhães, Jaqueline Lopes Prates, Alaides Oliveira Souza, Matheus Marques Brito, Elaine Santos Silva, Cinoélia Leal Souza

Última alteração: 2022-01-10

Resumo


Apresentação: as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) são agravos agudos de incidência em todo o mundo, em razão pela qual são consideradas um problema de Saúde Pública, sobretudo entre jovens e adolescentes. Tais infecções trazem implicações de natureza sanitária, social e econômica, por sua dificuldade de diagnóstico e tratamento precoce, tendo como resultados, graves sequelas como a infertilidade, perda fetal, gravidez ectópica, cancro anogenital e, até mesmo, a morte prematura. A dinâmica epidemiológica das ISTs é consequência de elementos comportamentais, sociais, políticos, tecnológicos e programáticos, que beneficiam situações de vulnerabilidade aos indivíduos ou grupos que dividem características comuns. No geral, os jovens possuem certo conhecimento acerca da importância do uso do preservativo na prevenção das ISTs, contudo existem falhas no processo de prevenção. Entre os fatores relacionados a alta exposição pode-se pontuar: o início precoce das práticas sexuais e a não utilização de preservativos em todas as relações, tendo como uma possível explicação a ideia disseminada entre os jovens de que o uso do preservativo diminui o prazer sexual; a carência de conhecimento, o que fragiliza a tomada de decisão em relação à saúde sexual; o comportamento de risco com o grande número de parcerias sexuais, e a utilização de álcool e outras drogas. Nesta perspectiva, vale destacar que jovens universitários possuem alto risco para ISTs, concretizado por determinados comportamentos, sobretudo relacionados ao consumo de álcool e outras drogas e práticas sexuais desprotegidas. Estas condutas, próprias das mudanças sociais, culturais, psicológicas e biológicas, fazem parte do processo de amadurecimento dos jovens universitários, no entanto, tais ações nem sempre são seguras do ponto de vista da saúde. Diante disso, o presente estudo buscou analisar o grau de conhecimento de jovens universitários na prevenção de ISTs. Desenvolvimento: tratou-se de um estudo descritivo transversal com abordagem quantitativa, envolvendo 605 estudantes de uma instituição de ensino superior localizada na região sudoeste da Bahia. A coleta de dados ocorreu em abril de 2021 e, para tal, foi utilizado um questionário online, com 49 perguntas estruturadas pelos pesquisadores. Para a análise dos dados foi realizado, inicialmente, a caracterização da população estudada, através da análise univariada, obtida por meio de dados absolutos e relativos. Em seguida, procedeu-se com análise bivariada para identificar as associações através do teste x² adotando p-valor ≤0,05 para significância estatística. Em seguida, realizou-se a análise de regressão logística múltipla para avaliação simultânea das variáveis estudadas, considerando o nível de confiança de 95%. Todas as fases da pesquisa foram realizadas em consonância com as questões ético-legais da resolução n° 466 de 2012 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil e, todos os participantes assinaram, digitalmente, um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido junto ao questionário de coleta. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em 04 de fevereiro de 2021 sob número de protocolo: 39183220.5.0000.8068. Resultados: dos participantes do estudo, 61,5% estavam entre 20 e 24 anos de idade, e, em relação à identidade de gênero, 75,9% se declararam mulheres cis e 55,5% heterossexuais. Dentre os entrevistados que afirmaram ter vida sexual ativa, 88,0% já viram alguma vez na vida, campanhas relacionadas a transmissão e prevenção das ISTs; 88,5% disseram que o sexo oral sem preservativo transmite ISTs e; 87,5% afirmaram que a prática sexual anal/vaginal sem preservativo transmite ISTs. Tais dados indicam certo esclarecimento dos jovens sobre o assunto. É certo que o contato sexual tem grande potencial transmissor de microrganismos causadores das infecções, tanto que, o uso de preservativo, feminino ou masculino, é indicado em todas as relações sexuais, independente da modalidade. Ao longo dos últimos anos, o uso do preservativo entre o público jovem foi disseminado devido à grande mobilização de campanhas desenvolvidas pelo setor saúde e redução do tabu em falar da prática sexual. Nesse sentido, a maior adesão a este método preventivo tem sido um forte aliado no controle das ISTs, inclusive da epidemia de HIV/Aids, contudo, ainda existe uma grande lacuna entre o saber sobre e o por em prática, fato este que impede a redução do número de novas infecções. Importa destacar que, dentre os entrevistados 87,1% reconheceram a importância dos preservativos para um sexo anal/vaginal seguro contra ISTs, embora 81,5% raramente frequentem a Unidade Básica de Saúde (UBS) para obter informações sobre saúde sexual. Por outro lado, apesar de demonstrar ciência sobre os riscos e reconhecerem a importância, dos indivíduos que declararam vida sexual ativa, 95,8 % relataram já ter feito sexo sem o uso de preservativo; 93,9% dos participantes usam preservativo no sexo anal/vaginal, entretanto, 95,0 % não usam preservativo no sexo oral. Nessa perspectiva, é válido considerar que, tanto na prática sexual anal/vaginal, quanto na prática oral, os riscos relacionados a ISTs são evidentes. Apesar dos avanços tecnológicos, o acesso às informações e da liberdade de escolhas, a grande maioria dos estudantes ainda apresentam um comportamento de vulnerabilidade sexual, que põe em risco não só a si próprios, como também seus atuais e futuros parceiros. Nesse viés, é pertinente ressaltar o papel da Atenção Básica, no tocante a promoção da saúde e prevenção de doenças, já que, pelos dados apresentados acima, a maioria absoluta dos entrevistados que não desenvolveram um comportamento sexual seguro, também não viam na UBS um ponto de referência para a obtenção de informações. Essa correlação aponta para a importância nas ações de orientação e sensibilização realizadas pela equipe multiprofissional das UBSs. Considerações finais: Embora as campanhas publicitárias e as ações das UBSs possuam um alcance considerável, grande parte da população universitária com vida sexual ativa não se compromete com o uso de preservativos numa frequência que assegure a não contração de ISTs, ainda que o grupo de entrevistados reconheça que a relação sexual sem segurança resulte na contração de infecções. O estudo realizado, portanto, aponta que o mal-uso de preservativos em universitários está mais relacionado a uma conduta imprudente do que a falta de conhecimentos sobre o assunto. Bem por isso, entende-se que as UBSs possuem um papel essencial na reversão deste cenário, já que, é através da Atenção Básica que as pessoas são sensibilizadas para a compreensão de assuntos relacionados à saúde, de modo geral.

Palavras chaves: conhecimento, Infecções Sexualmente Transmissíveis, estudantes, universidade.