Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL NO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE KUBITSCHEK, MINAS GERAIS
Hiago Daniel Herédia Luz, Eduardo Augusto Barbosa Figueiredo, Meire Borges Farnezi Fernandes, Ana Beatriz Paixão de Queiroz, Camila Gabriela Gonzalez, Débora Fernandes de Melo Vitorino, Ana Luiza Trindade Coelho, Márcio Alvez Marçal

Última alteração: 2022-04-26

Resumo


Apresentação: Trata-se de um relato de experiência e descrição das metodologias utilizadas durante a realização do Planejamento Estratégico Situacional(PES) no município de Presidente Kubitschek, Minas Gerais, no período de junho a novembro de 2021. Desenvolvimento do trabalho: O PES foi proposto pelo economista chileno Carlos Matus, divide-se em quatro etapas ou “momentos”, sendo elas: etapa explicativa - identificação, descrição e análise dos problemas; etapa normativa - elaboração de um plano de ação(o que fazer?); etapa estratégica - análise de viabilidade; e, etapa tático-operacional - execução e avaliação das ações. Para a execução de cada momento foram utilizadas metodologias distintas de planejamento. No momento explicativo, foram utilizadas a metodologia de levantamento de problemas pelas tarjetas e a metodologia de construção das árvores de causa e efeito. A metodologia das tarjetas é uma metodologia com índice de dificuldade moderado de execução e direcionada para realização em grupo, introduzindo a gestão participativa. Os participantes foram colocados em semicírculo e o coordenador explicou a metodologia completa para eles. Depois disso, foram distribuídas tarjetas e canetas para cada participantes ( uma média de 8 tarjetas) e o espaço à frente do grupo, tela de projeção no caso de Presidente Kubitschek, foi dividido de acordo com cada perspectiva. No caso deste estudo, que foi conduzido tendo por objeto de estudo um serviço de saúde de maneira ampla, foram escolhidas seis perspectivas: infraestrutura, trabalhador, usuário, processos de trabalho, trabalho em rede e gerenciamento. Foi solicitado que os participantes escrevessem um (1) problema em cada tarjeta, o mais claro e objetivo possível e com letras grandes. Além disso, foi orientado que não era preciso se identificar e que seria respeitado o direito de sigilo. Foi orientado também, sobre a importância de colocarem os problemas reais pois, caso contrário, o planejamento seria incompleto. Após 15 minutos, as tarjetas foram recolhidas e iniciou-se a leitura dos problemas levantados. A cada problema apontado, as tarjetas foram fixadas no espaço à frente dos participantes, conforme o grupo de perspectiva que pertenciam. Para os problemas que surgiram iguais, o coordenador perguntou aos participantes se poderia rasgá-los. Caso o problema estivesse confuso, o coordenador perguntou se quem escreveu queria se identificar para explicar a questão.Depois de entregues as tiras de papel, os problemas foram colocados dentro de uma urna lacrada para garantir o sigilo de todos os participantes. Depois disso, a urna foi aberta e realizada a leitura de cada tira papel contendo os problemas e esses foram categorizados nas perspectivas previamente escolhidas, sendo que os problemas repetidos foram rasgados na frente de todos os participantes depois de autorização em plenária. Em sequência aconteceu a segunda metodologia, construção da árvores de causa e efeito, onde foram separados os principais problemas de cada perspectiva e construídas as árvores. Essas árvores foram impressas em papel A3 ou A4 e o problema principal foi colocado no tronco, o espaço das raízes foi destinado para as causas desse problema principal e a copa da árvore foi destinada para as consequências que esse problema gera. Esta parte da metodologia foi realizada em grupo, e cada grupo ficou responsável por construir as árvores de uma ou duas perspectivas, o número de perspectivas por grupo dependeu da quantidade de grupos formados. Já para o momento normativo, foram construídas as planilhas operacionais, onde foram definidas as atividades, cronograma de execução, responsáveis pelas ações, recursos necessários e fontes de custeio. Resultados e/ou impactos: As reuniões de planejamento da etapa normativa aconteceram em três dias seguidos e contaram, respectivamente,  com a participação de 31, 30 e 28 profissionais, entre gestores, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, internos de medicina, residentes de fisioterapia, auxiliares de serviços gerais e agentes comunitários de saúde. Foram levantados 163 problemas e construídas 14 árvores de causa e efeito. Durante a execução das metodologias dessa fase do planejamento, observou-se ampla participação dos profissionais e muita voracidade para se discutir os problemas levantados através da metodologia das tarjetas. A construção das árvores foram executadas em grupo e depois de construídas, essas árvores foram discutidas em plenária e nas discussões cada grupo apresentou sua análise dos problemas que ficaram responsáveis, ainda nessas discussões foram levantadas possíveis soluções para cada problema apresentado. Já as reuniões referentes à construção das planilhas operacionais aconteceram com representantes de cada setor e aconteceram semanalmente de agosto a novembro de 2021. Nessas reuniões foram discutidos de maneira sistematizada os problemas levantados na etapa anterior e quais seriam as atividades a serem desenvolvidas para solucionar os problemas discutidos. Ainda, foram incluídos problemas que não foram levantados na fase normativa, mas que foram identificados pelo grupo que estava elaborando as planilhas operacionais. Pelo fato do planejamento estratégico ser um processo contínuo e que os momentos se sobrepõem uns aos outros, durante o processo de construção das planilhas operacionais deu-se início à etapa tático-operacional. Como já dito, nas planilhas operacionais estabelecemos um prazo para a execução das ações. Para as demandas mais urgentes, os prazos definidos foram de no máximo 15 dias, e essas demandas foram encaminhadas, quando necessário, para os setores ou pessoas responsáveis. Cabe ressaltar que, as datas estipuladas no cronograma são revistas periodicamente, e quando há necessidade os prazos são restabelecidos. Considerações finais: O Planejamento Estratégico Situacional é uma metodologia de planejamento amplamente utilizada na saúde. Apesar disso, poucos estudos da literatura tem por objetivo apresentar um método para a execução de cada momento dessa metodologia. Com base nisso, este relato de experiência contribui como uma alternativa, principalmente, para se realizar o momento explicativo do PES. Observamos que é de extrema importância incluir todos os atores sociais envolvidos na rede de saúde no processo de planejamento, principalmente o usuário que é o centro dos cuidados em saúde. Além disso, para se garantir a efetividade das ações e que problemas reais sejam levantados no decorrer da metodologia, devemos propiciar um ambiente que inclua os participantes e permita o máximo de liberdade de expressão. Faz-se necessário o seguimento dos demais momentos do PES, para que aqueles problemas levantados passíveis de resolução, sejam solucionados. Sendo de extrema importância também, a inclusão de todos os atores sociais ao longo de todo o processo.