Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Utilização da telessaúde nos serviços de atenção primária à saúde durante a pandemia de Covid-19: uma revisão integrativa
Patricia Rodrigues Sanine, Sthefânia Carla Santos Almeida

Última alteração: 2022-01-04

Resumo


Apresentação: Cada vez mais as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) estão presentes na rotina dos serviços de saúde, corroborando com uma série de atividades, como na assistência individual ou coletiva, além de pesquisas. Com o amparo nas ações de prevenção, diagnóstico, tratamento, capacitação e qualificação profissional, a Telessaúde é defendida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma estratégia com enorme potencial de benefícios, principalmente, de aproximação, pois favorece a superação de limitações de acesso, contribuindo com o aumento da qualidade e prestação do serviço dentro da rede de atenção à saúde. A declaração de estado de pandemia devido à grande transmissibilidade da doença do novo coronavírus e as medidas para seu enfrentamento, em especial às recomendações de maior distanciamento social como recurso para reduzir a disseminação do vírus, fez com que as TIC ganhassem maior relevância, inclusive pelas organizações internacionais, como a ONU, que passaram não somente à utilizá-la em suas rotinas, mas em se preocuparem em definir seus critérios de utilização para que seus benefícios pudessem ser potencializados, enquanto seus riscos e falhas na utilização fossem minimizando. O próprio Sistema Único de Saúde (SUS) já possuía um manual de Telessaúde específico para a atuação nos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS), pautado no panorama das ações ofertadas pelos serviços e buscando maior autonomia dos profissionais para a resolução de problemas, assim como incluía nas três avaliações realizadas nos serviços de APS pelo Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), em 2012, 2013 e 2018, o quanto as equipes utilizavam de tais tecnologias. Assim, o presente trabalho objetivou identificar como a tecnologia de Telessaúde usada em serviços de atenção primária durante a Pandemia é abordada na literatura. Desenvolvimento do trabalho: Realizou-se revisão da literatura, do tipo integrativa. Utilizou como base para as buscas, os principais repositórios de publicações nacionais, mas também, internacionais: National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A busca foi efetuada no mês de agosto de 2021 e respeitou todas as etapas metodológicas propostas por Botelho e colaboradores: 1) formulação da questão da pesquisa; 2) definição dos critérios e busca na literatura; 3) coleta dos dados; 4) análise crítica dos estudos incluídos e suas categorizações; 5) discussão dos resultados; e 6) apresentação da revisão integrativa. A partir da pergunta de como a literatura vem abordando a utilização das tecnologias de Telessaúde utilizadas pelos profissionais de saúde nos serviços de atenção primária durante a Pandemia, definiu-se os descritores por meio da adaptação da recomendação PRISMA (Principais Itens para Relatar Revisões sistemáticas e Meta-análises). A estratégia de busca foi construída a partir desses descritores combinados com seus respectivos Medical Subject Headings (MESH): “telemedicine”; “Telemonitoring”; “primary health care”; “brazil”; “covid-19”. Buscando maior ampliação da busca, não se definiu período e idioma das publicações e nenhum filtro foi utilizado. Como critério de exclusão considerou-se não se referir a utilização em serviços de atenção primária à saúde (APS), não abordar nenhum tipo de TIC relacionada à telessaúde e não se referir a utilização durante o período da Pandemia. Todas as duplicações foram excluídas. Os resultados foram transpostos e organizados em uma planilha construída no software Excel, cujo arquivo permitiu sistematizar as seguintes informações: Autor; Ano da publicação; Título do artigo; País do estudo; Idioma; Objetivo do estudo; Tecnologia de Telessaúde utilizada na APS durante o período da Pandemia. Resultados e/ou impactos: A estratégia de busca permitiu identificar 37 publicações, sendo 13 não elegíveis (duplicação n=8; não abordava APS n=2; não abordava Telessaúde n=3). Como o esperado, todos foram publicados entre 2020 e 2021 e dos 24 estudos que permaneceram para análise, a maioria deles foram publicados no idioma português (n=14), seguido do inglês (n=07) e espanhol (n=3). Constatou-se uma grande indução pela Pandemia da Covid-19 no rápido aumento da utilização dos recursos das TIC, especialmente no campo da Telessaúde. Diferentes tecnologias foram relatadas como tendo sido incorporadas nesse período, além de grande diversidade na utilização, que foram desde atividades voltadas para às pessoas portadoras de diabetes, inclusive em relação à realização de rastreamento da retinopatia diabética, realização de grupos e atividades para prevenção do surgimento e controle dos quadros de sofrimentos relacionados à saúde mental, acompanhamento materno e infantil, triagem da saúde bucal, adaptação dos atendimentos fonoaudiológicos, entre várias outras, como as já tradicionais atividades de capacitação e educação permanente. Também se constatou diversidade terminológica, como por exemplo, a utilização dos termos teleintervenção, assistência remota, teleatendimento, teleorientação, teleconsulta, telemonitoramento, telerregulação, telediagnóstico, teleconsultoria, telessaúde, telemedicina e alguns mais específicos para as especialidades de atendimento, como por exemplo, teledermatologia, telepsiquiatria, telefonoaudiologia, teleodontologia, entre outros. Apesar de todos referirem-se à tecnologia de Telessaúde, não há um consenso sobre a utilização dos termos, sendo que muitas vezes, esses termos são apresentados como sinônimos, como no caso dos termos teleconsulta, teleatendimento, teleintervenção e assistência remota. Essa variedade de terminologia provoca confusão entre os profissionais de saúde, o que pode muitas vezes criar uma barreira para sua utilização. Dessa, forma, pode-se contatar entre os resultados, a necessidade de uma melhor padronização dos termos para que os estudos possam ter melhor comparabilidade dos resultados. Especialmente considerando a heterogeneidade sociocultural de um país de dimensões continentais, como é o caso do Brasil, uma outra questão evidenciada que pode sinalizar uma limitação na sua utilização refere-se as diferenças na sua utilização conforme a renda da população. No entanto, os estudos mostraram uma boa utilização da TIC em telessaúde, especialmente, em relação aos atributos essenciais para a APS, como na longitudinalidade do cuidado e na prevenção de agravos, demonstrando que pode ser um recurso associado às estratégias tradicionalmente utilizadas nos serviços de APS. Considerações finais: Evidenciou-se expansão da utilização das TIC, porém, destacou-se a necessidade de investimentos para que as atividades de Telessaúde consigam ser incorporada nas diferentes realidades brasileiras, além de maior qualificação dos profissionais, o que traz muita ajuda aos profissionais de saúde e usuários dos serviços, como a manutenção do acompanhamento dos segmentos programáticos e redução nos quadros de sofrimentos relacionados à saúde mental.