Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS EM TRATAMENTO PARA INFECÇÃO LATENTE POR TUBERCULOSE ACOMPANHADOS EM UM SERVIÇO DE ATENÇÃO ESPECIALIZADA EM POLICLÍNICA DE REFERÊNCIA DA CIDADE DE MANAUS-AM
Vitor Araujo Mar, Yamile Alves da Silva Vilela, Tainan Fabrício da Silva, Marcos Paulo da Silva Borges

Última alteração: 2021-12-19

Resumo


APRESENTAÇÃO: A infecção latente pela tuberculose (ILTB) é responsável pela maioria dos casos de tuberculose ativa, o que torna o diagnóstico e tratamento importantes, principalmente em pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHIV). A Organização Mundial de Saúde estima que 2 a 3 bilhões de pessoas no mundo estão infectadas pelo Mycobacterium tuberculosis, dos quais 5 a 15% evoluirão para doença ativa razão pela qual se faz necessário o reconhecimento precoce desta entidade principalmente em grupos populacionais de risco. A infecção pelo HIV aumenta o risco de desenvolvimento de tuberculose ativa em 20 vezes. Outro fator importante é que o tratamento precoce contra o HIV e a boa adesão ao tratamento reduz em 51% as chances das pessoas vivendo com HIV/AIDS adoecerem por tuberculose. O estado do Amazonas possui uma taxa de incidência de tuberculose de 68,4 por 100 mil habitantes o que o coloca com uma das unidades da federação com maior incidência deste agravo no Brasil. Infecção latente por tuberculose ocorre quando uma pessoa está infectada pela Mycobacterium tuberculosis, porém sem sinais ou sintomas de doença ativa, sendo assim isso não significa que todos infectados adoecerão com a forma ativa da tuberculose, entretanto são reservatórios do bacilo que podem ser reativados. O diagnóstico de ILTB deve acontecer após exclusão da doença ativa e deve ser realizado por exames de rotina como aprova tuberculínica (PT) ou ensaios de liberação do interferon-gama (IGRA). Em pessoas vivendo com HIV/AIDS a indicação do tratamento da ILTB ocorre quando o usuário apresenta os seguintes critérios: contagem de linfócitos T CD4 + menor ou igual que 350 células; e/ou contatos de pacientes com tuberculose pulmonar com confirmação laboratorial; e/ou com registro de PT maior que 5 mm ou IGRA positivo não submetidos ao tratamento para ILTB na ocasião. No Brasil o tratamento de escolha é feito com isoniazida ou rifampicina nos casos de contatos monorresistentes ou por intolerância a isoniazida, este sendo liberado mediante receituário médico e ficha de notificação de ILTB fornecida pelo Ministério da Saúde preenchida. Diante do exposto, este estudo tem como objetivo apresentar o perfil epidemiológico dos pacientes vivendo com HIV/AIDS em tratamento para Infecção Latente por Tuberculose atendidos no Serviço de Atendimento Especializado de uma policlínica de referência localizada na zona leste da cidade de Manaus-AM, durante o período de outubro de 2020 a outubro de 2021. DESENVOLVIMENTO: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo transversal e abordagem quantitativa, realizado no Serviço de Atendimento Especializado de uma policlínica de referência da cidade de Manaus-AM. A coleta de dados se deu a partir do levantamento de dados sociodemográficos, clínicos e de tratamento do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN), do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM) e do Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL), tendo como critérios de inclusão pessoas vivendo com HIV/AIDS que no período de outubro de 2020 aoutubro de 2021 estavam em tratamento para infecção latente por tuberculose na referida unidade. RESULTADOS: Durante o período avaliado foram selecionados 37 pacientes que realizavam tratamento para ILTB com isoniazida na dose de 300 mg ao dia com programação de 270 doses no Serviço de Atendimento Especializado da Policlínica Dr. Antônio Comte Telles, localizada na zona leste de Manaus-AM. Desse total, 32 (86,5%) eram do sexo masculino e 05 (13,5%) eram do sexo feminino. Em relação à faixa etária dessa população verificou-se que 04 (10,8%) encontravam-se na faixa etária de 15 a 19 anos;14 (37,9%) na faixa etária entre 20 a 29 anos; 12 (32,4%) na faixa etária entre 30 a 39 anos; 05 (13,5%) na faixa etária entre 40 a 49 anos e 02 (5,4%) na faixa etária entre 50 a 59 anos. A maioria dos pacientes, 31 (83,8%), são naturais do estado do Amazonas, sendo 80,6% deles naturais da cidade de Manaus, capital do estado. 19,4% dos pacientes são originários de municípios do interior do estado como Parintins, Coari, Ipixuna, Santo Antônio do Iça e Itapiranga. Houve ainda 05 pacientes naturais do estado do Pará e 01 paciente natural do estado de Rondônia. Quanto a contagem de linfócitos T CD4+ a média entre as PVHIV em tratamento para ILTB foi 559,1. O maior valor de linfócito T CD4+ encontrado foi 1174 células/mm3 e o menor valor foi 77 células/mm3. Houve ainda 28 pacientes (75,7%) que apresentaram valor de linfócitos T CD4 + superior a 350 células/mm3 e 09 (24,3%) que apresentaram valor menor que 350 células/mm3. Em relação ao esquema antirretroviral utilizado, 31 pacientes (83,8%) estavam emtratamento com o esquema lamivudina + tenofovir + dolutegravir; 05 (13,5%) utilizavam o esquema lamivudina + tenofovir + efavirenz e apenas 01 paciente (2,7%) utilizava o esquema lamivudina + tenofovir + raltegravir. O tempo de tratamento com isoniazida programado para todos os pacientes é de 09 meses ou um total de 270 doses. Da amostra analisada verificou-se que 15 usuários (40,5%) finalizaram o tratamento dentro do período avaliado e 01 (2,7%) abandonou o tratamento para ILTB. Havia ainda 21 usuários (56,8%) que encontravam-se em tratamento para ILTB durante o período avaliado. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo contribuiu para o conhecimento entre a infecção pelo HIV e osfatores epidemiológicos relacionados com a ILTB, encontrando associação entre a infecção, sexo masculino e número mais elevado de linfócito T CD4+. Também podemos avaliar a boa adesão da população estudada ao tratamento visto que apenas 01 dos pacientes estava em abandono, o que ressalta o controle e acompanhamento adequado dos casos pela equipe multiprofissional da unidade. Por outro lado,temos um número reduzido de pessoas em tratamento para ILTB o que sugere que a população atendida nesta unidade é composta prioritariamente por pessoas estáveis clinicamente com contagem de linfócitosT CD4+ superior a 350 células/mm3 ou a não realização do tratamento para ILTB em parcela da população que teria indicação deste tratamento. Sendo assim este trabalho evidencia questões importantes que é a importância do tratamento da infecção latente por tuberculose em pessoas vivendo com HIV/Aids, visto que esta é a principal causa de morbimortalidade nesta população. Faz-se necessário novos estudos a respeito da temática.