Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Promoção e Assistência à Saúde do/a Trabalhador/a: Possibilidades além das consultas
Claudia Lima Monteiro

Última alteração: 2021-12-22

Resumo


Introdução: O trabalho é um elemento importante a ser considerado no processo de saúde e doença da classe trabalhadora. Nesse sentido, a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) criou os Centros de Referência em Saúde do/a Trabalhador/a (CEREST), equipamentos de referência da saúde pública para a assistência, vigilância, reabilitação, informação, notificação e ações educativas em Saúde do/a Trabalhador/a. Tem-se, portanto, um conjunto de ações que vão além do nexo da doença com o trabalho. O objetivo deste artigo é   apresentar relato de experiência da equipe do CEREST Diadema com a   criação e acompanhamento de grupos de usuários/as do equipamento, por meio da realização de artesanatos, enquanto espaço coletivo acolhedor, com a intenção de promover o diálogo   com os/as trabalhadores/as sobre as questões sociais, emocionais e econômicas relacionadas ao seu adoecimento. Desenvolvimento: O Grupo de Artesanato foi criado no CEREST Diadema no ano de 2005 e foi acompanhado pelas profissionais de psicologia, serviço social e auxiliar de enfermagem, buscando ser um espaço de escuta, acolhimento e de criação de vínculos entre os/as usuários/as do equipamento.  Os encontros eram semanais, com duração de 03 horas. As inscrições eram abertas e gratuitas aos/as interessados/as e foram convidadas oficineiras voluntárias para o ensino de pintura em tela, oficinas de confecção de quadros com sementes, cestas de jornais, cachecol com fios de lã, maquiagem, decoupage de guardanapos em tela, confecção de bijuterias e fuxico.  O material necessário para a realização das oficinas foi adquirido pelo CEREST. Durante a realização das oficinas, ocorridas até o ano de 2012, os/as trabalhadores/as relataram grande sofrimento emocional, devido a incredibilidade do adoecimento por parte de amigos/as, familiares e patrões (invisibilidade física de várias doenças, como lombalgia e lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, insegurança em relação ao retorno ao emprego e a profissão e sentimentos de inutilidade. Resultados:  Os grupos de artesanatos realizados foram espaços importantes para os/as usuários/as do equipamento e também para as profissionais  que  os acompanharam, na medida em que propiciaram momentos de reflexão coletiva sobre o mundo do trabalho contemporâneo, contribuíram para a criação de vínculos, propiciaram a percepção da realização um trabalho na sua totalidade (ao contrário de uma linha de produção) e, em alguns casos, foram alternativas  de geração de renda. Considerações finais: Os grupos de artesanatos foram espaços de reflexões e aprendizagens por parte dos/as usuários/as e também da equipe de trabalho do CEREST. Os grupos foram ancorados no acolhimento, na possibilidade de socialização de sentimentos e de posicionamentos dos/as participantes em relação ao seu processo de adoecimento e reabilitação.